• Rosa Moraes
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Vinhos refrescam as altas temperaturas (Foto: Reprodução )

Vinhos refrescam as altas temperaturas (Foto: Reprodução )

Em tempos de isolamento social, ando à caça de boas notícias. Falei na minha última coluna sobre o resgate do cozinhar em casa e, de fato, desfilam nas timelines almoços e jantares preparados com esmero. É um ato essencial - o de se alimentar e alimentar o outro - que ganha novas roupagens e significados. Para acompanhar as receitas, comecei a notar também, quase via de regra, uma boa taça de vinho compondo a foto, como nas pinturas dos séculos passados, que imortalizaram a mesa de diferentes épocas e culturas. É então de vinho que vou falar hoje - e é dele que vêm as boas notícias. Como eu mesma não sou especialista no tema, apesar de fã confessa, convoquei um bate-papo online com duas grandes amigas, elas sim, experts de carteirinha: Suzana Barelli, jornalista e colunista de vinhos do caderno Paladar, do Estadão, e Gabriela Monteleone, sommelière e wine director do Grupo D.O.M.

Horário marcado no Zoom, as três mosqueteiras a postos e com seus fones de ouvido en garde, começou nosso mergulho na adega. Entre trocas de ideia sobre como a quarentena afetou o mercado e o que as pessoas têm bebido em casa, fiquei feliz de saber que a turma do vinho está dando as mãos e se reinventando. Gabi, que trabalha também com curadoria e educação, oferece agora um conteúdo precioso no perfil @notawinejournal. São degustações comentadas e workshops - tudo online, claro -, que ela vai anunciando nos stories, como forma de divulgar e partilhar os aspectos intelectuais da bebida. A Gabi também mantém o trabalho de curadoria vivo atendendo clientes virtualmente.

A partir de um primeiro contato por e-mail (anota aí: notawinejournal@gmail.com), ela entende do que a pessoa gosta e quanto quer gastar, aponta e debate opções de uma apurada lista que organizou ao longo dos anos, para então enviar os rótulos diretamente à casa do cliente. Uma mão na roda para quem não quer ficar parado em frente às prateleiras do supermercado naquela roleta russa de “que vinho levar?”.

A conversa por vídeo entre Suzana Barelli, Rosa Moraes e Gabi Monteleone (Foto: Acervo Pessoal)

A conversa por vídeo entre Suzana Barelli, Rosa Moraes e Gabi Monteleone (Foto: Acervo Pessoal)

Para quem está ainda descobrindo do que gosta, aliás, a Suzana dá dicas do que tem experimentado em sua coluna no Estadão, sempre às segundas-feiras. Ela mesma está aproveitando esse hiato na rotina corrida para estudar e se aprofundar e indica uma degustação online, conduzida pela especialista Ana Lu, da importadora De La Croix. Na última que participou, recebeu em casa 4 doses de vinho branco em diferentes garrafinhas para uma experiência às cegas. No final, surgiu um tinto-surpresa, que ela reconheceu na hora como um cabernet franc do Vale do Loire super gostoso que já havia provado em outros tempos.

As meninas acreditam que a quarentena se tornou uma oportunidade de inaugurar outro tipo de consumo de vinho, voltar a ter uma relação com a bebida como experiência, uma informação a mais, um jeito de viajar a tantos outros lugares sem sair de casa. Vamos nessa, então? Para quem curte uma sala de aula, Suzana indica os cursos online da @abs_sp e da @eno_cultura; os que quiserem receber a bebida em casa podem contratar o cuidadoso serviço de profissionais como a Gabi, que logo mais coloca nas ruas também a Kombino - uma kombi toda reformada e adaptada - para levar, duas vezes por semana, opções de bons rótulos a bairros que ficam fora do eixo da maioria dos serviços de entrega.

Outra dica bacana é o projeto Sommelier Itinerante de Daniela Bravin e Cassia Campos (@sede261), que enviam um kit temático de 3 garrafas diferentes escolhidas a dedo (a seleção muda diariamente, chega acompanhada de ficha técnica elaborada pela dupla e o frete é gratuito). Para quem quiser apoiar os restaurantes paulistanos, vale lembrar que casas como Beverino, Corrutela, Dalva e Dito, Cais e Futuro Refeitório também incluíram alguns rótulos de suas respeitadas cartas no delivery. São muitas ideias para apreciar e aprender enquanto ficamos em casa - e, de quebra, dar uma força para que profissionais, produtores e estabelecimentos possam sobreviver aos dias difíceis e continuar a nos brindar com as melhores taças no futuro. Tintim!