Gente
Publicidade

Por Ale Garattoni @alegarattoni


Melatonina, além do sono (Foto: Getty Images e Divulgação) — Foto: Vogue

O despertador toca de manhã. Ainda meio sem abrir os olhos você busca seu celular na cabeceira da cama, desliga o alarme que vem dele e abre o Instagram. Passa os cinco (ou quinze!) primeiros minutos do seu dia em modo semi-consciente rodando os feeds das redes sociais e, antes mesmo de cumprimentar qualquer pessoa da sua casa, já sabe que o dólar subiu e que a influenciadora da vez desembarcou na Grécia.

Já mais acordada, abre o WhatsApp e começa a responder as mensagens nas 18 janelinhas pendentes. Uma delas trazia um pepino daqueles para ser resolvido; outra, uma lista de pedidos de seu chefe: você então pula da cama correndo e dá início ao expediente!

Se você se identificou com esse parágrafo e sente que seus dias começam exatamente assim, com menos consciência e mais piloto automático, saiba que não está sozinho – em tempos acelerados e digitalmente conectados, essa ainda é a realidade de um enorme percentual de pessoas. Mas cada vez mais gente passa a buscar maneiras mais leves e conscientes de viver a primeira hora (ou, ao menos, os primeiros minutos) de suas manhãs. E o resultado disso vai muito além do bem-estar e pode incluir até mais produtividade, paciência e bom-humor.

Popularizada no Brasil depois do sucesso do best-seller americano O Milagre da Manhã, a rotina da primeira hora do dia é pauta desde o ano passado. Embora muita gente ache que o livro é “sobre acordar às cinco da manhã” (horário escolhido pelo autor para sua sequência pessoal), a teoria é muito mais sobre sair da cama uma hora antes de seu habitual de modo a seguir seis etapas – meditação, afirmações, visualizações, leitura, escrita e atividade física. Na prática, porém, cada um pode (e deve!) montar o seu próprio ritual, com as atividades que preferir.

O Milagre da Manhã, de Hal Elrod (R$ 20, Best Seller) (Foto: Divulgação) — Foto: Vogue

Camila Espinosa, curadora do e-commerce de moda Shop2gether e Health Coach, aposta numa versão mais enxuta – e igualmente benéfica: “Antes de levantar da cama, penso em alguma coisa boa que tenho na minha vida no momento. Depois, aprecio o silêncio das seis da manhã por alguns minutos e tomo o Bulletproof Coffee”, resume. “Ainda quero aderir ao banho gelado do Dr. Duprat, mas estou esperando o verão!”

O médico citado por Camila, aliás, é a prova de que os rituais são bem vistos também pela área da saúde. “Fiz um comprometimento comigo mesmo de ler sobre outros assuntos (fora da minha profissão) e em épocas de muito trabalho sentia que não sobrava tempo e ficava semanas sem isso. Foi quando decidi colocar minha rotina de evolução pessoal no começo do dia.”, resumiu o dr. Rodrigo Duprat em seu Instagram sobre o que ele batizou de GSM (Ganhe Sua Manhã). Embora nunca tenha lido o best-seller que popularizou o assunto, ele também defende que priorizar o início da manhã é crucial para evoluir – sua programação varia a cada dia e pode incluir meditação, pranayama (exercícios de respiração), leitura e atividades físicas variadas.

Influenciadora de maternidade há uma década e atualmente pós-graduanda em Psicologia Positiva, Shirley Hilgert aderiu aos rituais depois de ler O Milagre da Manhã e conta que os resultados são rapidamente perceptíveis: “Comecei a sentir mudanças enormes no meu ânimo, no meu humor e até no bem-estar e sensação de felicidade com apenas uns dez dias de prática. Acordar às cinco hoje é prazeroso, não sofrido.” Ela conta que adapta a teoria do livro para o seu perfil e que sempre inclui meditação, alongamento, leitura, um diário da gratidão e corrida.

Embora comprovadamente eficiente, a prática ainda pode ser desafiadora. Por aqui, vivo uma relação de idas e vindas com a manhã ideal desde que li o livro, há um ano e meio. Não se render ao looping da rotina corrida é um exercício de disciplina e comprometimento diário. Mas não restam dúvidas de que os dias que começam desacelerados (e auto-conectados) se mostram mais produtivos e mais criativos.

De todas as dicas e opções, para mim, a mais importante é tirar o celular da mesinha de cabeceira – de preferência, tirar do quarto. Feito isso, trate de ser gentil nas metas: inicie aos poucos, com objetivos mais modestos e foco nas pequenas mudanças. Constância vale mais do que quantidade. Sprays de aromaterapia (como os Pomanders), cadernos de produtividade (como o Five Minute Journal) e músicas calmas (no Spotify há ótimas playlists de mantras e sons de tigelas de cristal) podem ajudar.

Mais do que a determinação de um horário ou formato específicos, ter um ritual matinal é uma escolha pela evolução pessoal diária, é o hábito de priorizar a si próprio antes que a rotina da vida nos atropele. Que tal começar seu dia em outro ritmo amanhã?

Mais do vogue