A confiança do empresariado de serviços registrou segundo recuo consecutivo em junho, na leitura do Índice de Confiança de Serviços (ICS) da Fundação Getulio Vargas (FGV). Após recuar 0,6 ponto em maio, o indicador caiu 0,2 ponto em junho, para 94 pontos, menor patamar desde dezembro do ano passado (93,8 pontos). Para Stéfano Pacini, a confiança de serviços, em junho, está a “andar de lado” em junho – e deve continuar a “patinar” até fim do ano.
A retração na confiança foi puxada, basicamente, por maior cautela em relação ao momento presente. Isso é perceptível na evolução dos dois indicadores componentes do ICS. Enquanto o Índice de Situação Atual (ISA) caiu 2,9 pontos, o Índice de Expectivas (IE) subiu 2,4 pontos.
Ao ser questionado se os resultados dos dois subcomponentes indicam que o empresariado do setor sente que a demanda, hoje, não está boa, mas que pode melhorar, o especialista foi cauteloso. O técnico frisou que a economia de serviços, que representa quase 70% do PIB, é muito heterogênea.
“Por exemplo, se focarmos em serviços prestados às famílias, o que norteia esse campo é o consumo interno; mas se formos para serviços profissionais, essa área é mais impulsionada por demandas específicas de empresas”, disse. Isso, na prática, significa que as razões que a impulsionam partem de diferentes origens, e causas, notou.
Para o técnico, o recuo do ICS pode ser entendido mais como uma estabilidade do que uma queda que possa indicar trajetória negativa futura da economia do setor. Ele lembrou que a atividade de serviços opera em patamar recorde, na série da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pesquisa que disponibiliza dados oficiais do setor. No PIB do primeiro trimestre, o IBGE também informou que a atividade estava em maior nível da série.
Assim, o economista ponderou que o setor não pode se manter em patamar recorde para sempre – e o empresário do setor sentiu isso, em junho, e apresentou um humor em compasso de espera.
“Vimos resultado positivo na PMS [alta de 0,5% em abril ante março, dado mais recente] mas não está acelerando [a atividade do setor]” disse. Ele acrescenta que, em seu entendimento a economia de serviços está mais para uma “trajetória lateral”. Ou seja: sem dar sinais de crescimento, mas tampouco de forte desaceleração.
“Podemos dizer que o setor está se mantendo em seu patamar atual, a atividade não está caindo” resumiu. “Dito isso creio que a confiança do setor pode continuar a ‘andar de lado’ nos próximos resultados [do ICS]”, concluiu.