Parcela de imigrantes com carteira assinada no Brasil é menor que há cinco anos

Para especialistas, faltam políticas pró-migração de integração e que garantam condições dignas de trabalho

Por , Valor — São Paulo


Apesar da forte expansão do mercado de trabalho desde o ano passado, a proporção de imigrantes com carteira assinada não vem acompanhando o aumento de imigrantes que chegam ao Brasil.

Enquanto o estoque total de imigrantes e solicitantes de refúgio em idade para trabalhar (de 15 a 64 anos) cresceu 113% nos últimos cinco anos, passando de 697.510 em 2018 para 1,48 milhão em 2023, o total de pessoas desses grupos no mercado de trabalho formal foi de 136.329 para 271.607, alta de 99%, segundo números da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), compilados pelo OBMigra para o Valor.

Proporcionalmente, contudo, hoje há menos imigrantes e refugiados no mercado formal do que havia cinco anos atrás. O percentual de indivíduos desses grupos em empregos CLT caiu de 19,5% em 2018 para 16,7% em 2021, segundo números da Rais. Em 2022, essa taxa se recuperou e atingiu 17,3%. No ano passado, chegou a 18,3%.

As estatísticas relativas a imigrantes e refugiados são da Polícia Federal e da Coordenação Geral do Comitê Nacional para os Refugiados (Conare). Mas se tratam estimativas, ressalta o OBMigra, uma vez que nelas não está discriminado quantos reemigraram para outro país ou morreram.

O venezuelano Andrés Meneses tentou um trabalho CLT por quase três anos, mas desistiu e hoje trabalha 13h por dia, de segunda a sábado, em um fábrica de cintos no Brás. Recebe R$ 61 por dia. Já o colombiano Jhon Rosero chegou a trabalhar em restaurantes e bares com carteira assinada, mas se sentia muito explorado e agora tenta sobreviver vendendo cocadas que faz.

Venezuelano Andrés Meneses tentou um trabalho CLT por quase três anos, mas desistiu — Foto: Gabriel Reis/Valor

Para especialistas, faltam políticas pró-migração no Brasil tanto que integrem esses imigrantes e refugiados quanto que garantam condições dignas de trabalho para eles.

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