Seguros, Previdência e Capitalização
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Luciana Bastos, da Icatu: pandemia incentivou o planejamento do futuro — Foto: Fernando Souza/Divulgação
Luciana Bastos, da Icatu: pandemia incentivou o planejamento do futuro — Foto: Fernando Souza/Divulgação

O setor de seguro de vida está em pleno movimento, impulsionado por dois fatores-chave: o aumento da conscientização dos brasileiros sobre a necessidade de planejamento financeiro e os investimentos das seguradoras em produtos inovadores e tecnologias emergentes. Essas tendências, tanto do lado da demanda quanto do lado da oferta, resultam em recorde de vendas no país.

O volume de prêmios emitidos pelo segmento de seguro de vida individual atingiu R$ 14,7 bilhões em 2023, uma expansão de 20,8% sobre o ano anterior. Entre 2019 e 2023, o salto foi de 144%. O seguro de vida em grupo ou coletivo, oferecido por empresas aos seus colaboradores, arrecadou R$ 15,6 bilhões em prêmios no ano passado, 5,6% a mais que em 2022 e 31% superior a 2019. É o que mostra levantamento da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

De forma geral, o seguro de vida representou quase metade (48%) da arrecadação de seguros de pessoas em 2023 – um leque abrangente que inclui as categorias de seguro- prestamista, acidentes pessoais, dotal, doenças graves, funeral, viagem, educacional, entre outros –, que totalizou R$ 62,5 bilhões em prêmios, com alta de 8%, batendo recorde pelo sétimo ano consecutivo. “A pandemia trouxe o assunto morte para a mesa, as pessoas passaram por dificuldades, entraram em contato com a finitude e começaram a dar mais atenção ao planejamento para o futuro e eventos aleatórios”, diz Luciana Bastos, diretora de desenvolvimento de produtos de vida da Icatu.

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As soluções de proteção financeira foram mais valorizadas. “Vemos preocupação maior da população em geral, mas no pós-pandemia públicos que não buscavam tanto seguro de vida, como mulheres e jovens, passaram a se interessar mais”, avalia Hilca Vaz, diretora de vida e previdência da Mapfre. O envelhecimento da população brasileira também estimula a busca por segurança financeira de familiares.

Uma das provas disso é que, por seis anos consecutivos, a arrecadação de seguro de pessoas supera a de seguro de automóveis, antes visto como prioritário. “É uma vitória; representa a conscientização crescente do público com outras questões relevantes, com sua própria proteção e de seus dependentes”, acrescenta Vaz.

Ao mesmo tempo, o setor passa por mudanças na oferta, com mais soluções sob medida. De acordo com Bernardo Castello, diretor da Bradesco Vida e Previdência, os produtos, antes padronizados ou pré-formatados, cobrindo morte, invalidez por doença ou acidente, agora abrem espaço para seguros de vida flexíveis, agregando outros tipos de cobertura e serviço. “É uma nova onda, formada pela possibilidade de construção de um seguro de vida mais alinhado às necessidades de cada pessoa”, afirma Castello.

Daniela Cruz, da Zurich: modalidade representa 22% da receita total — Foto: Divulgação
Daniela Cruz, da Zurich: modalidade representa 22% da receita total — Foto: Divulgação

Nessa linha, as seguradoras têm buscado desmistificar o seguro de vida, disseminando as diversas possibilidades de utilização. “Hoje, percebe-se melhor que o seguro de vida é muito mais do que solução a ser acionada em caso de falecimento de seu titular, pois há várias coberturas e assistências que podem ser usadas em vida pelo segurado e sua família”, conta Eric Dannemann Lundgren, diretor-executivo de vida da Allianz Seguros.

O uso de tecnologias emergentes também desempenha papel fundamental na transformação do setor. “Seguradoras usam cada vez mais inteligência artificial, análise de big data e automação de processos para melhorar a precisão na avaliação de riscos, oferecer experiências mais assertivas aos clientes e agilizar processos de subscrição e sinistros”, diz Ricardo Ferraz, diretor técnico de seguros da Omint Seguros.

Apesar dessa ascensão do setor nos últimos anos, a participação dos prêmios de seguro de vida é de apenas 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo a FenaPrevi. “Ainda que a cultura do seguro esteja se ampliando no Brasil, apenas 17% da população adulta tem algum tipo de cobertura de vida, sendo 58% na modalidade coletiva, o que reforça as oportunidades desse segmento”, afirma Hugo Ofugi, superintendente-executivo de produtos vida da Brasilseg, empresa da BB Seguros.

Em 2023, o seguro de vida representou 21,7% dos prêmios totais emitidos na BB Seguros, ocupando a posição de segundo maior segmento em participação. Visando avançar em vendas, Ofugi ressalta que a companhia posicionou seu portfólio estrategicamente, incluindo uma abordagem preventiva no trato com a saúde. Assim, os produtos Vida Plena e Vida Total contam com serviços que contribuem para o bem-estar e longevidade, como orientação nutricional, fitness e psicológica. A grande novidade é que o produto premium Vida Total oferece ainda mapeamento genético.

Na Bradesco Seguros, o faturamento em 2023 chegou a R$ 106,6 bilhões, alta de 11,8% em relação a 2022. Desse total, R$ 10 bilhões vieram de seguros de pessoas – o seguro de vida registrou crescimento de 7,5%. Um dos carros-chefe é a solução flexível Vida Viva Bradesco, lançada em 2021, que foi se expandindo até oferecer 19 coberturas e 19 assistências. Hoje, 300 mil clientes contam com esse seguro personalizado. O diretor Castello destaca que a linha de produtos Vida Viva engloba, entre as coberturas, morte, diagnóstico de câncer, doenças graves e transplante de órgãos, além de serviço de funeral, assistência pet e residencial.

Tanto a BB Seguros quanto a Bradesco Seguros vendem seus produtos principalmente por meio das agências do banco e pelas suas plataformas digitais, mas constroem parcerias estratégicas para diversificar a originação de receitas.

Molina,, da MAG: tecnologia e ganho de eficiência — Foto: Divulgação
Molina,, da MAG: tecnologia e ganho de eficiência — Foto: Divulgação

O mercado está se tornando cada vez mais competitivo, com o avanço também das seguradoras independentes, o que acaba beneficiando segurados e novos interessados em contratar apólices. No ramo vida, o grupo Icatu bateu recorde de R$ 4,2 bilhões em prêmios retidos em 2023, evolução de 21% sobre o valor registrado em 2022. Na linha de seguros de vida individuais, a alta foi expressiva, de 90%, e o Icatu Vida PME, para pequenas e médias empresas, cresceu 27%.

Entre suas iniciativas, a Icatu tem desenvolvido seguros de vida com jornada digital, que podem ser embutidos nas plataformas de parceiros, por meio de APIs (Application Programing Interface), códigos padronizados que funcionam como pontes. Assim, é possível integrar o sistema da seguradora com os de outras empresas. “Nos estruturamos, em termos de tecnologia, para fazer a conexão com parceiros comerciais desde a cotação, contratação, cancelamentos, pagamentos de indenização e alteração de dados cadastrais”, explica Luciana Bastos, da Icatu.

Na Zurich, o crescimento em prêmios no segmento vida foi de 16% no ano passado, resultado puxado principalmente pelos produtos corporativos. A categoria representou 22% da receita da companhia, segundo Daniela Cruz, superintendente de vida, previdência e capitalização.

O Zurich Vida Para Você vem ganhando tração. Trata-se de um produto digital e customizável, que oferece diversas coberturas, mais 15 serviços como odonto emergencial, segunda opinião médica, assistências pet e residencial, sendo que o segurado pode escolher até três sem custo adicional. Outro seguro inovador é o Proteção Melhor Idade, desenvolvido pela Zurich exclusivamente para o Banco Mercantil, uma das instituições parceiras de distribuição, e pode ser contratado por pessoas com até 79 anos, que representam maior risco e costumam ser excluídas. “Esse produto foi criado para atender às necessidades dos clientes do banco. Nosso posicionamento multicanal e multiproduto permite a criação de soluções personalizadas”, diz Cruz.

A Prudential do Brasil encerrou o ano de 2023 com faturamento recorde de R$ 5,4 bilhões em prêmios emitidos, com destaque para operações seguro de vida (individual e em grupo), que avançaram 18,7%. “O ramo vida individual representou 74,5% do faturamento”, diz Patricia Freitas, CEO da Prudential. A força de vendas da seguradora é formada por corretores franqueados Life Planner, parceiros comerciais, bancos e corretoras. “Desde 2022, ofertamos, em parceria com o Mercado Pago, produtos massificados, evoluindo nosso negócio e contribuindo para a democratização do acesso ao seguro de vida”, afirma.

Segundo a executiva, a companhia prioriza soluções para serem usadas em vida. O Prudential Proteção em Vida, com foco no diagnóstico de doenças graves, é um exemplo. Outro é o Minha Primeira Proteção, primeiro seguro de doenças graves para crianças, além das coberturas de cirurgias e quebra de ossos. “Passamos a oferecer o Doenças Tropicais, um produto original que garante indenização em caso de diagnósticos de dengue, chikungunya, zika e febre amarela, com contratação digital”, acrescenta a CEO da Prudential.

Os dados da Omint Seguros também mostram crescimento significativo em 2023, de 59,25% em prêmios emitidos no segmento seguro de vida individual, na comparação com 2022. De acordo com Ferraz, o salto foi reflexo de novas abordagens comerciais, como foco no crescimento de parceiros, ampliação dos capitais segurados e ajustes no limite máximo de entrada dos proponentes, passando de 65 para 70 anos. “Lançamos uma plataforma de serviços para corretores, o Portal do Corretor, que permite cotações simultâneas para todos os produtos de vida individual, a emissão de propostas em menos de cinco minutos e simplifica a gestão de carteira”, conta Ferraz.

Entre os produtos de destaque estão o seguro de vida temporário Omint Foco, com prêmios sem reajuste por idade durante o período de contratação e vigência determinada, e o vitalício Omint Vital. Neste último caso, o segurado paga por um período para contar com proteção ao longo da vida e planejar a sucessão patrimonial. As parcelas não aumentam com a idade e os capitais segurados podem chegar a R$ 30 milhões. Há ainda a possibilidade de revenda da apólice à seguradora para utilização da reserva financeira em vida.

Na Mapfre, seguro de vida representa 12% dos prêmios totais emitidos. A companhia aposta em produtos flexíveis e customizados e cresce na sua rede de distribuição – corretores, plataformas digitais e parceiros plugados. No ano passado, a Mapfre lançou sua assistente virtual Maitê, presente nos canais digitais da seguradora. “Agora, a Maitê também auxilia os clientes via WhatsApp. É possível saber mais sobre as soluções, abrir e acompanhar sinistros”, afirma a diretora de vida e previdência da companhia. Entre as novas assistências disponibilizadas neste ano pela Mapfre está a medicina de precisão, que garante análise genômica individualizada em diagnóstico de câncer do segurado.

Em 2023, a Allianz alcançou um prêmio emitido líquido de R$ 249 milhões no seguro de vida. “Um dos nossos objetivos é expandir negócios de vida no Brasil, temos expertise e apetite nesse mercado”, diz Lundgren. Em janeiro deste ano, foi criada a diretoria dedicada exclusivamente ao segmento e, nos últimos meses, todas as ofertas de produtos foram reformuladas com base em estudos do setor e pedidos de corretores parceiros.

Lundgren destaca, entre as mudanças, que o limite de capital segurado da maioria dos pacotes passou de R$ 1 milhão para R$ 2 milhões, e todas as opções do Allianz Vida passaram a contar com assistência funeral ampliada, que varia de R$ 7 mil a R$ 10 mil, oferecendo o serviço não somente no caso de falecimento do titular e do cônjuge, mas também aos filhos, pais e sogros com até 70 anos de idade. A Allianz também lançou uma opção personalizada de seguro.

Apresentando evolução em seguros de vida há cinco anos, a MAG Seguros tem investido em tecnologia e observado ganho de eficiência. O sistema Venda Digital, que permite que os corretores façam a comercialização de forma digital, foi responsável por 95% das vendas individuais da seguradora em 2023. “Também lançamos a MAG Phygital, ferramenta de captação, gestão e distribuição de leads, que utiliza a tecnologia de machine learning e atendimento humanizado”, ressalta Helder Molina, CEO da MAG.

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