Sociedade
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Por Vanessa Oliveira, do Um Só Planeta

Há uma urgência no mundo para mobilizar mais recursos financeiros que possam ser investidos em projetos de combate à crise climática, gerando impacto positivo para as sociedades e o meio ambiente. Estima-se que, globalmente, apenas 2% da doações filantrópicas são dedicadas a iniciativas relacionadas com o clima.

No Brasil, a cultura filantrópica ainda engatinha, apesar do país figurar na lista de 20 nações com mais bilionários no mundo, ocupando o 18º lugar na lista de maior concentração de riqueza, com 51 pessoas donas de um patrimônio total de US$ 160 bilhões. Por aqui, as doações são baixas, com um total estimado de US$ 4 bilhões em repasses anuais. A título de comparação, nos EUA, só em 2021, as doações somaram mais de US$ 480 bilhões.

Em um momento em que desafios socioeconômicos e ambientais escalam no mundo, ao ponto da chamada "policrise" aparecer como um risco global no relatório do Fórum Econômico de 2023, também aumenta a necessidade de mais dinheiro para aplacar as crises que assolam o mundo -- da perda de biodiversidade, passando pela crise do clima, a desinformação, os confrontos geoeconômicos até a escassez de recursos naturais.

Um novo relatório publicado nesta semana pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, serve como um apelo à ação para os filantropos ajudarem a combater as problemáticas socioambientais e as mudanças climáticas por meio da colaboração intersetorial. O estudo "Perspectivas para a Filantropia no Brasil" sublinha ainda a necessidade de uma mudança sistêmica e de um progresso constante na implementação das soluções necessárias para enfrentar esses desafios.

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O relatório destaca movimentos e iniciativas que buscam responder à "policrise" e para os quais filantropos e investidores sociais devem estar atentos. "A ação filantrópica, ao mesmo tempo que gera mudanças, responde aos desafios de seu tempo. É propositiva e resiliente, fruto de iniciativas individuais e de criações coletivas", explica Paula Fabiani, CEO do IDIS, ressaltando que o estudo é um convite à reflexão e à ação.

Exemplos de experiências, organizações e lideranças que atuam na proteção do meio ambiente, na questão climática, na promoção da diversidade e o combate à pobreza estão presentes no relatório, que também destaca inovações no campo da avaliação de impacto, que começa a se beneficiar do blockchain, e a adoção da Inteligência Artificial.

Dado o privilegiado papel do Brasil em importantes discussões, como o G20 neste ano e a COP30 sobre clima em 2025, e tendo em vista a longa trajetória institucional do país na criação de mecanismos de proteção e preservação do meio ambiente, os pesquisadores do IDIS enxergam tendência positiva para a filantropia brasileira associada a essas áreas.

"Enfatiza-se o caráter disruptivo que a filantropia deve e pode ter para as questões ambientais, ao apoiar iniciativas que considerem a sociedade como parte integrante e fundamental para a preservação do meio em que vive e, portanto, de si mesmo", dizem em um trecho. Entre os projetos citados como bons exemplos está o da Coalizão para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, formada em 2023 por GIZ, WRI Brasil e Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos, que busca melhorar a qualidade de vida daqueles que vivem na área compreendida pelo bioma da Amazônia em harmonia com a natureza, focando na capacitação de atores políticos e articulação.

E também o movimento ImPACTO NetZero, criado pela empresa de celulose Klabin e atualmente apoiado pela Rede Brasil do Pacto Global da ONU, para que empresas se mobilizem em prol de um planeta mais sustentável, reduzindo as suas emissões de gases de efeito estufa. Outro destaque é o projeto Raízes do Purus, iniciativa da Operação Amazônia Nativa – OPAN, primeira organização indigenista fundada no país, em 1969, que tem investido no fortalecimento e promoção de formas sustentáveis de manejo na Amazônia e no Cerrado. Além do PODÁALI, mecanismo financeiro, gerido e liderado por indígenas, que reforça a autodeterminação e o protagonismo dos povos indígenas no fortalecimento e valorização de seus modos de vida e culturas.

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