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Gravidez (Foto: Getty Images)

(Foto: Getty Images)

Os números são alarmantes: 48 milhões de casais no mundo sofrem com infertilidade, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). E as causas são infinitas. “Nas mulheres, a principal é a idade, pois, devido ao processo de envelhecimento, há uma diminuição natural da quantidade dos óvulos. Já nos homens, está relacionada principalmente a condições como varicocele, que é o alargamento das veias dos testículos; infecções urogenitais; e hipogonadismo, ou seja, quando os testículos não produzem quantidades adequadas de testosterona, principal hormônio sexual masculino”, afirma o Dr. Rodrigo da Rosa Filho, ginecologista obstetra especialista em reprodução humana e membro da Sociedade Brasileira de Reprodução Humana (SBRH).

Porém, esses não são os únicos fatores que causam infertilidade. Alguns hábitos que fazem parte da rotina de muitas pessoas também podem interferir nas chances de gravidez de um casal. 

Confira oito delas:

TABAGISMO

O cigarro é um dos principais inimigos da fertilidade. Os componentes tóxicos presentes no produto, como a nicotina e o alcatrão, pioram severamente a qualidade reprodutiva. “Nas mulheres, o tabagismo é capaz de favorecer a deterioração dos óvulos, envelhecendo-os em até dez anos e acelerando o início da menopausa, o que é especialmente prejudicial hoje em dia, quando as mulheres estão querendo engravidar cada vez mais tarde. Já nos homens o hábito de fumar diminui a quantidade de espermatozoides e fragmenta o DNA do esperma, reduzindo a capacidade de fecundação, além de também contribuir para a perda do apetite sexual e a disfunção erétil”, alerta o especialista.

CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS

Segundo o Dr. Rodrigo, assim como o cigarro, a ingestão excessiva de álcool também pode interferir na fertilidade, causando, nos homens, a diminuição dos níveis de testosterona com consequente redução na produção e quantidade de esperma, podendo levar também à disfunção erétil. “Já nas mulheres, os efeitos do álcool sobre a fertilidade são pouco esclarecidos, mas sabe-se que, além de reduzir as chances de gravidez, a substância pode permanecer por um certo período no organismo após o consumo e causar problemas durante a gestação, como má-formação do feto e síndrome de abstinência no recém-nascido”, completa.

ALIMENTAÇÃO DESEQUILIBRADA

“A falta de vitaminas e minerais, provenientes principalmente de frutas, vegetais e legumes, comprometem o bom funcionamento do organismo e a fertilidade. Mas, para os casais que desejam engravidar, existem alimentos que auxiliam na produção de hormônios envolvidos na fertilidade, como peixes, ovos e sementes, já que, por serem ricos em nutrientes como ômega-3 e selênio, contam com ácidos graxos responsáveis pelo funcionamento adequado dos órgãos reprodutores”, explica o médico.

ESTRESSE

 “Altos níveis de estresse podem tornar as chances de um casal engravidar menores. Isso porque a condição causa processos fisiológicos que podem interferir na produção de hormônios reprodutivos importantes, além de, no homem, favorecer o surgimento de proteínas inflamatórias que prejudicam a qualidade do esperma", afirma o médico.

MEDICAMENTOS

Certas drogas, como antidepressivos, podem causar o desequilíbrio dos níveis hormonais, levando a diminuição da fertilidade, o que geralmente é resolvido simplesmente pela suspensão do uso do remédio. “Porém, em alguns casos, o dano pode ser irreversível, como em pacientes que passaram por quimio e radioterapia, já que algumas substâncias utilizadas nesses tratamentos podem causar a perda da função das gônadas, como os ovários e os testículos, o que causa infertilidade, que pode ser permanente ou temporária”, diz o médico.

PESO

Além de favorecer o surgimento de doenças como diabetes e hipertensão, que podem causar problemas durante a gestação, a obesidade também possui influência direta sobre a fertilidade. “Nos homens, o excesso de gordura corporal prejudica a produção de testosterona, o que além de reduzir o apetite sexual e causar dificuldades de ereção, também interfere na qualidade e quantidade de espermas. No geral, quanto maior o sobrepeso, menor é a qualidade, concentração e mobilidade do esperma”, ressalta o especialista. “Já nas mulheres, o peso inadequado também interfere na produção dos hormônios sexuais femininos, principalmente o estrogênio, o que atrapalha o processo de ovulação. E, nesse caso, não se trata apenas da obesidade, já que mulheres excessivamente magras, como quem sofre de anorexia, também têm menor chance de engravidar, além de possuírem um risco maior de entrar na menopausa precocemente.”

FALTA DE SONO

“O sono é fundamental para o bom funcionamento da hipófise, glândula presente no cérebro que é responsável pela produção de uma série de hormônios, inclusive daqueles responsáveis pela estimulação dos ovários e dos testículos. Logo, quando o período de repouso é curto ou de pouca qualidade, essa glândula não funciona da maneira como deveria, o que interfere na fertilidade.”

EXERCÍCIOS FÍSICOS INTENSOS

O excesso de atividade física prejudica o funcionamento da hipófise e os níveis dos hormônios envolvidos na fertilidade. “Além disso, muitas pessoas que realizam exercícios intensivos fazem uso de medicamentos que simulam os efeitos da testosterona como forma de acelerar o ganho de massa muscular, o que pode causar impotência e perda de apetite sexual nos homens e desequilíbrios hormonais e dificuldade no crescimento do endométrio em mulheres, reduzindo as chances de gravidez e aumentando os riscos de aborto”, destaca o médico.

DICA EXTRA

Por fim, basta lembrar que manter um estilo de vida saudável, adotando uma alimentação balanceada, dormindo bem e praticando exercícios físicos com regularidade, é a melhor maneira de manter o bom funcionamento do organismo e assim melhorar a fertilidade e as chances de gravidez. “No entanto, caso o casal perceba que está tendo problemas para engravidar, é importante que ambos consultem um médico especializado, já que apenas ele poderá realizar uma avaliação e identificar a real causa do problema, recomendando o tratamento adequado ou, quando a causa da infertilidade não pode ser revertida, métodos de reprodução assistida”, finaliza o Dr. Rodrigo da Rosa Filho.