BCs da Europa indicam que corte de juros se aproxima

Sinais vêm duas semanas depois de o Banco Central Europeu (BCE) fazer um corte de 0,25 ponto, com a taxa de referência ficando em 3,75%

Por , Valor — São Paulo


A mensagem transmitida por bancos centrais da Europa que divulgaram decisões de política monetária nesta quinta-feira foi que a era de juros historicamente elevados está perto do fim e um movimento de corte de juros se aproxima.

O Banco da Inglaterra (BoE) e o Norges Bank da Noruega mantiveram suas taxas de juros respectivamente em 5,25% e 4,5%, enquanto o Banco Nacional da Suíça (SNB) reduziu sua taxa em 0,25 ponto percentual, para 1,25% ao ano. A decisão vem duas semanas depois de o Banco Central Europeu (BCE) fazer um corte de 0,25 ponto, com a taxa de referência ficando em 3,75%.

O SNB cortou os juros pela segunda vez consecutiva, seguindo uma leve desaceleração no núcleo da inflação. A Suíça foi o primeiro país a iniciar o afrouxamento monetário, em março. “Com a redução do juro pelo SNB, vamos manter as condições monetárias apropriadas”, disse, no comunicado, o presidente da autoridade monetária, Thomas Jordan, que sinalizou que o processo de afrouxamento ainda não acabou.

Em entrevista à Bloomberg TV, Jordan disse que o novo corte se deveu mais à valorização do franco suíço provocado pela chamada de novas eleições parlamentares pelo presidente francês Emmanuel Macron do que pelo cenário inflacionário. Com a valorização do franco, os produtos de exportação suíços ficam mais caros na zona do euro, seu principal mercado.

“A atual volatilidade contribui para um cenário mais incerto para a inflação. Isso significa que a evolução do franco suíço permanece um fator importante para os juros da Suíça”, afirmou Chantana Sam, economista do HSBC, que espera mais uma redução, para 1%, em setembro.

Embora tenha mantido os juros estáveis no maior patamar em 16 anos, o BoE sinalizou que pode cortá-los em agosto. Em comunicado, afirmou que a política restritiva está pesando sobre a economia real, “desacelerando o mercado de trabalho e pressionando a inflação”.

Para Ruth Gregory, economista da Capital Economics, o BoE deu vários sinais de que um corte se aproxima. Dois membros do comitê de política monetária votaram a favor de uma redução já na reunião de hoje. E o comunicado disse que o BC inglês irá “considerar dados que mostram que a inflação está caindo nas próximas previsões de agosto” — o que, na visão dela, indica que um corte poderá ser feito nesse mês se os indicadores vierem como esperado.

Depois da decisão do BoE, os mercados passaram a precificar 60% de probabilidade de o primeiro corte do banco central britânico acontecer em agosto. Para James Smith, economista do ING. se o próximo índice de preços ao consumidor (CPI), a ser divulgado em meados de julho, não tiver nenhuma surpresa, o BoE iniciará os cortes em agosto. O CPI de maio revelou que a inflação caiu para 2%, dentro da meta, pela primeira vez desde 2021. “A reunião de hoje sugere que o BoE está alinhado com o BCE, ficando mais confiante na sua habilidade de prever a inflação, e analisar prováveis oscilações no CPI”, disse.

Já o Norges Bank, BC da Noruega, manteve uma postura cautelosa ao deixar os juros inalterados e informou que um corte não deve ocorrer neste ano. Apesar de a inflação estar desaceleração, a expectativa é que o alto crescimento dos salários a mantenha acima da meta. A presidente do banco central, Ida Wolden Bache, afirmou que mesmo se a economia evoluir como previsto, um corte em 2024 é improvável.

Jack Allen-Reynolds, economista da Capital Economics, disse que outros países desenvolvidos cujo núcleo da inflação desacelerou, como a Noruega, já começaram a cortar os juros ou estão próximos da primeira redação. “Mas o Norges Bank está mais preocupado que os outros países que juros mais baixos desvalorizará a coroa norueguesa, elevando as pressões inflacionárias”, afirmou ele, que espera uma primeira redução em dezembro.

O próximo banco central europeu a divulgar sua decisão é o sueco Riksbank, em 27 de junho. A expectativa é que manterá as taxas inalteradas depois de inflação e crescimento terem ficado acima do esperado. “Esperamos que banco sinalize mais dois cortes neste nano, mas a forte coroa sueca abre espaço para mais cortes”, disse Smith, do ING, que espera mais três cortes em 2024 ano. O Riksbank cortou os juros pela primeira vez em maio, em 0,25 ponto para 3,75%.

— Foto: Ralph Orlowski/Bloomberg
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