• Paola Troian (@_greenga)
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Paola Troian (Greenga) (Foto: Emanuel Denaui)

Paola Troian (Greenga) (Foto: Emanuel Denaui)

Não sei como tem sido para vocês, mas desde que começou esse processo muito louco de pandemia e isolamento social, a minha relação com as redes sociais não é mais a mesma. Definitivamente. Além da infoxicação - seja ela necessária ou não - a qualidade do conteúdo que a gente costumava consumir ganhou novas prioridades. Eu - pessoalmente - fiquei mais crítica. Bem mais exigente. E muitos daqueles arrobas que antes me influenciavam hoje me parecem forçados e sem muito sentido. Resultado? Unfollow.

Basta observarmos a famosinha onda do cancelamento para entendermos que este é um processo coletivo e sistêmico de mudança de comportamento. Sem entrar no mérito da eficácia, formato ou validade da ação, o cancelamento deixou claríssimo que não dá mais para tolerar a falta de coerência, de bom senso ou de responsabilidade por parte daqueles que têm/tinham o poder de influência sobre as nossas vidas. Furou a quarentena? Cancelado. Bodyshaming? Cancelado. Transfobia? Racismo? Machismo? Can - ce - la - dos.

E eu digo “tinham o poder sobre as nossas vidas”, porque, inclusive, as marcas que costumam investir nesse tipo de persona com milhões de seguidores já acenderam um super alerta vermelho. Números não querem dizer mais nada. Seguidores e curtidas são comprados facilmente, ferramentas automatizadas e bots também. Agora, se liguem nesses dois pilares que sustentam essa reflexão: 1. É esperado um prejuizo de pelo menos US $ 1,3 bilhão aos anunciantes que contratam celebridades/influenciadores, segundo um relatório da Cheq, só em 2020. 2. Um estudo recente da Stackla descobriu que as pessoas têm 9,8 vezes mais probabilidade de fazer uma compra depois de ver a postagem social de um colega, em oposição à de um influenciador de mídia social tradicional.

Ah, pois é, amiguinhos. Chegamos no ponto crucial que define bem o futuro da "influência": não adianta mais vender algo que não se é. 2020 chegou arrancando as peneiras do sol e as máscaras sociais. É tempo de reavaliar tudo e se reposicionar. Seja você influenciador, consumidor de conteúdo ou investidor de marketing social. Então vamos parar com a mania-de-rainha-dos-baixinhos-vendendo-creme-corporal-de-qualidade-duvidosa-nos-anos-90 e refletir sobre esses 3 pontos abaixo.

1.Que tipo de influência o mundo precisa? E como você se encaixa nesse cenário?

Vamos ser honestos. Precisamos de mais um kit-ostentação ou de pessoas autênticas que criam conteúdos que - além de você se identificar - geram impacto positivo para a sua vida e para o mundo? Melhor trocar o sentimento de inveja daquela vida perfeita que "nón ecxiste", por discursos de acolhimento e aceitação. Estamos de acordo? Por isso, sugiro focar em pessoas/marcas/conteúdos que te tirem da zona de conforto e tragam informações que expandam o seus horizontes. A melhor influência é aquela foca em educação e legado. Para você que segue grandes perfis: tenho aconselhado fazer uma "limpa". Veja quem você segue e reflita sobre o sentimento que fica após cada postagem e que tipo de conhecimento/conteúdo te entrega. Geralmente, os perfis relevantes e que devem permanecer, são aqueles que você mais interage, compartilha com a sua rede e tem o fator "uau!!!". Para você que produz conteúdo: vida real não faz feed perfeito. Particularmente, acho que vale mais uma postagem simples e honesta, do que mil filtros, horas de estudo de público e toneladas de insegurança. Lembre-se: quando você tenta agradar todo mundo, você não agrada ninguém. Então, use seus recursos (tempo/dinheiro) para criar conteúdos que resolvam questionamentos da sua vida cotidiana ou que te inspirem naturalmente.

2.O que te faz ser único?  Vale tudo. Principalmente o que você considera defeito.

Sim. Autenticidade é o novo empoderamento e absolutamente todos os especialistas de mídias que eu conheço afirmam - categoricamente - que esse é o grande segredo para ganhar relevância/sucesso nas redes. Eu não tenho dúvidas de que o papo é chato e pode trazer muita insegurança. Afinal, estamos enraizados na cultura da autodepreciação-bem-humorada para camuflar nossa culpa em valorizar saudavelmente o ego. Então, ao invés de um papo chato, eu mando um papo reto: não existe fórmula mágica para criar um conteúdo que seja só seu. Primeiro, porque tudo o que somos são meros reflexos do que absorvemos no nosso dia-dia. Sejam relações de trabalho, familiares/amigos, referências do Pinterest, músicas e mais mil etcéteras. Se eu posso dar uma diquinha que seja esse empurrão: jamais copie. Você não é clone de ninguém para assumir uma persona que não é sua. A gente só precisa de uma boa dose de autoconhecimento, auto análise e aceitação. Não é fácil, mas totalmente possível e recompensador. Seja transparente com as suas limitações, traumas, interesses, paixões e assuma de uma vez por todas que você é um universo interno a ser desbravado. Sem medo. Sem limites. Sem filtros. Conecte-se consigo mesmo e mostre tudo isso pro mundo. Não tem erro. Afinal, influência é consequência e não causa.

3.Tenha uma rede, não seguidores.

Ai, ai, ai! Seus seguimores são seus amigos e não degraus para atingir seus objetivos. Por isso, gaste mais tempo interagindo e criando vínculos, do que programando conteúdo. É o famoso: valorize quem te valoriza. Tenha você 300 ou 1 milhão de seguidores. É assim que você conecta as pessoas e entende o que a sua galera acha relevante. Você inspira eles e eles inspiram os seus próximos conteúdos. Nada mais orgânico/satisfatório do que entregar exatamente o que é desejado. Segue o fluxo, anjo meu.

Quanta coisa para refletir, né? Tentei acalmar os corações aflitos e cheios de energia com um pouquinho de ode ao amor-próprio e a sensação de pertencimento. Tentem colocar essas dicas em prática e me contem como está sendo o processo. Combinado?