A taxação de 20% sobre a importação de compras de até US$ 50, aprovada ontem (28) na Câmara dos Deputados, é um passo importante para melhorar a competitividade das varejistas brasileiras, avaliaram os analistas do mercado, em especial para as empresas de vestuário como Lojas Renner, Riachuelo e C&A.
Segundo cálculos do BTG Pactual, atualmente, a média de produtos da Shein, uma das principais afetadas pela nova taxação, é 28% mais barata que a da Renner, 31% mais barata que a da Riachuelo e 33% mais barata que a da C&A. Para o banco, a taxa significa que a Shein terá que competir com preços parecidos aos das empresas brasileiras.
A taxação também deve prevenir a expansão agressiva de novas varejistas entrantes no mercado brasileiro, avalia o Citi. “Dados do Banco Central mostram que importações de pequenos valores caíram durante grande parte de 2023, mas voltaram a acelerar neste ano, refletindo também a base de comparação mais baixa”, comenta o banco.
“É verdade que o furor em torno da Shein parece ter passado desde o ano passado e a aplicação da taxa de 20% pode representar um impacto adicional importante na competitividade da empresa”, comenta o Bradesco BBI.
O Santander, porém, é mais cauteloso em sua análise sobre o efeito da taxação de importações e defende que isso não chegará a ser um gatilho relevante para o setor. A implementação acontece em meio à diminuição da importação de produtos de vestuário, na comparação com o que era no passado, o que reduz o impacto positivo da taxa nas empresas brasileiras, explica o banco.
Essa visão também é compartilhada pela XP, que acredita que a taxação de 20% de varejistas internacionais para compras de até US$ 50 não cria um equilíbrio com o cenário enfrentado pelas empresas nacionais, que possuem uma carga tributária de 70% a 110%, dependendo da cadeia de produção.
O projeto, que ainda deve ser votado no Senado Federal, estabelece uma taxa menor do que os 60% sugeridos pelo setor, mas o Bradesco BBI acredita que mesmo que essa porcentagem fosse atendia, ao invés dos 20% aprovados, as lojas on-line chinesas ainda manteriam os preços mais competitivos do que as empresas brasileiras.
Além disso, o BTG destaca que o preço não é a única vantagem competitiva da Shein. Para o banco, a varejista on-line asiática possui uma grande rapidez na adaptação de produção das suas coleções e apelo nas mídias sociais, o que a diferencia da concorrência nacional.
Ainda assim, para plataformas como Mercado Livre e Magazine Luiza, a tributação é importante para coibir a entrada agressiva de plataformas novas, como a Temu, afirma o Santander.