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Uma das grandes apostas de crescimento das resseguradoras para 2024 está nos ramos de resseguro de seguro garantia. A entrada em vigor, neste ano, da nova Lei de Licitações, a retomada de investimentos em infraestrutura e a expectativa com o seguro garantia judicial embasam o otimismo.
“Há um potencial enorme de crescimento no resseguro e no seguro de garantia, tanto judicial quanto de performance”, diz Carla Almeida, diretora da AXA Brasil, companhia que ampliou em 40% seus negócios nesse segmento no primeiro trimestre de 2024. “Estamos apostando nessa curva íngreme de expansão. Não falta capacidade para garantia. Os resseguradores estão com holofotes voltados para o Brasil em função de todas essas oportunidades. É um seguro que tem resultados positivos, porque o país não tem históricos de grandes sinistros”, diz.
A Lei de Licitações exige garantia de no mínimo 30% do valor dos contratos de obras e serviços de engenharia superiores a R$ 200 milhões. Antes, não havia limites definidos. Como a expectativa é que o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) movimente R$ 1,7 trilhão em projetos de infraestrutura, a demanda por esse tipo de seguro deve ser crescente. “Nenhuma obra sairá do papel sem cobertura de resseguro, porque são valores vultosos e as seguradoras não conseguem sozinhas bancar os riscos. Elas precisam do respaldo do ressegurador para assumirem capacidade para absorver o risco desse tipo de obra”, afirma Paulo Pereira, presidente da Federação Nacional das Empresas de Resseguros (Fenaber) e responsável no Brasil pelas operações da Transatlantic Reinsurance Company.
A aposta na expansão do resseguro garantia é compartilhada pela Superintendência de Seguros Privados (Susep): “O seguro garantia de obras licitadas de infraestrutura certamente precisará contar a proteção do resseguro”, diz a diretora Jéssica Bastos.
O interesse das companhias do setor também tem por base outra recente mudança na legislação relativa ao seguro garantia judicial. “Agora, as apólices só serão executadas pelo juiz depois do trânsito em julgado. As ações judiciais demoram entre três e cinco anos. Essas oportunidades fazem com que o mercado ressegurador tenha um olhar diferenciado para o Brasil”, diz Almeida.
Com relação ao produto crédito, Cristina Salazar, vice-presidente da comissão de crédito e garantia da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), observa que o crescimento do setor nos últimos dez anos tem se mantido entre 15% e 17%. É um bom desempenho, mas não chega perto do ritmo acelerado do produto garantia. “Existe demanda, mas as seguradoras estão com pouca capacidade. Algumas estão buscando capacidade no exterior, mas as taxas estão altíssimas”, diz. A sinistralidade em 2023 foi bem alta: chegou a 87%, enquanto a média no mercado é de 45%. Para reverter o quadro atual, a seu ver, é preciso que os balanços das redes de varejo passem a apresentar melhores resultados.