Investimento no Exterior

Por Marília Almeida, Valor Investe — São Paulo


O mês de maio marcou o fim de uma sólida temporada de resultados das empresas americanas. Como resultado, o Nasdaq, que reúne empresas de tecnologia, avançou 6,88%, registrando a melhor performance para o mês desde 2005. As empresas industriais também tiveram um bom desempenho: o índice Dow Jones se valorizou 2,30%. Não foi diferente com o índice das maiores empresas americanas, o S&P 500, que subiu 4,80%. Nesse cenário, os bancos aproveitaram para realizar lucros em papéis que avançaram acima da média, mas também retiraram dos portfólios recomendados aos clientes os que tiveram um desempenho abaixo do esperado.

Por isso, não faltam novidades entre as indicações para este mês: os nomes pertencem a setores diversos, como a plataforma de comércio eletrônico Mercado Livre, a empresa de energia renovável NextEra Energy, a fabricante de artigos esportivos Nike, a farmacêutica Pfizer, a empresa de software Salesforce e a fabricante de chip Applied Material.

As corretoras também aproveitaram para reforçar a posição em empresas que continuaram a mostrar sólidos resultados. Um exemplo é a Nvidia, que novamente mostrou um resultado acima das expectativas e ganhou mais espaço na carteira da Ágora. Já a controladora do Google, a Alphabet, ganhou uma fatia maior na carteira do BTG, enquanto tanto o BTG quanto o Santander aumentaram sua exposição à farmacêutica Eli Lilly, produtora dos populares remédios para emagrecer Zepbound e Mounjaro.

Contudo, com os resultados saindo de cena, o foco se volta para o futuro da economia americana. O cenário ainda é incerto: tanto a inflação quanto o mercado de trabalho vêm dando sinais de desaquecimento, mas os analistas ainda se dividem sobre se o banco central americano (Federal Reserve, o Fed), realizará um ou dois cortes de juros até o final do ano. Por isso, muitas carteiras apostam na diversificação para minimizar riscos. Uma delas, inclusive, inclui o ouro como proteção contra uma eventual reversão do mercado.

Tecnologia continua imbatível

O setor de tecnologia continua reinando entre as indicações: além de três corretoras indicarem as ações da Alphabet, Nvidia e Microsoft, duas recomendam as ações da Amazon e duas indicam as da Apple. Diferente do que se possa pensar, o setor vem sendo o mais resiliente em um momento de incertezas, impulsionado pela onda da inteligência artificial.

A principal alocação na carteira recomendada do BTG é em tecnologia: o setor equivale a 33% do total. A visão do banco de investimento para o setor segue positiva, com base nos desenvolvimentos recentes da inteligência artificial, resultados sólidos das companhias no primeiro trimestre e potencial estruturalmente elevado das empresas em gerar valor.

Durante o último mês, os BDRs da mineradora de ouro Aura (AURA33), juntamente com os da Nvidia (NVDC34), foram responsáveis por 63,2% da performance da carteira da corretora Ágora.

Veja abaixo as recomendações de cinco corretoras (Ágora, BTG, C6, Santander e XP) para o mês:

Ágora

A corretora evita apostas contrárias ao mercado americano neste momento, mantendo uma estratégia que se relaciona com o índice das maiores empresas americanas, o S&P 500, enquanto continua se protegendo com a exposição ao ouro, por meio dos BDRs da Aura Minerals.

Para o mês de junho, optou por retirar os BDRs da Albemarle Corp, Coca-Cola e Johnson & Johnson e incluiu os BDRs do Mercado Libre. Também rebalanceou os pesos da carteira, aumentando em 5 pontos percentuais a exposição ao ETF Ishare S&P 500, de 15% para 20% do total; aumentando também em 5 pontos a dos BDRs da Nvidia, de 10% para 15% do total; e reduzindo em 5 pontos a fatia do Booking no portfólio, de 15% para 10%.

Ágora

Empresa Setor Preço-alvo Potencial de retorno Participação
Alphabet (GOGL34) Tecnologia R$ 82,97 9,7% 10%
Aura Minerals (AURA33) Mineração R$ 77,52 69,60% 15%
Booking (BKNG34) Turismo R$ 117,91 5,40% 10%
Ishare S&P 500 (IVBB11) Estados Unidos Não tem Não tem 20%
Ishares core MSCI Emerging Markets (BIEM39) Mercado emergentes Não tem Não tem 10%
Ishares Russel 2000 (BIWM39) Small caps Não tem Não tem 10%
Mercado Libre (MELI34) Comércio eletrônico R$ 84,06 12,50% 10%
Nvidia (NVDC34) Tecnologia R$ 126,67 5,4% 15%

Como resultado, o portfólio da Ágora acumulou ganhos de 9,99% no mês passado, contra uma valorização de 7,32% do Índice de BDRs Não Patrocinados de B3 (BDRX). Em 2024, a rentabilidade acumulada da carteira é de 16,9% enquanto a do BDRX é de 25,1%.

BTG Pactual

Para esse mês, a farmacêutica Pfizer é a novidade da carteira internacional do banco, representando uma fatia de 4% do portfólio. O BTG aposta em seu sólido momento de resultados, após registrar lucro por ação 60,1% maior em relação às estimativas de mercado no primeiro trimestre, e também destaca o preço atraente do papel. Para incluir a ação na carteira, retirou os papéis da Fortinet e da Stone.

O banco também realizou mudanças no peso de cada ação no portfólio, aumentando a exposição à controladora do Google, a Alphabet (alta de 3 pontos percentuais), que passa de 7% para 10% da carteira; à farmacêutica Eli Lilly (alta de 1 ponto), cuja fatia na carteira subiu de 4% para 5%; e à petrolífera americana Exxon (alta de 1 ponto), cuja fatia total no portfólio passou de 4% para 5% a partir de agora. Na ponta negativa, reduziu a sua exposição à empresa de chips de Taiwan TSMC de 5% para 4%.

BTG

Empresa Setor Participação
Alphabet (GOGL34) Comunicação 10%
Amazon (AMZO34) Consumo discricionário 8%
Apple (AAPL34) Tecnologia 7%
Eli Lilly (LILY34) Saúde 5%
Emerson Eletric (E1MR34) Indústria 3%
Exxon Mobil (EXXO34) Energia 5%
Goldman Sachs (GSGI34) Financeiro 5%
Mastercard (MSCD34) Financeiro 5%
Meta (M1TA34) Comunicação 8%
Microsoft (MSFT34) Tecnologia 14%
Nvidia (NVDC34) Tecnologia 8%
Pfizer (PFIZ34) Saúde 4%
Progressive Corporation (P1GR34) Financeiro 3%
Rio Tinto (RIOT34) Materiais básicos 3%
Simon Property (SIMN34) Imobiliário 3%
Thermo Fischer (TMOS34) Saúde 3%
Tesla (TSLA34) Consumo discricionário 2%
TSMC (TSMC34) Tecnologia 4%

C6

Para o mês de junho, o banco incluiu em sua carteira de ações internacionais as ações da empresa produtora de chips Applied Material, que passa a representar 10% da carteira, e da empresa de software Salesforce, que passa a ter fatia de 12,5% no portfólio.

Para incluir ambos os papéis, o banco precisou diminuir a fatia de diversos outros no portfólio. A posição do Mc Donald´s foi reduzida para cerca da metade: passou de 13% para 7,5%, assim como as do Mercado Libre, que saíram de 12,5% para 5%. Por fim, a da PayPal passou de 15% para 12,5% e a da Starbucks foi reduzida de 12,5% para 10%. Já a exposição à UIPath aumentou de 7% para 12,5% do portfólio.

Houve uma redução relevante à exposição em empresas chinesas: a participação da ação do gigante do comércio eletrônico Alibaba na carteira caiu de 10% para 3,5%, enquanto a posição na Baidu caiu de 5% para 3,5% e da JD passou de 5% para 3%.

C6

Empresa Preço-alvo Participação (%)
Alibaba (BABA.K) US$ 160 3,5
Applied Material (AMAT) US$ 330 10
Baidu (BIDU) US$ 249 3,5
Diageo (DEO) US$ 315 10
JD (JD.O) US$ 50 3
Mc Donald´s (MCD) US$ 380 7,5
Mercado Libre (MELI.O) US$ 1.970 12,5
Novo Nordisk (NVO US$ 210 10
PayPal (PYPLO) US$ 120 12,5
Salesforce (CRM) US$ 400 12,5
Starbucks (SBUX) US$ 140 10
UiPath (PATH) US$ 30 7

Em maio, a carteira internacional do banco teve alta de 1,1% enquanto o índice S&P500 avançou 4,7%. No acumulado do ano, a rentabilidade da carteira internacional é de 10,1%, contra 10,4% do S&P. A maior rentabilidade da carteira em maio foi de Mercado Livre que subiu 2,58%, e a maior queda foi de UiPath (PATH), 2,35%.

Santander

Para junho, o Santander optou por excluir os BDRs da Danaher da carteira e incluir os da NextEra Energy, com 5% de participação. O banco também realizou mudanças de peso de diversas ações na carteira: reduziu as posições no banco de varejo JP Morgan Chase (8% para 7%) e Canadian Pacific (7% para 6%). Por outro lado, aumentou a sua exposição em Eli Lilly (5% para 6%) e Nvidia (5% para 6%).

Santander

Empresa Setor Participação
Alphabet (GOGL34) Comunicações 7%
Amazon (AMZO34) Consumo discricionário 7%
Apple (AAPL34) Tecnologia 5%
Berkshire Hathaway (BERK34) Financeiro 7%
Boooking (BKNG34) Consumo discricionário 6%
Brookfield Corporation (B1AM34) Financeiro 6%
Canadian Pacific Kansas City (CPRL34) Infraestrutura 6%
Chevron (CHVX34) Energia 7%
Eli Lilly (LILY34) Saúde 6%
JP Morgan Chase (JPMC34) Financeiro 7%
Microsoft (MSFT34) Tecnologia 9%
NextEra Energy (NEXT34) Utilidades 5%
Nvidia (NVDC34) Tecnologia 6%
UnitedHealth Group (UNHH34) Saúde 7%
Visa (VISA34) Tecnologia 8%

A carteira de empresas americanas do banco valorizou no mês de maio 6,64%, performance superior aos índices de empresas industriais Dow Jones em reais, que subiu 2,83% no período; e o das maiores empresas americanas, o S&P 500, também em reais, que valorizou 5,94% em maio: ambos são referências para a carteira. O dólar valorizou 2,41% contra o real no mês.

Os destaques positivos da carteira do Santander em maio foram as posições em Nvidia, que registrou alta de 32,82%; Apple, que subiu 13,53%; e Booking, que avançou 11,06%. Entre os destaques negativos, ficou a Amazon, que caiu 1,98%.

XP

Para o mês de junho, a XP retirou de sua carteira os BDRs da NextEra, UnitedHealth e Vodafone, os substituindo pelos papéis da 3M, ArcelorMittal e Nike.

Veja abaixo cinco das dez ações que compõem a carteira da corretora. A XP não permite divulgar a carteira completa:

XP

Empresa Setor Preço-alvo Potencial de retorno Participação
3M Industrial R$ 138 5,40% 10%
Alibaba (BABA34) Comércio Eletrônico R$ 20 35,3% 10%
Arcelor Mittal Materiais R$ 83 20,7% 10%
Microsoft (MSFT34) Tecnologia R$ 105 16,1% 10%
Nike Consumo discricionário R$ 59 16,3% 10%

Em maio, a carteira subiu 8,4%, enquanto o índice de ações globais (MSCI ACWI), 4,9% no mês em reais.

rating ranking estrela alta — Foto: Getty Images
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