Executivo de Valor
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Por Marlene Jaggi, Para o Valor — São Paulo


Alexandre Gonçalves Silva: maestro de colegiado que soma sugestões para encontrar as melhores soluções — Foto: Julio Bittencourt
Alexandre Gonçalves Silva: maestro de colegiado que soma sugestões para encontrar as melhores soluções — Foto: Julio Bittencourt

Aos 77 anos, 22 dedicados à carreira executiva e os últimos 15 à participação em conselhos de administração, Alexandre Gonçalves Silva recorre à lógica do Cisne Negro para falar dos últimos dois anos da Embraer. Desenvolvido pelo libanês Nassim Nicholas Taleb, o conceito trata dos impactos extremos sobre o que é altamente improvável. “Tivemos dois Cisnes Negros, um foi a covid, que dizimou a indústria aeronáutica, e o outro, o fim do negócio com a Boeing, que nos fez reintegrar a aviação comercial depois de dois anos trabalhando na separação do negócio”, diz o carioca que preside o conselho de administração da companhia há dez anos.

O desafio foi brutal, reconhece, mas também representou boa oportunidade de aprimorar a governança da companhia. “Trabalhamos juntos, conselho e diretoria, muito de perto, cada um no seu papel, com todo o cuidado que a governança exige, e hoje a Embraer está em franca recuperação”, afirma. Em relação a 2020, o plano de recuperação colocado em marcha pela companhia resultou em um crescimento, em 2021, de 15% da receita líquida, para R$ 27 bilhões.

Esse cuidado em não deixar o conselho avançar no dia a dia da empresa, nem a diretoria entrar nas obrigações do conselho, ilustra bem seu entendimento sobre o papel de um presidente de conselho: “Não é chefe dos conselheiros nem do CEO; é um maestro do colegiado; a pessoa que organiza, pauta, conduz reuniões, trabalha para garantir um relacionamento saudável, e não uma disputa de egos, que leve à soma das melhores sugestões e às melhores decisões”.

A postura tem sido importante para dar conta dos desafios dos últimos dois anos e dos revezes que continuam a pressionar a companhia, cuja receita líquida sofreu queda de 31% neste primeiro trimestre, para R$ 3 bilhões, por causa do impacto da reintegração dos sistemas da aviação comercial. Um cenário que continua a exigir maior dedicação dos conselheiros. “A sorte é que aprendemos na pandemia a fazer reuniões virtuais em horários que não atrapalham nem o dia de trabalho nem o jantar com a família em casa”, diz.

Silva dedica pelo menos 30% do seu tempo às demandas da Embraer – ele também participa como membro independente dos conselhos da Nitroquímica, que tem um braço no agronegócio, e da Iochpe-Maxion, da área de autopeças. “Estar em um conselho é uma experiência enriquecedora; você colabora muito, agrega valor, mas também aprende muito sobre novas indústrias, setores, estilos de governança; maneiras como as pessoas se comportam.”

Nessa década e meia, os conselhos de administração mudaram muito, a começar da composição, diz ele. “Antes, eram amigos do dono da empresa que tinham experiência, mas conversavam com menos frequência. Hoje são profissionais que agregam valor ao negócio; as reuniões são mais frequentes, organizadas, há critérios para discutir pautas recorrentes”, afirma.

Outra mudança, segundo Silva, ocorreu nos comitês dos conselhos, dos quais participam duas mulheres e dois estrangeiros. Hoje, a Embraer tem quatro comitês: um de estratégia e inovação, um de pessoas, um que trata de ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança) e outro de auditoria, risco e ética. Como presidente do conselho, Silva participa das reuniões de todos os comitês.

Se na jornada profissional sua paixão está nos aviões, na vida pessoal grande parte do bem-estar vem da água. Pescador inveterado, ele pratica pesca submarina sustentável nos fins de semana e férias. Já escreveu um livro sobre o tema e serve de referência para os cuidados com o preparo físico, que incluem exercícios e caminhadas diárias. Iniciativas que vencem o estresse e mantêm sua boa saúde física e mental.

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