• Ana Laura Magalhães (@explicaana)
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 (Foto: Getty Images)

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Na semana do Dia Internacional da Mulher, muitas comemorações podem ser feitas, principalmente pela data do dia 08 de março ser um símbolo político. Por questões de gênero, a mulher foi mantida em situação de inferioridade ao homem por muitos anos e essa situação ainda perdura em algumas esferas. Analisando cronologicamente o papel da mulher na sociedade, a entrada de meninas na escola foi autorizada apenas no ano de 1827, e o direito de cursar faculdade apenas 52 anos depois.

O primeiro partido político feminino foi fundado em 1910, mas o direito de voto apenas 22 anos depois. Somente em 1962 é que foi dada às mulheres o direito de trabalhar sem o consentimento dos maridos, à receber heranças, e à guarda dos filhos.

Em 1974 foi dada às mulheres a conquista de terem cartão de crédito e em 1977 o direito ao divórcio. Mesmo sendo no século passado estas conquistas são muito recentes. Apenas na constituição de 1988 é que nós fomos reconhecidas perante à lei como iguais aos homens. São 33 anos de “liberdade” que ainda não resultou na independência financeira feminina em escala, e eu vou te explicar porquê.

A equidade de gênero no mundo é tão distante que chega a ser um dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, conhecido como o ODS5. No ritmo atual chegaríamos em um equilíbrio em 257 anos. Em escala global, a mulher vive inserida em uma sociedade patriarcal onde quem tem mais direitos e benefícios são os homens. Em pleno 2021, e de acordo com o IBGE, o salário das mulheres brasileiras, ao exercerem a mesma função que um homem, chega a ser menor em 77%.

Quando falamos de mulheres negras em comparação com homens brancos, essa diferença é ainda maior. Ademais, uma pesquisa do PNAD constatou que ao comparar a quantidade de horas dedicada ao trabalho doméstico, a média de horas trabalhadas em casa por mulheres chega a ser de 10 horas a mais que os homens. Sem mencionar o trabalho não remunerado do cuidado, que é ser mãe e não receber salário por isso. Será que sobra tempo, dinheiro ou psicológico para investir?

A situação não é das melhores, mas estamos em evolução. Se olharmos através da ótica ESG que ganha cada vez mais notoriedade no Brasil, assuntos como diversidade, estão se tornando mais importantes. ESG é a sigla em inglês para meio ambiente, social e governança, três assuntos em destaque no mundo. É preciso ter mulheres no setor privado e em cargos de liderança, é preciso ter mulheres em cargos públicos e notórios, é preciso incentivar o empreendedorismo feminino e diminuir os caminhos para grandes oportunidades.

No Brasil, somos 51,1% da população, mas minoria em várias profissões. Se não recebemos bons salários e ainda precisamos nos preocupar com atividades domésticas, como dar o primeiro passo à liberdade financeira?

Liberdade financeira é um assunto sério, pois é através dela que várias mulheres conseguem sair de uma situação de dependência. Deixar o dinheiro próprio sob custódia do pai, do irmão, do marido, ou do filho por julgar que “é melhor que eles façam isso” não pode ser comum. Aliás, deve ser cada vez mais incomum. Temos toda a força e potencial de tomar as rédeas das nossas vidas financeiras.

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A prova de que estamos evoluindo nesta esfera é que estamos crescendo em número de investidoras. De acordo com a B3 a quantidade de CPFs cadastrados na bolsa em março de 2021 é de 3,4 milhões, sendo aproximadamente 26% de mulheres. No tesouro direto são 9,6 milhões de CPFs sendo 32% de mulheres.

Estes dados mostram uma característica interessante. O tesouro é considerado um investimento mais seguro que a bolsa, e o maior número de investidoras neste tipo de alocação deixa claro o perfil feminino de maior cautela. Alguns estudos comprovam, que é isso, inclusive, a cautela, que em 30 anos pode fazer com que as mulheres cheguem a ter rentabilidade 25% melhor que os homens. Essa diferença enorme foi constatada pela Hargreaves Lansdown em um estudo no Reino Unido.

Este estudo constatou que as mulheres buscam por ter conhecimento antes de tomar qualquer decisão, tem maior aversão ao risco, entende a segurança que o dinheiro traz, negociam com menor frequência e têm mais visão de retornos no longo prazo. Com estes pontos colocados, o estudo mostrou que em três anos a diferença de retorno dos portfólios por gênero é de 0,81% mas em juros compostos e em 30 anos, essa diferença fica cada vez maior.

Somos muito capazes de fazer a diferença, e se a sua insegurança for ocasionada por falta de conhecimento, eu estou aqui quinzenalmente para ajudá-la , ou diariamente nos canais @explicaana. Conte comigo, e vamos juntas!