Opinião
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Por Fernando Campos*

O Brasil tem uma grande oportunidade de liderar a luta global contra as emissões de gases de efeito estufa (GEE). O governo está dando exemplo ao revisar suas metas que, agora, incluem uma redução de 48% até 2025 e 53% até 2030, superando muitas nações desenvolvidas.

Esta liderança deve-se à eficiência notável com que o Brasil pode reduzir suas emissões. Agricultura é uma fonte significativa de emissões de GEE, representando quase um quarto delas, segundo a plataforma Seeg. Estas emissões estão diretamente ligadas ao setor vital do agronegócio, que contribuiu com 24,1% do PIB do país em 2022, de acordo com o Cepea/Esalq/USP.

Ações de baixo custo

Para combater os principais emissores de GEE no Brasil, bastam ações simples e de baixo custo. Grandes projetos, como usinas de energia limpa, não são necessários devido à predominância de fontes renováveis na matriz elétrica brasileira. Entre elas, a redução do desmatamento é crucial, especialmente na Floresta Amazônica, que armazena grandes quantidades de CO2. Iniciativas como o REDD e o REDD+, que incentivam a preservação florestal e a redução de emissões, são reconhecidas nacional e internacionalmente, combinando conservação, manejo sustentável de florestas e aumento dos estoques de carbono.

A Tobasa, empresa que produz carvão ativado a partir da castanha de babaçu, protege 300 mil hectares de floresta e sustenta 1.500 famílias no Tocantins, por exemplo. A CooperSapó, cooperativa de agricultores familiares no Amazonas, cultiva e vende 50 toneladas de sementes de guaraná por ano, sustentando 45 membros em 14 comunidades locais.

Projetos de reflorestamento são uma grande oportunidade, considerando os 70 milhões de hectares de terras degradadas no Brasil e o compromisso de restaurar 12 milhões de hectares no Acordo de Paris.

Empresas como re.green e Biomas têm metas ambiciosas de restauração. A re.green pretende restaurar um milhão de hectares em 15 anos, enquanto a Biomas visa conservar e restaurar quatro milhões de hectares, com investimento de 20 milhões de reais de cada fundador nos primeiros anos. A Belterra, por sua vez, estabelece parcerias com agricultores para criar florestas produtivas em áreas degradadas, com um investimento de U$35 milhões de dólares. Essas iniciativas não só contribuem para a restauração ecológica, mas também têm um impacto social e ambiental significativo, ajudando na mitigação da crise climática.

Para financiar projetos como esses, aqui na Sitawi, por exemplo, nós propomos a adoção do “capital empático”. Ou seja, investimentos de longo prazo e de alto risco, alinhados com os ciclos anuais de colheita, típicos de muitas culturas da Amazônia e de outras culturas locais com biodiversidade. Este é um passo crucial para uma economia mais sustentável.

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Desafios remanescentes

Simplificar o acesso a recursos financeiros para comunidades locais é crucial para promover a agricultura e a gestão florestal sustentáveis. As condições contratuais devem ser realistas e fáceis de executar, reconhecendo as limitações financeiras dessas comunidades.

É essencial que essas comunidades tenham voz na elaboração dos instrumentos financeiros para proteger seus direitos e conservar a biodiversidade. Mecanismos financeiros transparentes e equitativos devem ser estabelecidos para decisões participativas, lideradas pelas comunidades, enquanto fundos de repartição de benefícios facilitam o acesso e a alocação de recursos.

Com o compromisso sustentável e ferramentas financeiras apropriadas, o Brasil, de fato, pode potencializar suas comunidades locais e sua biodiversidade, tornando-se um exemplo global.

* Fernando Campos é Gerente de Finanças de Conservação e Clima da Sitawi

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