• Camila Yunes (@kuraarte)
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Projeto do artista Thomaz Rosa, que inaugura o Four Flags São Paulo. (Foto: Divulgação)

Projeto do artista Thomaz Rosa, que inaugura o Four Flags São Paulo (Foto: Divulgação)

No contexto atual, diversos espaços de arte emergiram ou se modificaram para se adaptar às novas condições de isolamento. Uns apostaram em medidas virtuais, outros em medidas públicas, todos na esperança de continuar a movimentar a produção e o mercado de arte.

Agora, mais do que nunca, artistas, galeristas e instituições procuram se unir, um movimento que considero essencial não apenas nesse momento, mas sempre. É preciso parar de colocar os agentes do mercado de arte como competidores, pois na verdade somos parceiros - a arte envolve um enorme sistema que depende de todos para acontecer. Vejo empatia e solidariedade, acho isso lindo e verdadeiro. Estes projetos para ajudar artistas são de extremo significado, já que não podemos parar a criação, a produção é necessária.


Os quatro projetos selecionados buscam novas formas de viabilização e circulação de arte, focada no elo entre artistas. Four Flags faz uso da fachada da galeria Jaqueline Martins para expor publicamente trabalhos de artistas convidados. Com o espaço fechado, o projeto usa o ambiente público como expografia, incentivando a visitação segura e democrática em tempos de isolamento.

Já o Solar dos Abacaxis lança a iniciativa online “Para nossos vizinhos de sonhos”, que incentiva a colaboração financeira através de doações para os artistas participantes. O projeto propõe a temática “Quais são as imagens que o mundo precisa agora?”, para que os artistas comentem e desenvolvam trabalhos em coerência com o cenário atual.

A 55SP parte de uma cooperativa de artistas para criar o projeto Quarantine, que consiste em uma edição de trabalhos, produzidos em diversos suportes e viabilizados de forma digital, que serão vendidos com o mesmo valor e o lucro será repartido igualmente. Há, também, uma cota extra a ser doada para o fundo emergencial de apoio às pessoas trans afetadas pelo Covid-19 e assistidas pela Casa Chama, uma organização civil de ações socioculturais com foco em artistas transvestigêneres.

Iniciativas que nasceram antes da pandemia também merecem atenção por sua contemporaneidade e adaptabilidade ao contexto atual, é o caso da aarea, uma plataforma online de exibição de trabalhos desenvolvidos para a internet. Com formato inovador, o projeto reflete sobre as novas formas de exposições artísticas individuais, ausentes de espaço físico.

Além dessas, outras iniciativas continuam a surgir nesse momento de interações virtuais, é importante que fiquemos atentos para acompanhar e, sempre que possível, apoiar os projetos que nos identificamos e acreditamos. Não podemos nos esquecer que estamos em uma eterna construção coletiva, tempos difíceis trazem grandes mudanças, continuamos unidos.

Four Flags (Foto: Reprodução )

Four Flags (Foto: Reprodução )

Four Flags
O Four Flags é um projeto da Galeria Jaqueline Martins que convida diversos artistas para produzirem bandeiras para expor na fachada da galeria. Iniciando com o artista Thomaz Rosa, as próximas edições contam com nomes como Ana Mazzei, Pedro França e Cibelle Cavalli Bastos. Com início em Amsterdam, o projeto foi idealizado pelos curadores Julia Mullié e Nick Terra, que buscam gerar uma receita para os artistas, bem como repensar a maneira como projetos culturais ocupam espaços institucionais.
https://galeriajaquelinemartins.com.br/exposicoes-atuais

Edgar Calel - terceiro artista a participar do projeto #paranossosvizinhosdesonhos   (Foto: Reprodução/ Instagram)

Edgar Calel - terceiro artista a participar do projeto #paranossosvizinhosdesonhos (Foto: Reprodução/ Instagram)

Para nossos vizinhos de sonhos
O espaço de arte Solar dos Abacaxis promove a iniciativa “Para nossos vizinhos de sonhos”, primeira ação do Fundo Colaborativo Emergencial para Artistas e Criadorxs, que consiste no convite a oito artistas para elaborarem prefigurações de um mundo melhor. A iniciativa conta com micro prêmios pelas colaborações – uma forma de continuar colaborando com o sustento dos artistas, mesmo com as atividades da sede momentaneamente interrompidas. Cada artista participante da iniciativa pode convidar um outro, fundando assim um fluxo de cuidado e uma corrente de elaborações poéticas que desdobram mundos possíveis.
https://www.instagram.com/solardosabacaxis/

Entre mundos (Foto: Reprodução )

Quarantine (Foto: Reprodução )

Quarantine
O projeto Quarantine surge da atenta reflexão sobre os grandes desafios que o mundo enfrenta devido à pandemia de Covid-19 e, mais especificamente, do seu impacto no campo das artes visuais. Diante desta realidade de suspensão das certezas e do cotidiano, o projeto propõe um experimento coletivo de re-imaginação de modelo econômico para as artes. Trata-se de uma espécie de cooperativa de artistas do Brasil, em que todos os trabalhos têm o mesmo preço e o que for vendido tem seu valor repartido igualmente entre os participantes. Uma cota extra foi criada para ser doada para o fundo emergencial de apoio às pessoas trans afetadas pelo Covid-19 e assistidas pela Casa Chama, uma organização civil de ações socioculturais com foco em artistas trans.

As obras foram realizadas em suportes (desenhos, gravuras digitais, arte sonora, vídeos, fotos, textos, instruções etc) que podem ser enviados digitalmente também em condições de quarentena. Em um segundo momento, pretendem fazer uma exposição online com as proposições desenvolvidas no projeto ao fim do período de distanciamento social e luta contra a pandemia no Brasil.

Participam do projeto:
Ana Dias Batista, Ana Lira, Arissana Pataxó (em breve), Armando Queiroz, Bruno Faria, Caetano Costa, Clarice Cunha, Cinthia Marcelle e Diran Castro, Clara Ianni (em breve), Daniel Lie, Debora Bolsoni, Denilson Baniwa, Fabiana Faleiros, Fabio Morais, Fabio Tremonte, Fernando Cardoso, Guto Lacaz, Jaime Lauriano, Janaina Wagner, João Loureiro, Lais Myrrha, Lenora de Barros, Lia Chaia, entre outros.
Coordenação: Lais Myrrha, Marilá Dardot, Cristiana Tejo e Julia Morelli
https://www.55sp.art/quarantine

“botão” - Jac Leirner (Foto: Reprodução )

“botão” - Jac Leirner (Foto: Reprodução )

aarea
A aarea é uma plataforma online que exibe obras de arte feitas para internet. Por meio de uma curadoria, artistas são convidados a desenvolverem um trabalho a ser veiculado no site, sendo exibido apenas durante um período de até um mês, após esse período o trabalho sai do ar e não temos mais acesso a ele. Com esse caráter efêmero, a trigésima edição conta com o trabalho de Jac Leirner.
https://www.aarea.co/jac_leirner/botao/

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Vogue Brasil