Fundos de Investimento
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Por — Para o Valor, de São Paulo


Werner Roger, da Trígono, tem foco em poucas empresas, mas boas pagadoras de dividendos — Foto: Divulgação
Werner Roger, da Trígono, tem foco em poucas empresas, mas boas pagadoras de dividendos — Foto: Divulgação

Os três últimos anos foram marcados pela turbulência nunca vista da pandemia de Covid-19, que fez muitos gestores abandonarem as práticas mais tradicionais por paradigmas inventivos de um “novo normal” -- que já se dissipou.

“Hoje, as carteiras são muito mais simples, estão muito mais parecidas com o que eram até o fim de 2019”, diz Rafael Mazzer, sócio e head de portfólio da Solutions Brasil, uma gestora independente dentro do BTG Pactual que atua como uma plataforma aberta, com gestão ativa dos fundos, como os veículos da categoria Alocação de Ações BTG OS Diversificação FIA e BTG PS Renda Variável, listados entre os dez destaques da categoria Alocação de ações do “Guia Valor de Fundos de Investimentos”.

Mas de 2020 até o início de 2023, prevalecia uma visão de mercado distorcida por juros nominais muito baixos, que viesavam as precificações contábeis das empresas; criptoativos tomando o lugar da renda fixa; IPOs de empresas ilíquidas; entre outros comportamentos atípicos. “Foram 30 anos em três”, diz Marcelo Pacheco, diretor de gestão da BB Asset, que tem os fundos BB Multigestor Alocações FIA e BB Multigestor Variável FIA entre os destaques da categoria Alocação de ações.

Alocação Ações — Foto: arte/valor
Alocação Ações — Foto: arte/valor

A partir do segundo semestre de 2021, com a alta da inflação e dos juros, o investidor que abandonara a renda fixa pela renda variável voltou ao juro; os resgates se acumularam, obrigando os gestores a reposicionar portfólios, ao mesmo tempo em que tomava forma o novo ciclo de commodities, que favorece o Ibovespa, já que o índice tem pesada participação de exportadores como Vale e Petrobras. “Foram 18 meses de inferno astral pesado dessa indústria de junho de 21 até dezembro de 22”, diz Mazzer.

A Solutions, porém, manteve a política de não comprar empresas cujo preço escalava, o que possibilitou uma certa correlação com o Ibovespa, contribuindo para defender o portfólio.

“Tinha uma parcela de gestores, classificados como long biased, sempre buscando empresas de qualidade com dominância setorial, bem geridas”, recorda Mazzer, acrescentando que esses gestores, embora muito voltados para fatores microeconômicos, têm liberdade para dosar suas decisões com fatores macroeconômicos que afetem determinada empresa.

Como atravessar o ‘inferno astral’ dos fundos de ações — Foto: Valor
Como atravessar o ‘inferno astral’ dos fundos de ações — Foto: Valor

A mistura macro-micro também foi a receita da BB Asset nos três últimos anos. O segredo, diz Pacheco, é atuar “balanceando, buscando um ponto de equilíbrio entre uma locação e outra, num setor e outro”, de acordo com fatores macro, como crescimento econômico, variação do câmbio, taxa de juros mercado internacional, quanto por questões mais micro, ligadas ao mercado doméstico. Ele cita como exemplos do acerto dessa política os investimentos em empresas do agronegócio e da construção civil.

Ações Índice — Foto: arte/valor
Ações Índice — Foto: arte/valor

Nada disso importa para o gestor Eduardo Grübler, da AMW – Asset Management Warren, que teve o fundo Warren Brasil FIA classificado entre os dez mais rentáveis na categoria Ações índice. Como fundo indexado, seu mandato consiste em acompanhar o Ibovespa como um todo. “Não tenho como fazer mágica e fazer o fundo subir quando o Ibovespa caiu”, diz. “O que se pode fazer para melhorar a performance consiste principalmente em redução de custos: reduzir os custos na estratégia de investimento é basicamente a mesma coisa que adicionar retorno”, explica.

Redução de custos significa diminuir o pagamento de taxas de corretagem e, como ele diz, colocar para dentro a diferença entre o preço ofertado e o preço efetivo de compra/venda do ativo. Isso significa vender quando os outros estão comprando e comprar quando o mercado está vendedor - o que exige uma infraestrutura tecnológica para acertar o momento exato de colocar a ordem de compra ou venda de ETFs (fundos indexados) e contratos futuros de Índice Bovespa, os instrumentos com que o fundo da Warren trabalha.

Já para os fundos Trigono Delphos e Guepardo Institucional, que integram os dez com melhor relação risco retorno, os bons resultados vêm da escolha criteriosa de empresas para investir - e por longo tempo. “Basicamente, a estratégia é concentrar em poucas ações, cerca de 12 empresas, com o objetivo de selecionar as melhores pagadoras de dividendos no passado, mas, principalmente, no futuro. Só o passado não justifica. Então, as que nós acreditamos que tem uma capacidade e vão continuar pagando dividendos”, diz Werner Roger, fundador e CIO da Trígono Capital.

O sócio e diretor de relações com investidores da Guepardo, Roberto Esteves, salienta que a estratégia da casa se concentra em entender as empresas em profundidade. “A gente adora empresas que têm 100 anos, 70 anos de história, dá um conforto, pois a firma já passou por todos os ‘tipos de Brasil’ e está viva até hoje”, frisa.

Assim, o Delphos da Trígono tem maior exposição no setor industrial, incluindo Metal Leve, Tupy, Kepler Weber e São Martinho, além de Ferbasa, Banco do Brasil, Banco da Amazônia e Irani. Na Guepardo, destacam-se Vulcabras, Grupo Ultra, Rumo e Vibra.

“São empresas sem graça”, brinca Esteves, sublinhando a importância da disciplina de comprar com muito desconto, reduzir a posição quando a empresa se aproxima do valor justo e fazer caixa quando não tem o que comprar. “Eu não tento pensar num futuro, não tento acertar se o juro vai cair ou subir, quero construir um portfólio blindado de qualquer cenário - porque ninguém previu uma pandemia.”

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