O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta sexta-feira (20) que a decisão do Congresso de derrubar seu veto em relação ao projeto de lei que restringe as saídas temporárias da prisão para condenados no regime semiaberto, as chamadas “saidinhas”, não é uma "derrota" para a gestão petista e, sim, para uma "parte do povo brasileiro".
Lula falou sobre o assunto durante entrevista à rádio Meio Norte, do Piauí, onde o presidente cumpre agenda nesta sexta-feira. O presidente voltou a defender que a "saidinha" é um benefício voltado para a ressocialização dos presos e que beneficia, principalmente, a família dessas pessoas. Disse também que essa possibilidade estava prevista apenas para presos em regime semiaberto que não tivessem cometido crimes hediondos, como homicídio, roubo e estupro, entre outros delitos.
"[Disseram que] o Lula perdeu o veto da saidinha. Deixa eu te contar uma coisa. A decisão da saidinha foi unipessoal, moral minha. Muito moral. Porque eu sabia que todos os deputados queriam que eu não vetasse, que deixasse passar, que vai ter eleições, que é um tema delicado. Mas, antes disso [eleições], eu tenho caráter. Na hora que um cidadão sai [da prisão] para ver sua família, que é uma fonte de recuperação dele, isso é proibido?", questionou.
O presidente sustentou que o percentual de presos que aproveitam da saidinha para fugir do sistema penitenciário é pequeno em relação ao total de beneficiados que retornam ao cumprimento da pena.
"O que eu queria é isso: que a família tivesse o direito de receber aquele cara que cometeu crimes. Não compensa destruir a possibilidade de a família conversar com essas pessoas. Não me derrotaram. Eu não estou preso, eu não quero sair. Agora, derrotaram uma parte do povo brasileiro e enfraqueceram a dignidade de muita gente neste país. Proibir a saidinha é não apostar na recuperação dele [preso]", argumentou.
Lula também foi questionado sobre as dificuldades que sua gestão vem tendo junto ao Congresso Nacional e minimizou a avaliação feita pelos meios de comunicação. A avaliação do presidente é
a de que o governo não perdeu "nenhum projeto" de seu interesse.
"Nem sempre as informações que chegam aos meios de comunicação é o que acontece na verdade. Nós, até hoje, não perdemos nenhum projeto de interesse do governo. O charme da democracia é que você é obrigado a conviver na diversidade . O deputado não é obrigado a concordar com aquele projeto. Uns deputados fazem emenda para melhorar, outros fazem para piorar, mas sempre termina num acordo", disse.