Finanças
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Por , Valor — São Paulo


Os juros futuros encerraram o pregão desta quinta-feira (20) sem direção única. Após a sinalização do Copom de que deve manter a Selic parada em 10,5% por um longo período, agentes retiraram prêmios na ponta curta da curva, ao mesmo tempo em que, segundo operadores, a persistência dos riscos fiscais e declarações do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, voltaram a pressionar os vértices mais longos da curva.

No fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2025 caiu de 10,715% do ajuste anterior para 10,63%; a do DI para janeiro de 2026 recuou de 11,35% para 11,23%; a do DI para janeiro de 2027 passou de 11,67% para 11,60%; e a do DI para janeiro de 2029 oscilou de 12,035% para 12,03%. Na ponta mais longa da curva, a taxa do DI para janeiro de 2033 subiu de 12,07% para 12,17%.

A reação do mercado à decisão do Copom foi positiva. Nas primeiras horas de pregão, os juros futuros exibiam queda firme ao longo de toda a estrutura da curva, com vértices intermediários chegando a cair 20 pontos-base. Ao longo do dia, no entanto, o movimento foi se dissipando, com sinais de que outros riscos permanecem no mercado local.

"A reação, propriamente dita, pudemos ver na abertura, que foi boa. Ao longo do dia, outros fatores vão entrando nos preços. É difícil dizer que os movimentos intradiários foram causados por algum motivo específico, mas a piora do mercado coincidiu com as declarações do Lula, mais uma vez. Como se fizesse o mercado lembrar que apesar do Copom ter sido bom, o governo ainda não tem ajudado", afirma Jorge Dib, sócio e gestor da Galapagos Capital.

Mesmo assim, a parcela mais curta da curva fechou o dia em queda. Segundo Dib, o principal efeito deste Copom, por meio do cenário alternativo, foi ter diminuído a expectativa do mercado de que o BC poderia ser mais "hawk" e subir os juros no curto prazo para conter a deterioração das expectativas. "Tira um pouco, ou deveria tirar, a pressão de alta da parte curta da curva no curto prazo", avalia.

O profissional nota, no entanto, que a parcela mais longa da curva acabou exibindo um desempenho pior ao longo de toda a sessão. "Na medida em que a ponta longa é mais afetada pelos receios relacionados à política fiscal e menos pela política monetária. Com o Copom, o cenário acabou não mudando muito. Ainda tivemos o efeito do câmbio piorando ao longo do dia", afirmou.

Segundo dib, a Galapagos mantém posições aplicadas (que ganham com a queda das taxas) na parcela curta da curva e tomadas (que ganham com a alta das taxas) na parte longa. "Um pouco mais aplicado no curto do que tomado no longo, por conta dos prêmios embutidos. Também temos um pouco de NTN-Bs", revela.

Já segundo o profissional de tesouraria de um banco local, há espaço para melhora nos ativos brasileiros após a decisão do Copom. "Acho que os mercados estão minimizando a importância dessa decisão. Não apenas ela foi importante em si, mas foi principalmente uma reação à deterioração do mercado e uma confirmação da teoria que o sistema de freios e contrapesos funciona no Brasil. E, considerando o quão fraco está o sentimento do mercado e o quão barato o Brasil está, acho que há espaço para melhorias adicionais a partir desses níveis", afirma.

Segundo essa fonte, por qualquer métrica, as expectativas de inflação no Brasil estão muito altas – especialmente para os prazos curtos – e o real tem cerca de 20 a 30 centavos de "prêmio excessivo".

"O mercado acionário está cerca de 10% mais barato - pelo menos. Mas acho que a curva de juros está um pouco plana para os riscos. As altas de juros implícitas no curtíssimo prazo são apenas um prêmio que será gradualmente removido da curva. E isso ajudará no desempenho dos ativos", conclui.

 — Foto: Unsplash
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