Presidente da COP29 diz que governos eleitos este ano terão de cumprir as mesmas obrigações climáticas que seus antecessores

Este ano, haverá eleições em várias partes do mundo, por exemplo, Estados Unidos, União Europeia, Reino Unido, Índia e Rússia. E Mukhtar Babayev, presidente da COP29, que será realizada em novembro em Baku, no Azerbaijão, ressaltou que os governos que assumirem o poder serão obrigados a cumprir as mesmas obrigações climáticas que os seus antecessores.

Em entrevista exclusiva ao The Guardian, Babayev, que também é ministro da Ecologia e dos Recursos Naturais do Azerbaijão, garantiu que todos enfrentarão a mesma necessidade de reduzir as emissões de gases de efeito estufa (GEE) e de combater o aquecimento global.

“Não creio que qualquer eleição vá alterar a política de qualquer país para avançar na consolidação destas questões [sobre o clima]. É por isso que o nosso objetivo é aproveitar qualquer oportunidade, qualquer comunicação com estes países para levar este processo a resultados positivos”, observou.

O presidente da COP29 acrescentou que irá responsabilizar os líderes mundiais pelos seus compromissos. “Penso que todos os países cumprirão as suas obrigações e avançaremos nesta direção. Eu sou otimista. Faremos tudo e faremos o nosso melhor para [garantir] que todos os países avancem nesta direção.”

Uma das eleições mais comentadas é a dos Estados Unidos, que provavelmente colocará novamente frente a frente Joe Biden, que atua em prol do clima, e Donald Trump, que retirou a nação do Acordo de Paris quando foi presidente.

Em relação a este processo eleitoral, Babayev reconheceu que é “muito interessante”. “Até o final deste ano, trabalharemos com a atual administração. E penso que temos uma boa oportunidade de convidar todos os participantes a Baku para discutir a agenda. Estamos trabalhando com a atual administração dos EUA para, pelo menos, desenvolver a agenda para trabalharmos juntos, para alcançarmos as metas juntos.”

Azerbaijão como fornecedor de combustíveis fósseis

Na entrevista, o ministro também comentou a situação do Azerbaijão, que é produtor de petróleo desde a década de 1840 e um dos maiores fornecedores mundiais de combustíveis fósseis.

Ele disse que o governo está tomando medidas para descarbonizar a economia, impulsionando as energias renováveis e procurando uma transição para longe do petróleo e do gás – a meta da nação é deixar de ter quase a totalidade (98%) de combustíveis fósseis no seu mix energético e alcançar 30% de energias renováveis até 2030. “O Azerbaijão é líder na região no investimento em energias alternativas. [É] a intenção do Azerbaijão virar a esquina da nossa economia para uma direção verde. Muitos programas já foram adotados pelo nosso governo [na prossecução desta agenda de crescimento verde]”, relatou.

O The Guardian destaca que uma das questões-chave na COP29 deverá ser o financiamento climático. Nesse sentido, Babayev apelou ao setor privado para que intensifique o financiamento para uma transição verde no mundo em desenvolvimento.

“A nossa tarefa é convidar tanto quanto possível o setor privado para o financiamento climático – é uma fonte muito boa para novas iniciativas, novos formatos, novos mecanismos de financiamento”, disse ele, complementando que a meta do Acordo de Partis de limitar a temperatura a 1,5°C ainda deve ser o foco central da convenção-quadro da ONU.

“Precisamos consolidar nossos esforços para 1,5°C. Não sou pessimista nesta questão. Temos que avançar na meta e na implementação do programa [para reduzir as emissões globais]. Se iniciarmos a ação, iniciarmos a implementação dos acordos feitos nas COPs anteriores, temos uma chance. Nós faremos nosso melhor”, completou.