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Por , Valor — Rio


Anotações feitas pelo próprio Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, detalharam o plano do executivo para “blindar seu patrimônio” após ele deixar o comando da varejista. Preso nesta sexta-feira (28) pela Interpol, Gutierrez tentou lavar dinheiro e ocultar seus bens, segundo a Polícia Federal, para evitar que fosse ligado às suspeitas de fraude na empresa.

O planejamento para isso foi escrito pelo ex-CEO em seu iPad e serviu, depois, como prova para os investigadores descobrirem a movimentação e decretarem a prisão preventiva dele. A anotações foram obtidas através do backup do equipamento de Gutierrez.

“As anotações do iPad demonstram a preocupação de Miguel Gutierrez em blindar o seu patrimônio, após deixar seu cargo de diretor presidente das Americanas, sabedor que o escândalo iria explodir. Como se verá, as evidências encontradas no iPad e os e-mails encontrados na conta institucional de Miguel Gutierrez revelam a criação de um engenhoso esquema societários, com diversas remessa de valores a offshores sediadas em paraísos fiscais”, diz a PF em relatório sobre o caso.

Em um documento criado em 19 de novembro de 2022, enquanto ainda estava no comando da varejista, Gutierrez passa a fazer o planejamento e, em formato de tópicos, vai listando suas metas. Ele escreve: “Premissa básica: sigilo completo”.

Em seguida, ainda seguindo este mesmo modelo de planejamento, escreve seus objetivos em “longo e curto prazo”. No primeiro, coloca “reserva de valor” e “sucessão”. No segundo tópico, “blindagem patrimonial”.

Todas as anotações, usadas a posteriori como prova pela PF, estão na caligrafia de Gutierrez. Ele ainda usa artifícios para dar destaques ao que importa na nota; por exemplo, “sigilo completo” aparece contornado em uma cor diferente.

Transferência de bens a familiares

Além das anotações com o planejamento do executivo, a PF também encontrou desenhos feitos por ele indicando as movimentações para ocultar o seu patrimônio, transferindo bens e imóveis para familiares, além de remeter valores a empresas ligadas a Gutierrez e seus parentes no exterior.

Entre as operações de transferência de dinheiro desenhadas pelo ex-CEO está um contrato mútuo no valor de US$ 1,5 milhão entre as empresas Tombruan Participações Ltda, sediada no Brasil, e Tombruan Corporation, sediada em Nassau, Bahamas, conhecido por ser um paraíso fiscal.

A defesa de Gutierrez foi procurada, mas não quis se manifestar.

Miguel Gutierrez,  ex-CEO da Americanas — Foto: Reprodução
Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas — Foto: Reprodução
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