Podcast: tragédia no RS faz governo federal acelerar plano de política de mitigação e adaptação climática

Entre no Clima estreia temporada sobre soluções de adaptação com Inamara Melo, coordenadora geral de Adaptação na Secretaria Nacional de Mudança do Clima, ligada ao MMA

Por Guilherme Justino, Sabrina Neumann e Gustavo Maffei *, do Um Só Planeta


Uma mulher caminha por uma rua ainda alagada pelas chuvas torrenciais em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, em 24 de maio de 2024 Getty Images

Enquanto a crise climática avança, as cidades precisam se adaptar para permanecerem habitáveis, funcionais e prósperas no futuro. Em um Planeta em ebulição, a adaptação é um conceito fundamental que define o processo de ajustamento ao clima e aos perigos climáticos reais ou esperados, procurando reduzir os impactos negativos ou explorar oportunidades benéficas. Assim como em relação à redução das emissões de gases do efeito de estufa, também é urgente fazer preparativos para os impactos inevitáveis ​​das mudanças climáticas.

As cidades, que são responsáveis ​​por 70% das emissões de gases com efeito de estufa, são o lar de mais de metade da humanidade – um número que deverá atingir os 68% até 2050. A era do colapso climático coincide com a maior onda de urbanização da história da humanidade, à medida em que centenas de milhões de pessoas migram para as cidades, muitas das quais já sofrem com os impactos climáticos.

Esta mistura nociva de densidade populacional e um clima instável dá lugar a uma variedade de intensas catástrofes urbanas, desde escassez de água a ondas de calor e "megainundações", como a que atingiu o Rio Grande do Sul ao longo de maio.

Para Inamara Melo, coordenadora geral de Adaptação na Secretaria Nacional de Mudança do Clima, vinculada ao Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e primeira entrevistada desta temporada temática do podcast Entre no Clima, "é preciso se antecipar ao desastre". A pasta, liderada pela ministra Marina Silva, está sob pressão para preparar um programa mais robusto para emergências climáticas.

"Precisamos de resposta rápida, sim, mas são alguns séculos de uma história que não podemos resolver de pronto. Temos buscado uma concertação entre o governo e sociedade para mobilizar a agenda da adaptação. O Brasil ousa enfrentar a questão com altivez e vontade para garantir programas mais robustos, apoiando estados e municípios para terem maior capacidade de lidar com mudança do clima", diz ela.

No início do mês, a Câmara dos Deputados aprovou o Projeto de Lei 4129/21, que estabelece diretrizes para a elaboração de planos de adaptação às mudanças climáticas nos níveis municipal, estadual e federal. O texto, de autoria da deputada Tabata Amaral (PSB-SP) e outros, circulava no Parlamento desde 2022, foi alterado pelo Senado, passou novamente pela Câmara e seguiu para sanção do presidente Lula.

O texto especifica que o plano nacional de adaptação às mudanças do clima e suas ações e estratégias serão fundamentados em evidências científicas, considerando os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado às Nações Unidas.

*Créditos
Reportagem: Guilherme Justino
Produção: Sabrina Neumann
Edição: Gustavo Maffei

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