As franquias de educação, que faturaram 9,7% mais em 2023, vêm passando por um movimento de consolidação. Pelo menos quatro operações de fusões e aquisições foram registradas entre empresas do ramo no ano passado, como a Supergeeks, que comprou outra escola de programação, a CodeBudy, do grupo Gera, do empresário Jorge Paulo Lemann.
“Esse é um movimento natural, que chamamos de criação de conglomerados, que unifica forças em comum”, afirma o economista Rodrigo Simões, professor do MBA em Desenvolvimento e Gestão de Franquias da Universidade Anhembi Morumbi. “Veremos, cada vez mais, a união de marcas.”
É o caso do CNA, que atua com idiomas há mais de 50 anos, e adquiriu a rede de cursos de programação e robótica para crianças Ctrl+Play no fim de 2024. “Isso permitiu novas oportunidades de expansão e a ampliação do portfólio de cursos”, diz Eduardo Murin, diretor de expansão e parcerias do CNA. “Desde então, a Ctrl+Play saltou de 15 para 83 escolas.”
Fundado em Porto Alegre em 1973, o CNA iniciou o franchising em 1985. Hoje tem 730 franquias com 200 mil alunos no país. A rede faturou R$ 787 milhões em 2023 e prevê aumentar esse valor em R$ 2 milhões este ano.
“Inauguramos 67 escolas no ano passado e a previsão para 2024 é finalizar com 780 franquias em operação”, diz Murin. Este ano, uma das novidades é a franquia digital CNA, com investimento inicial a partir de R$ 5 mil e aulas on-line, sem necessidade de ponto físico. O objetivo é expandir a marca pelo interior do país, em cidades com menos de 50 mil habitantes e adicionar mais 6 mil alunos à rede.
O CNA está em 24º lugar na lista das 50 maiores redes de franchising em número de pontos, segundo levantamento da ABF, que envolve todos os setores. Na área educacional aparecem na lista ainda a Wizard by Pearson (na 17ª posição), Fisk (25º), CCAA (29º), KNN Idiomas (43º) e Microlins (49º).
O Grupo MoveEdu, detentor das marcas Microlins, Prepara Cursos e Ensina Mais Turma da Mônica, planeja crescer 20% sobre 2023, quando faturou R$ 600 milhões. Para isso, a aposta é na expansão geográfica, segundo o fundador e presidente do grupo, Rogério Gabriel.
O conglomerado soma mais de 400 escolas da Microlins, de informática; 290 da Prepara Cursos (profissionalizantes) e 92 pontos da Ensina Mais Turma da Mônica, de apoio escolar. Só a Microlins tem 129,9 mil alunos e abriu 35 escolas em 2023. “Temos oportunidades de expansão no Sul, Nordeste e em Minas Gerais”, diz Gabriel.
As redes de menor porte também buscam novos mercados. “Vamos ampliar a atuação no Nordeste e Sudeste, e chegar a Cabo Verde e Canadá no segundo semestre de 2025”, diz Pedro Paixão, CEO e fundador da Ultra Cursos, marca de ensino profissionalizante com sede no Recife.
Paixão iniciou o franqueamento em 2023 e soma 27 unidades em 8 Estados, a maioria no Nordeste. Com mais de 100 cursos em 11 áreas, como programação, inglês e Libras, atende 18 mil alunos (eram 4 mil em 2022) e faturou R$ 19,5 milhões em 2023. “A maioria ou 70% das franquias não estão nas capitais”, destaca.
O franqueado Jucélio Alves da Silva Junior, com 12 unidades da Ultra Cursos no Nordeste, opera apenas três pontos em capitais. “O desafio é padronizar processos, principalmente com a expansão rápida que tivemos, sem deixar de lado a excelência na formação dos alunos”, diz o empreendedor, na rede desde 2022.
Para estimular os franqueados, Silva costuma premiar os melhores resultados. “A premiação envolve desde um fim de semana na praia de Pipa [RN], a bônus financeiros e eletrodomésticos”, diz.
