Vogue Gente
Guia de vinhos para a quarentena
De cursos a compras e até delivery, a colunista Rosa Moraes montou um guia completo para amantes de vinhos pra quarentena em papo com a jornalista gastronômica Suzana Barelli e Gabriela Monteleone, sommelière e wine director do Grupo D.O.M.
3 min de leituraEm tempos de isolamento social, ando à caça de boas notícias. Falei na minha última coluna sobre o resgate do cozinhar em casa e, de fato, desfilam nas timelines almoços e jantares preparados com esmero. É um ato essencial - o de se alimentar e alimentar o outro - que ganha novas roupagens e significados. Para acompanhar as receitas, comecei a notar também, quase via de regra, uma boa taça de vinho compondo a foto, como nas pinturas dos séculos passados, que imortalizaram a mesa de diferentes épocas e culturas. É então de vinho que vou falar hoje - e é dele que vêm as boas notícias. Como eu mesma não sou especialista no tema, apesar de fã confessa, convoquei um bate-papo online com duas grandes amigas, elas sim, experts de carteirinha: Suzana Barelli, jornalista e colunista de vinhos do caderno Paladar, do Estadão, e Gabriela Monteleone, sommelière e wine director do Grupo D.O.M.
Horário marcado no Zoom, as três mosqueteiras a postos e com seus fones de ouvido en garde, começou nosso mergulho na adega. Entre trocas de ideia sobre como a quarentena afetou o mercado e o que as pessoas têm bebido em casa, fiquei feliz de saber que a turma do vinho está dando as mãos e se reinventando. Gabi, que trabalha também com curadoria e educação, oferece agora um conteúdo precioso no perfil @notawinejournal. São degustações comentadas e workshops - tudo online, claro -, que ela vai anunciando nos stories, como forma de divulgar e partilhar os aspectos intelectuais da bebida. A Gabi também mantém o trabalho de curadoria vivo atendendo clientes virtualmente.
A partir de um primeiro contato por e-mail (anota aí: notawinejournal@gmail.com), ela entende do que a pessoa gosta e quanto quer gastar, aponta e debate opções de uma apurada lista que organizou ao longo dos anos, para então enviar os rótulos diretamente à casa do cliente. Uma mão na roda para quem não quer ficar parado em frente às prateleiras do supermercado naquela roleta russa de “que vinho levar?”.
Para quem está ainda descobrindo do que gosta, aliás, a Suzana dá dicas do que tem experimentado em sua coluna no Estadão, sempre às segundas-feiras. Ela mesma está aproveitando esse hiato na rotina corrida para estudar e se aprofundar e indica uma degustação online, conduzida pela especialista Ana Lu, da importadora De La Croix. Na última que participou, recebeu em casa 4 doses de vinho branco em diferentes garrafinhas para uma experiência às cegas. No final, surgiu um tinto-surpresa, que ela reconheceu na hora como um cabernet franc do Vale do Loire super gostoso que já havia provado em outros tempos.
As meninas acreditam que a quarentena se tornou uma oportunidade de inaugurar outro tipo de consumo de vinho, voltar a ter uma relação com a bebida como experiência, uma informação a mais, um jeito de viajar a tantos outros lugares sem sair de casa. Vamos nessa, então? Para quem curte uma sala de aula, Suzana indica os cursos online da @abs_sp e da @eno_cultura; os que quiserem receber a bebida em casa podem contratar o cuidadoso serviço de profissionais como a Gabi, que logo mais coloca nas ruas também a Kombino - uma kombi toda reformada e adaptada - para levar, duas vezes por semana, opções de bons rótulos a bairros que ficam fora do eixo da maioria dos serviços de entrega.
Outra dica bacana é o projeto Sommelier Itinerante de Daniela Bravin e Cassia Campos (@sede261), que enviam um kit temático de 3 garrafas diferentes escolhidas a dedo (a seleção muda diariamente, chega acompanhada de ficha técnica elaborada pela dupla e o frete é gratuito). Para quem quiser apoiar os restaurantes paulistanos, vale lembrar que casas como Beverino, Corrutela, Dalva e Dito, Cais e Futuro Refeitório também incluíram alguns rótulos de suas respeitadas cartas no delivery. São muitas ideias para apreciar e aprender enquanto ficamos em casa - e, de quebra, dar uma força para que profissionais, produtores e estabelecimentos possam sobreviver aos dias difíceis e continuar a nos brindar com as melhores taças no futuro. Tintim!