Projeto Especial - ESG
PUBLICIDADE

Por Projeto Especial - ESG


Segundo representante da ONU, a temperatura média já aumentou 1,1 grau desde os níveis pré-industriais — Foto: Getty Images
Segundo representante da ONU, a temperatura média já aumentou 1,1 grau desde os níveis pré-industriais — Foto: Getty Images

Nos últimos anos, nos acostumamos a assistir um número cada vez maior de desastres naturais. Furacões, tornados, inundações e calor extremo assolando diferentes regiões do globo, causando centenas de mortes e enormes prejuízos econômicos. Mesmo o Brasil, até outrora visto como livre desses eventos, passou a sofrer com tempestades de poeira e enfrentar a maior seca dos últimos cem anos.

De acordo com os especialistas, essas anomalias são uma consequência direta das mudanças climáticas, um tema que há tempos figura como uma das pautas mais urgentes da humanidade, mas que a partir de agora deve ser tratado com maior seriedade por parte de governos e empresas de todo o mundo.

Cinco anos após a assinatura do Acordo de Paris, as principais lideranças globais voltarão a se reunir para discutir as suas metas de redução de emissões na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP26), principal cúpula da ONU sobre o tema, entre os dias 31 de outubro e 12 de novembro, em Glasgow, na Escócia.

Trata-se de um encontro especial e cercado de expectativas, já que os países se comprometeram, em Paris, a revisar as suas metas de redução de emissões a cada cinco anos. Em Glasgow, portanto, espera-se que as nações aderentes ao Acordo apresentem propostas mais ambiciosas, com o objetivo de minimizar o aumento de temperatura previsto até o final do século.

"A temperatura média já aumentou 1,1 grau desde os níveis pré-industriais. A meta estabelecida no Acordo de Paris é de no máximo 2 graus até o final do século, mas existe o desejo de reduzir esse número para 1,5 grau", afirma Carlo Pereira, diretor executivo do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil. "Mas para que isso ocorra, será preciso que os países se comprometam com metas mais ousadas."

Segundo ele, esse 1,1 grau de aumento observado até o momento já foi suficiente para causar muitos problemas, alguns inéditos, como os tornados em Santa Catarina e as tempestades de terra em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Maranhão. "Isso não existia no Brasil, mas agora se tornou um fenômeno frequente", relembra Pereira.

Buscando alternativas para reduzir os impactos da industrialização sobre o meio ambiente, as lideranças globais atuarão em três frentes de negociações na COP26: "race to zero", "race to resilience" e financiamento.

Na primeira, são esperadas as novas metas para a redução de emissões, especialmente entre os países desenvolvidos. Cerca de 80% dos signatários já se comprometeram em atingir a neutralidade até 2050, mas existe agora também uma pressão para que sejam apresentadas metas intermediárias, de curto e médio prazos.

No caso da "race to resilience", as discussões giram em torno de soluções para reverter os problemas já existentes, um ponto diretamente ligado à última frente de negociações, o financiamento. "Os países mais pobres são os que mais sofrem. Uma coisa é um furacão nos Estados Unidos, outra é um furacão no Caribe. Existem países que são ilhas, que correm o risco de sumir do mapa. Não estamos falando de danos econômicos, mas sim de uma questão existencial. Mas para resolver o problema é preciso dinheiro", afirma o executivo da ONU.

Desde a COP15, em Copenhague, existe a promessa da transferência de US$ 100 bilhões por ano dos países desenvolvidos para as nações em desenvolvimento. De acordo com Carlo Pereira, no entanto, esse dinheiro nunca chegou de fato aos que mais precisam.

Uma das formas para resolver este problema seria uma definição em relação ao "Artigo 6" do Acordo de Paris, que trata da comercialização de créditos de carbono entre países - único ponto ainda sem um consenso entre os países signatários. O artigo em questão trata da venda direta entre nações ou empresas sediadas em países diferentes de seus volumes excedentes. "Agora é a hora de bater o martelo", diz.

Brasil na COP26

Alvo de críticas pelo enfraquecimento no combate ao desmatamento, o Brasil não deve levar grandes novidades à COP26. O país já assumiu um compromisso de 43% de redução até 2030 e a neutralidade até 2050, meta considerada suficiente pelo governo brasileiro, mas que desagradou os países desenvolvidos.

Os representantes brasileiros também devem defender o princípio da responsabilidade comum, porém diferenciada, nas discussões sobre as metas de redução individuais, um tema complicado e que opõe os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento.

"É algo como se você fosse convidado para um jantar, mas teve um problema e chegou apenas na hora do cafezinho. Na hora da conta, seus amigos que beberam vinhos caros a noite toda querem dividir a conta por igual. Os países desenvolvidos emitem gases de efeito estufa desde 1750 e os países em desenvolvimento fazem isso somente há algumas décadas. O Brasil quer pagar a conta, mas só referente ao café", exemplifica o executivo da ONU.

Pereira também destaca o papel da iniciativa privada neste movimento pela redução das emissões, destacando que as grandes empresas brasileiras, mesmo as ligadas ao agronegócio, são muito sustentáveis e vêm fazendo a sua parte. Mas que a questão do desmatamento, realizado por empresas menores e pouco conhecidas dos consumidores, precisa ser combatida.

Gostou deste conteúdo? Responda o chat abaixo e nos ajude na missão de produzir conteúdo sempre útil para você. Leva 30 segundos.

Mais recente Próxima Regulamentação do mercado global de carbono será pauta prioritária da COP26
Projeto Especial - ESG

Agora o Valor Econômico está no WhatsApp!

Siga nosso canal e receba as notícias mais importantes do dia!

Mais do Valor Econômico

Vídeo utiliza diferentes ferramentas de inteligência artificial para a criação da voz no mesmo timbre do ator e sincronia dos movimentos labiais no idioma

Com IA, Will Smith fala português em campanha da fintech Nomad

Tempo de lançamento cai de um ano para dias, enquanto os trabalhadores, de pintor a CEO, terão de se atualizar, dizem especialistas na Febraban Tech

Inteligência artificial reduz prazo para desenvolver e lançar produtos