• Nathalia Fuzaro
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Alimentação (Foto: Alique)

Alimentação (Foto: Alique)

Imunidade é uma palavra que me acompanha de perto há meses, desde que senti na pele o que acontece quando ela está em baixa e aprendi a observá-la, a valorizá-la. Explico: em agosto passado, embarquei rumo a Maceió para realizar um sonho e completar um Ironman 70.3, prova de triathlon que consiste em nadar 1.800 metros, pedalar 90Km e correr 21Km. Treinei mais de um ano para isso, investi um sem fim de recursos – dinheiro, energia e tudo mais que um desafio desse requer –, cheguei lá e... tive uma intoxicação alimentar seríssima. Para resumir bem, passei a madrugada anterior em claro no banheiro, larguei sem comer nada – com a esperança de que fosse “nervoso” –, quase caí da bicicleta e, depois de duas horas fazendo força (há sete passando mal), abandonei a competição no meio. Fui resgatada de ambulância tremendo na estrada junto à minha bicicleta, tratada com um coquetel de remédios e passei o resto do dia dormindo. Enfim, não era nervoso, a intoxicação durou dez dias e perdi 3Kgs de massa magra. Músculos que passei meses treinando para construir.

De volta a São Paulo e decidida a cruzar aquela linha de chegada em outra prova pouco mais de um mês depois, confiei à minha nutricionista Elizabeth Moraes uma difícil missão: juntar os cacos e me deixar firme e forte. Isso, claro, em tempo recorde, pois eu tinha que voltar ao ciclo de treinamento pesado simultaneamente também. “O trato gastrointestinal é uma das nossas principais barreiras imunológicas, então mantê-lo íntegro é fundamental para diminuir a permeabilidade intestinal, ou seja, evitar com que corpos estranhos cheguem ao sangue, comprometendo e exacerbando a função imunológica”, explica Elizabeth, pós-graduada em Nutrição Clínica e Esportiva.

Entendido! Sem titubear, comecei a seguir o novo cardápio faltando exatamente um mês para o dia D. Não cabe aqui compartilhar a receita completa porque cada organismo reage de um jeito, cada pessoa tem um objetivo, e é necessário acompanhamento profissional para fazer uma mudança radical na sua alimentação, dentre outros fatores. Mas seguem alguns detalhes úteis: 1) praticamente em todas as refeições ingeri algo com ação direta na imunidade; 2) caprichamos no consumo de frutas cítricas e legumes ; 3) cortamos carne vermelha.

Os dias começavam com uma cápsula de própolis verde (bem difícil de achar, por sinal, usei o da Pura Vida), seguiam com shot de cúrcuma, shake de Imunno Whey (um whey protein enriquecido da Essential Nutrition), uma cápsula de coenzima Q10, outra de Centrum Woman e duas de ômega 3, tudo distribuído entre pré-treino, café da manhã, lanche, almoço, lanche da tarde e jantar. “Quando monto um cardápio pensando em imunidade, tenho que considerar tanto o reforço da barreira do trato gastrointestinal – que pode ser feito com o uso de prebióticos, probióticos, ômega 3 e glutamina, tudo bem periodizado – quanto a formação das células imunológicas – auxiliada por nutrientes como as vitaminas A, C, D, E e minerais como zinco e selênio”, explica a nutricionista.

Fish oil capsules with omega 3 and vitamin D on spoon wood with wooden background, healthy diet concept. (Foto: Getty Images)

Cápsulas de ômega 3, coenzima Q10 e própolis verde estavam entre os suplementos receitados (Foto: Getty Images)


Mas de nada adianta gerar todo esse suporte se o organismo estiver lidando com inflamações constantes. E por inflamação não entenda somente algo grave e digno de hospital, pode ser simplesmente um desconforto gástrico. “As inflamações normalmente são causadas pela mastigação ruim, comer muitos corantes, conservantes, acidulantes, açúcar refinado e proteínas de difícil digestão”, esclarece Elizabeth. Por isso, ela restringiu tudo o que ficasse muito tempo para ser digerido no meu trato intestinal, como a carne vermelha, diminuindo também riscos de contaminação (já que geralmente é uma proteína mais manipulada), e turbinou o contra-ataque. “A cúrcuma, o própolis e a coenzima Q10 são alimentos com teor antiinflamatório e antionxidante altos. Essa última, aliás, ainda melhora a geração de energia lá na mitocôndria e a reparação muscular dos danos que aconteceram durante o treino.”

Com a perda de peso, eu me sentia fraca e frágil. Aos poucos, conforme o corpo se adaptava aos novos estímulos do protocolo nutricional de imunidade, fui percebendo o ganho de energia, mais disposição para treinar e realizar as tarefas rotineiras, uma recuperação muscular melhor à noite... Resultado: um mês depois me senti blindada, uma verdadeira fortaleza, e cruzei a linha de chegada do meu sonhado meio Ironman depois de mais de seis horas nadando, pedalando e correndo debaixo de chuva. Desde então, nunca mais fiquei doente – mesmo após o grande desgaste para o corpo que foi essa prova. E continuo apostando na alimentação de qualidade como forma de prevenção, ainda mais em tempos de coronavírus.

dieta da imunidade (Foto: Arquivo pessoal)

A jornalista Nathalia Fuzaro após completar a prova de triathlon e seguir o protocolo nutricional de imunidade por um mês (Foto: Arquivo pessoal)