Foice Livre: campesinato ibérico e transformação social entre fins do mundo romano e a Idade Média (c. 300 - c. 500), 2023
O livro procura compreender a agência camponesa na passagem do Mundo Antigo à Idade Média no cont... more O livro procura compreender a agência camponesa na passagem do Mundo Antigo à Idade Média no contexto da Península Ibérica. Adota-se, portanto, o recorte que vai de cerca do ano 300 até por volta do ano 500, em função justamente de serem esses dois séculos os fundamentais para se entender o papel desempenhado pelo campesinato nas transformações profundas pelas quais passa essa região da Europa no momento de desarticulação do Império Romano.
O autor Eduardo Daflon, na Introdução, reflete sobre a relevância dos estudos camponeses e explora em linhas gerais os porquês desses agentes sociais serem tão pouco estudados e sobre o conceito de "camponês" como classe social e apresento uma caracterização geográfica e climática da Península Ibérica. No primeiro capítulo, oferece contexto geral da formação da Hispânia romana e da configuração do mundo rural, especialmente a partir das reformas de Diocleciano em princípios do século IV. O foco recai especialmente sobre o sistema de grandes propriedades aristocráticas – conhecidas como uillae – por ser essa a estrutura mais conhecida daquela realidade histórica.
No segundo, trata da desarticulação da Hispânia do resto do mundo romano e do fim do sistema de uillae enquadrando as condições de existência camponesa até por volta do ano 450. Desse cenário de desestruturação é que se formaram realidades muito mais regionalizadas na Hispânia, nas quais a agência camponesa foi central. Para poder apreender essa enorme diversidade, partiu dos dados da Arqueologia para propor recortes de análise que visam permitir uma apreensão global das transformações escapando de generalizações abusivas. Esses vários territórios que passaram por trajetórias históricas específicas são o foco do último capítulo. Assim, aborda da maneira mais exaustiva possível os dados de cada uma das partes constitutivas, buscando entender quais eram as possibilidades de ação camponesa ao longo da segunda metade do século V.
Daflon busca demonstrar, na Conclusão, que nos últimos momentos de vigência imperial os camponeses que estavam enquadrados sob graus de submissão elevados passaram a desfrutar de níveis de autonomia substanciais em boa parte do mundo ibérico. Segundo ele, algo que se deve à sua ação na luta de classes durante uma conjuntura favorável na qual enfrentaram a aristocracia de diversas formas, que variaram da revolta aberta até formas de resistência cotidiana. Os resultados desses embates entre campesinato e aristocratas produziram um mundo marcado por realidades regionais muito diversas na virada para o século VI. Dessa forma, o autor procura deixar claro o quão indispensável é o conhecimento do campesinato para o estudo da passagem do Baixo Império Romano à Alta Idade Média.
Para tornar mais claros os argumentos, deixar mais evidente a regionalização proposta e facilitar a compreensão dos leitores, no livro se encontram diversos mapas da Península Ibérica. Neles, todos os locais indicados no texto estão sinalizados por um número específico. Sempre que algum ponto é indicado no corpo do texto, ao lado dele está referido o seu código entre parênteses para tornar mais simples a sua localização. Também consta uma tabela onde todos os pontos mencionados estão ordenados de forma alfabética e associados aos seus respectivos códigos.
Artigos sobre diferentes sociedades pré-capitalistas publicados em homenagem ao professor Ciro Fl... more Artigos sobre diferentes sociedades pré-capitalistas publicados em homenagem ao professor Ciro Flamarion Cardoso.
Entre 12 e 14 de novembro de 2012 realizou-se, no campus do Gragoatá da Universidade Federal Flum... more Entre 12 e 14 de novembro de 2012 realizou-se, no campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense, o II Encontro Internacional de E IV Nacional do Translatio Studii - Núcleo Dimensões do Medievo. Essa publicação é a síntese dos debates produzidos naquela ocasião congregando uma grande diversidade de temáticas relativas ao período que se convencionou chamar de "Idade Média", mostrando que essa fatia temporal constitui-se como um importante "laboratório humano" cujo sentido e importância superam, inclusive, qualquer limitada perspectiva acerca de heranças diretas suas que possamos reconhecer ainda "(sobre)vivas" em nosso meio.
Resumo: O presente trabalho almeja contribuir para desvelar o protagonismo histórico de um sujeit... more Resumo: O presente trabalho almeja contribuir para desvelar o protagonismo histórico de um sujeito oculto, os camponeses na Alta Idade Média Ibérica, entre os anos de cerca de 450 a cerca de 750. O campesinato formou o grupo social mais numeroso no curso de um vastíssimo período da História. Apesar disso, os estudos camponeses são muito pouco desenvolvidos na atualidade, especialmente aqueles dedicados a contextos précapitalistas, cuja historiografia mantém-se predominantemente focada no estudo das classes dominantes de outrora. O contexto deste estudo inicia-se com a dissolução da paisagem romana dominada, também na Península Ibérica, pelas uillae, por volta do ano 450, com a progressiva constituição de uma paisagem dominada pela disseminação de aldeias e granjas camponesas, concluindo-se às vésperas da manifestação de uma nova transformação do meio rural ibérico ocorrida em meados do século VIII em decorrência da conquista muçulmana. Busca-se, ainda, caracterizar o campesinato na sua condição de sujeito social dinâmico e ativo na estruturação da sociedade em questão.
Abstract: This thesis aims to contribute to the understanding of the historical protagonism of a hidden subject, the early medieval peasantry between the years 450 and 750. The peasants are the most numerous group in the vast course of history. Nevertheless, peasant studies are underdeveloped nowadays, especially those dedicated to precapitalist societies which have a historiography very concentrated on the analysis of the dominant classes of yore. This study starts with the Roman landscape dissolution and its uillae system around the year 450. After that, there is the progressive formation of a landscape dominated by peasant villages and small farms. This new early medieval landscape ends with a new transformation of the Iberian rural world around the 8th century because of the muslin conquest. In this way, this thesis attempts to characterize the peasants as an active group with an essential role in Iberian early medieval society configuration.
Resumo: O objetivo central desse trabalho é traçar uma caracterização do Estado visigodo entre os... more Resumo: O objetivo central desse trabalho é traçar uma caracterização do Estado visigodo entre os séculos VI e VIII, superando certos paradigmas historiográficos que ou projetam para a Alta Idade Média a existência de uma extemporânea estrutura estatal vigorosa ou negam veementemente qualquer expressão sua. A fim de escapar dessas perspectivas procuro considerar o Estado na longa duração, analisando a sua configuração entre os germanos e os romanos, sociedades que grosso modo interagiram e se integraram no advento da Idade Média. Observada essa gênese do Estado, busco demonstrar que ele está dialeticamente associado às relações sociais de produção então em constituição. Suas instituições, dessa forma, reforçavam a exploração sobre o campesinato e a dominância de uma parcela da aristocracia sobre outra. Munido dessas referências é, então, possível abordar as dinâmicas sociais que operaram e reproduziram o Estado na Hispânia alto medieval.
Abstract: The central goal of this work is to settle a visigothic state‟s characterization between the 6th and 8th centuries, overcoming some historiography‟s paradigms witch project to the Early Middle Ages a extemporaneous powerful state structure or that deny it completely. To avoid such perspectives I tried to consider the state in a long term, analyzing it among the Germans and Romans, societies that grosso modo interacted and became integrated at Middle Ages beginning. Established this state geneses, I aim to demonstrate it is dialectically associated to the production social relations. Therefore, the state institutions reinforced the peasantry exploitation and the domination of one aristocracy fraction over another. Hence, provided with those reflections is possible to understand the socials dynamics witch operated the Spania Early Middle Ages state.
Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é frequente a mob... more Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é frequente a mobilização do termo “camponês” que tem uma larga tradição de estudos existente nas Ciências Humanas que remonta pelo menos ao século XIX. Porém, desde os anos 1980 houve uma redução expressiva no número de trabalhos com foco nesses agentes sociais. Para o mundo pré-capitalista em geral – e o medieval em particular – temos a existência de sociedades cuja absoluta maioria da população vive no campo e tira seu sustento majoritariamente do trabalho agrícola. Por sua vez, esses longevos anos de reflexão sobre o campesinato não encontraram eco marcante nos estudos do medievo, com aqueles que trabalhavam o solo merecendo de medievalistas comparativamente muito menos atenção que a aristocracia. Apesar disso, o termo “camponês” não é raro, aparecendo normalmente desprovido de uma reflexão conceitual mais aprofundada. O presente trabalho busca argumentar que a aplicação de uma conceituação mais pre...
Resumo: Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é fre... more Resumo: Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é frequente a mobilização do termo “camponês” que tem uma larga tradição de estudos existente nas Ciências Humanas que remonta pelo menos ao século XIX. Porém, desde os anos 1980 houve uma redução expressiva no número de trabalhos com foco nesses agentes sociais. Para o mundo pré-capitalista em geral – e o medieval em particular– temos a existência de sociedades cuja absoluta maioria da população vive no campo e tira seu sustento, majoritariamente, do trabalho agrícola. Por sua vez, esses longevos anos de reflexão sobre o campesinato não encontraram eco marcante nos estudos do medievo, com aqueles que trabalhavam o solo merecendo de medievalistas, comparativamente, muito menos atenção que a aristocracia. Apesar disso, o termo “camponês” não é raro, aparecendo normalmente desprovido de uma reflexão conceitual mais aprofundada. O presente trabalho busca argumentar que a aplicação de uma conceituação mais precisa do campesinato permitirá ganhos analíticos e de compreensão historiográfica desse grupo internamente e historicamente heterogêneo. Para tanto, elabora-se uma breve revisão da bibliografia disponível e com base nela propõe-se uma maneira de abordar teoricamente o campesinato (alto)medieval.
Abstract: The word “peasant” is frequently used to address a series of rural realities, very diverse points in time and space. It is a term with a long tradition in the Humanities, which goes back at least to the 19th century. However, since the 1980’s there was a dramatic shortage in works focused on this social actors. For the pre-capitalist world in general – and the medieval in particular– we have societies with the absolute majority of the population based in the countryside living from the work in the fields. Inspite of that, peasant studies did not find great repercussion inmedievalism; aristocracies tend to deserve much more attentionfrom historians than those who cultivate the soil. As result, although the word peasant is not rare in medieval history, it does not come along with a deeper conceptual reflexion. The present text argues that a more precise use of the concept of “peasantry” would bring analytical and historiographical gains to the research of this historically heterogeneous group. With this in mind, a bibliographic revision is made in order to propose a theoretical approach to the (early) medieval peasantry.
Resumen: En este artículo presentamos un conjunto de materiales inéditos procedentes del yacimien... more Resumen: En este artículo presentamos un conjunto de materiales inéditos procedentes del yacimiento arqueológico de Valencia do Sil (Vilamartín de Valdeorras, Ourense) almacenados en las dependencias del Concello de O Barco de Valdeorras. Este material proviene de diversas intervenciones llevadas a cabo sobre el sitio desde los años 60 hasta, probablemente, los años 80. Su interés radica no solo en su volumen, sobre todo en lo que respecta al conjunto cerámico, sino por la valiosa información que proporciona sobre un yacimiento conocido de antiguo por la historiografía pero del que apenas se tenía información.
Abstract: We present in this paper the analyses of some unpublished archaeological record from the site of Valencia do Sil (Vilamartín de Valdeorras, Ourense). This material is currently stored in the dependencies of the Council of O Barco de Valdeorras, and it comes from a varied set of archaeological interventions which took place from the 60s until, probably, the 80s. This revision is not only interesting for its significant quantity, especially regarding the ceramic assemblages, but also for the valuable information it gives on this site. A site that was previously known by historiography but of which there was a lack of information.
Resumo: O presente artigo materializa uma primeira iniciativa dos autores no sentido de dimension... more Resumo: O presente artigo materializa uma primeira iniciativa dos autores no sentido de dimensionar historicamente o peso e a incidência da violência como mecanismo essencial das relações de dominação no milênio agrário medieval. Sua motivação de fundo deriva do drama cotidiano da violência e das mortes impostas pelo latifúndio na dura realidade das lutas camponesas da atualidade. Da visão de conjunto que aqui se elabora destaca-se a coerção física como um componente constante das relações de produção e extração dos excedentes camponeses pela aristocracia terratenente medieval, praticada em situações e condições diversas ao longo do período. Naturalizada nos testemunhos de época e subdimensionada pela historiografia
corrente, a violência cotidiana “daqueles que guerreavam” tinha por lógica primária e campo de expressão primordial a exploração do campesinato, chegando a desdobrar-se nos violentos confrontos intrassenhoriais. Após estabelecer algumas linhas teóricas gerais sobre o papel da violência na História, desenvolvemos estudos de casos sobre a sua ocorrência em contexto medieval, privilegiando suas manifestações no quadro da dominação social do campesinato pela aristocracia.
Abstract: This article is the product of the author's initial efforts to measure historically the incidence and relevance of violence as an essential mechanism of social domination during the medieval agrarian millennium. These reflections came forth due to the violence and death still currently imposed upon peasants who struggle for better life conditions in the rural reality, caused by the great landowners. From a wider perspective here presented, we highlight physical coercion as a constant element in the production as well as in the peasants surplus extraction by the medieval landowner aristocracy, which was carried out in many distinct ways and different periods. Naturalized by medieval documents and underestimated by present-day historians, the violence of “those who fights” had as an essential logic the exploitation of the peasantry, unfolding itself in the violent and constant confrontations inside the aristocracies. Hence, after establishing some general theoretical lines on the role of violence in History, we developed a few case studies on its occurrence during the Middle Ages, especially when it was used as a way of social domination by the aristocracy over the peasantry
Resumo: A chamada Hispânia Visigótica foi, sem dúvida, uma sociedade estratificada e cindida. Não... more Resumo: A chamada Hispânia Visigótica foi, sem dúvida, uma sociedade estratificada e cindida. Não só em distintas classes sociais – sendo a aristocracia e o campesinato as duas principais –, mas também do ponto de vista das disputas internas às classes, algo que pode ser percebido pelas tensões intermitentes das quais a documentação nos dá apenas algumas pistas. Estes conflitos internos, no que diz respeito à aristocracia, são mais evidentes no contexto das constantes disputas pelo trono régio, porém se manifestam frequentemente nos conflitos pelo controle de patrimônio fundiário e dos dependentes. Em suma, a fim de amortecer e tentar controlar estes choques internos, podemos vislumbrar a existência de mecanismos privilegiados de articulação dos grupos dominantes, sendo um deles o palácio régio ou, como muitas vezes referido nos documentos de época, o Officium Palatinum. Assim, consiste em um dos objetivos fundamentais deste trabalho esboçar uma caracterização deste âmbito de articulação, bem como explicitar os níveis de dominação por ele propiciado.
Abstract: The so called Visigothic Spain was, certainly, a stratified society, not only in social classes – being the aristocracy and the peasantry the mains ones – but also through the perspective of the tensions and conflicts inside the classes. It is possible to observe this process thanks to the context of constant dispute among the aristocrats for acess to land, labor and, at a higher level, the crown itself. Those referred tensions, among the aristocracy, may be best seen in the frequent conflicts to control the throne, but also during the disputes for land patrimony and dependent peasants. In summary, aiming to soft and restrict internal shocks, it is possible to see the existence of articulation mechanisms inside the dominant groups. One of then is the king's palace or, as referred in the primary sources, the Officium Palatinum. Therefore, this paper main objective is to propose a characterization of such articulation as well to offer an explanation about the domination levels that it propicies.
Resumo: O objetivo do presente artigo é desenvolver um esforço de caracterização de uma instituiç... more Resumo: O objetivo do presente artigo é desenvolver um esforço de caracterização de uma instituição rural visigótica – o conventus publicus vicinorum – que, decerto pela exiguidade de referências documentais, mereceu até o momento pouquíssima atenção dos historiadores. A partir do debate sobre as configurações e os limites da dominação senhorial na Península Ibérica visigótica (séculos VI a VIII) abordo as formas de articulação camponesa. Considerando a diversidade de estatutos sociais que compunham o campesinato, bem como o quadro mais geral de relações sociais no qual essa classe se inseria, seremos capazes de entender a relevância e os limites dos conventibus publicis vicinorum como um elemento de organização da comunidade e da resistência camponesa no contexto em questão.
Abstract: The main purpose of this article is to develop an effort towards the characterization of the visigothic rural institution called conventus publicus vicinorum, which, due to the exiguity of documental sources deserved, until this moment, little attention from historians. Based on the debate about the limits of seigniorial domination and configuration in the visigothic Iberian Peninsula (VIth to VIIIth centuries), I broach the subject of the peasant forms of articulation. Considering the diversity of social status that the peasantry was composed of, as well as the more general social landscape in which this class inserted, we can be capable of comprehending both the relevance and the limits of the conventibus publicis vicinorum as an element of communal organization and peasant resistance.
O presente trabalho inspira-se no estudo realizado por Marcelo Badaró Mattos, intitulado "As base... more O presente trabalho inspira-se no estudo realizado por Marcelo Badaró Mattos, intitulado "As bases teóricas do revisionismo: o culturalismo e a historiografia brasileira contemporânea", em que desenvolve uma análise dos fundamentos teóricos que embasam as pesquisas históricas no Brasil de hoje tomando por base as últimas atas dos encontros nacionais da Associação Nacional de História (ANPUH) e os últimos números da Revista Brasileira de História (RHB). Proponho-me, assim a, baseando-me em sua metodologia, promover um balanço da recente produção medievalística nacional. Para tanto, focarei meus esforços nas atas dos dois últimos Encontros Internacionais de Estudos Medievais, promovidos bienalmente pela Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM), com o intuito de estabelecer os rumos que a produção brasileira dedicada à história medieval vem tomando nos últimos anos, as influ��ncias que sobre ela incidem e as suas consequências para o conhecimento das sociedades humanas do passado.
Atas X Encontro Internacional de Estudos Medievais, 2013
O presente trabalho tem por objetivo debater questões acerca da natureza do Estado no período med... more O presente trabalho tem por objetivo debater questões acerca da natureza do Estado no período medieval. Para tanto, partimos da crítica das perspectivas consolidadas que, ou negam veementemente a existência dessa instituição, ou a percebem apenas como origem mais ou menos remota do paradigma da Monarquia Absolutista. Assim sendo, julgamos que assumem pressupostos que, mais do que esclarecer o tema, o põe sob a sombra da Era Moderna ou mesmo do Império Romano. Dessa forma, tentamos aqui dar um primeiro passo em direção a uma
tentativa de superação do problema, voltamo-nos para dois contextos bem diferentes, o do Reino Visigodo e o do Portugal sob o reinado de Afonso III, atentando em especial para as relações de dominação e para as relações pessoais.
Questão Agrária, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional, 2021
O objetivo do deste texto é promover uma análise do projeto de passado construído pelo agronegóci... more O objetivo do deste texto é promover uma análise do projeto de passado construído pelo agronegócio através das cartilhas da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) bem como das propagandas televisivas do "Agro é Pop". Trata-se de um projeto que eterniza desde os tempos mais remotos a prevalência de uma História da Agricultura como uma História do Agronegócio. A crítica dessa perspectiva é fundamental para pensarmos modos alternativos de futuro lastreados na diversidade histórica das muitas experiências humanas no pretérito.
Os estudos medievais no Brasil ainda levam em muita pouca consideração a documentação arqueológic... more Os estudos medievais no Brasil ainda levam em muita pouca consideração a documentação arqueológica, sendo ainda quase que exclusivamente feita a partir de fontes textuais. Por outro lado, são raros também os trabalhos que se dediquem ao tema dos estudos camponeses durante a Alta Idade Média. Assim, foi produzida esta resenha no sentido de divulgar entre as(os) medievalistas brasileiras(os) um trabalho que promove uma análise das sociedades camponesas ibéricas entre o V e VIII. A obra Arqueología de las sociedades campesinas en la cuenca del Duero durante la Primera Alta Edad Media de Carlos Tejerizo García foi publicada em 2017 e é um dos volumes da importante coleção Documentos de Arqueología e Historia dirigida por Juan Antonio Quirrós Castillo. Trata-se de um livro que oferece uma contribuição fundamental para o entendimento das sociedades camponesas altomedievais.
A recente publicação aqui resenhada intitula-se “Assim na Terra como no Céu... Paganismo, Cristia... more A recente publicação aqui resenhada intitula-se “Assim na Terra como no Céu... Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média Ibérica” de autoria do professor Mário Jorge da Motta Bastos da Universidade Federal Fluminense. Trata-se de uma obra de importância no quadro da medievalística brasileira, na qual o autor busca entender a religião como um instrumento de dominação social, inserida no contexto de uma sociedade em processo de acentuada senhorialização.
Foice Livre: campesinato ibérico e transformação social entre fins do mundo romano e a Idade Média (c. 300 - c. 500), 2023
O livro procura compreender a agência camponesa na passagem do Mundo Antigo à Idade Média no cont... more O livro procura compreender a agência camponesa na passagem do Mundo Antigo à Idade Média no contexto da Península Ibérica. Adota-se, portanto, o recorte que vai de cerca do ano 300 até por volta do ano 500, em função justamente de serem esses dois séculos os fundamentais para se entender o papel desempenhado pelo campesinato nas transformações profundas pelas quais passa essa região da Europa no momento de desarticulação do Império Romano.
O autor Eduardo Daflon, na Introdução, reflete sobre a relevância dos estudos camponeses e explora em linhas gerais os porquês desses agentes sociais serem tão pouco estudados e sobre o conceito de "camponês" como classe social e apresento uma caracterização geográfica e climática da Península Ibérica. No primeiro capítulo, oferece contexto geral da formação da Hispânia romana e da configuração do mundo rural, especialmente a partir das reformas de Diocleciano em princípios do século IV. O foco recai especialmente sobre o sistema de grandes propriedades aristocráticas – conhecidas como uillae – por ser essa a estrutura mais conhecida daquela realidade histórica.
No segundo, trata da desarticulação da Hispânia do resto do mundo romano e do fim do sistema de uillae enquadrando as condições de existência camponesa até por volta do ano 450. Desse cenário de desestruturação é que se formaram realidades muito mais regionalizadas na Hispânia, nas quais a agência camponesa foi central. Para poder apreender essa enorme diversidade, partiu dos dados da Arqueologia para propor recortes de análise que visam permitir uma apreensão global das transformações escapando de generalizações abusivas. Esses vários territórios que passaram por trajetórias históricas específicas são o foco do último capítulo. Assim, aborda da maneira mais exaustiva possível os dados de cada uma das partes constitutivas, buscando entender quais eram as possibilidades de ação camponesa ao longo da segunda metade do século V.
Daflon busca demonstrar, na Conclusão, que nos últimos momentos de vigência imperial os camponeses que estavam enquadrados sob graus de submissão elevados passaram a desfrutar de níveis de autonomia substanciais em boa parte do mundo ibérico. Segundo ele, algo que se deve à sua ação na luta de classes durante uma conjuntura favorável na qual enfrentaram a aristocracia de diversas formas, que variaram da revolta aberta até formas de resistência cotidiana. Os resultados desses embates entre campesinato e aristocratas produziram um mundo marcado por realidades regionais muito diversas na virada para o século VI. Dessa forma, o autor procura deixar claro o quão indispensável é o conhecimento do campesinato para o estudo da passagem do Baixo Império Romano à Alta Idade Média.
Para tornar mais claros os argumentos, deixar mais evidente a regionalização proposta e facilitar a compreensão dos leitores, no livro se encontram diversos mapas da Península Ibérica. Neles, todos os locais indicados no texto estão sinalizados por um número específico. Sempre que algum ponto é indicado no corpo do texto, ao lado dele está referido o seu código entre parênteses para tornar mais simples a sua localização. Também consta uma tabela onde todos os pontos mencionados estão ordenados de forma alfabética e associados aos seus respectivos códigos.
Artigos sobre diferentes sociedades pré-capitalistas publicados em homenagem ao professor Ciro Fl... more Artigos sobre diferentes sociedades pré-capitalistas publicados em homenagem ao professor Ciro Flamarion Cardoso.
Entre 12 e 14 de novembro de 2012 realizou-se, no campus do Gragoatá da Universidade Federal Flum... more Entre 12 e 14 de novembro de 2012 realizou-se, no campus do Gragoatá da Universidade Federal Fluminense, o II Encontro Internacional de E IV Nacional do Translatio Studii - Núcleo Dimensões do Medievo. Essa publicação é a síntese dos debates produzidos naquela ocasião congregando uma grande diversidade de temáticas relativas ao período que se convencionou chamar de "Idade Média", mostrando que essa fatia temporal constitui-se como um importante "laboratório humano" cujo sentido e importância superam, inclusive, qualquer limitada perspectiva acerca de heranças diretas suas que possamos reconhecer ainda "(sobre)vivas" em nosso meio.
Resumo: O presente trabalho almeja contribuir para desvelar o protagonismo histórico de um sujeit... more Resumo: O presente trabalho almeja contribuir para desvelar o protagonismo histórico de um sujeito oculto, os camponeses na Alta Idade Média Ibérica, entre os anos de cerca de 450 a cerca de 750. O campesinato formou o grupo social mais numeroso no curso de um vastíssimo período da História. Apesar disso, os estudos camponeses são muito pouco desenvolvidos na atualidade, especialmente aqueles dedicados a contextos précapitalistas, cuja historiografia mantém-se predominantemente focada no estudo das classes dominantes de outrora. O contexto deste estudo inicia-se com a dissolução da paisagem romana dominada, também na Península Ibérica, pelas uillae, por volta do ano 450, com a progressiva constituição de uma paisagem dominada pela disseminação de aldeias e granjas camponesas, concluindo-se às vésperas da manifestação de uma nova transformação do meio rural ibérico ocorrida em meados do século VIII em decorrência da conquista muçulmana. Busca-se, ainda, caracterizar o campesinato na sua condição de sujeito social dinâmico e ativo na estruturação da sociedade em questão.
Abstract: This thesis aims to contribute to the understanding of the historical protagonism of a hidden subject, the early medieval peasantry between the years 450 and 750. The peasants are the most numerous group in the vast course of history. Nevertheless, peasant studies are underdeveloped nowadays, especially those dedicated to precapitalist societies which have a historiography very concentrated on the analysis of the dominant classes of yore. This study starts with the Roman landscape dissolution and its uillae system around the year 450. After that, there is the progressive formation of a landscape dominated by peasant villages and small farms. This new early medieval landscape ends with a new transformation of the Iberian rural world around the 8th century because of the muslin conquest. In this way, this thesis attempts to characterize the peasants as an active group with an essential role in Iberian early medieval society configuration.
Resumo: O objetivo central desse trabalho é traçar uma caracterização do Estado visigodo entre os... more Resumo: O objetivo central desse trabalho é traçar uma caracterização do Estado visigodo entre os séculos VI e VIII, superando certos paradigmas historiográficos que ou projetam para a Alta Idade Média a existência de uma extemporânea estrutura estatal vigorosa ou negam veementemente qualquer expressão sua. A fim de escapar dessas perspectivas procuro considerar o Estado na longa duração, analisando a sua configuração entre os germanos e os romanos, sociedades que grosso modo interagiram e se integraram no advento da Idade Média. Observada essa gênese do Estado, busco demonstrar que ele está dialeticamente associado às relações sociais de produção então em constituição. Suas instituições, dessa forma, reforçavam a exploração sobre o campesinato e a dominância de uma parcela da aristocracia sobre outra. Munido dessas referências é, então, possível abordar as dinâmicas sociais que operaram e reproduziram o Estado na Hispânia alto medieval.
Abstract: The central goal of this work is to settle a visigothic state‟s characterization between the 6th and 8th centuries, overcoming some historiography‟s paradigms witch project to the Early Middle Ages a extemporaneous powerful state structure or that deny it completely. To avoid such perspectives I tried to consider the state in a long term, analyzing it among the Germans and Romans, societies that grosso modo interacted and became integrated at Middle Ages beginning. Established this state geneses, I aim to demonstrate it is dialectically associated to the production social relations. Therefore, the state institutions reinforced the peasantry exploitation and the domination of one aristocracy fraction over another. Hence, provided with those reflections is possible to understand the socials dynamics witch operated the Spania Early Middle Ages state.
Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é frequente a mob... more Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é frequente a mobilização do termo “camponês” que tem uma larga tradição de estudos existente nas Ciências Humanas que remonta pelo menos ao século XIX. Porém, desde os anos 1980 houve uma redução expressiva no número de trabalhos com foco nesses agentes sociais. Para o mundo pré-capitalista em geral – e o medieval em particular – temos a existência de sociedades cuja absoluta maioria da população vive no campo e tira seu sustento majoritariamente do trabalho agrícola. Por sua vez, esses longevos anos de reflexão sobre o campesinato não encontraram eco marcante nos estudos do medievo, com aqueles que trabalhavam o solo merecendo de medievalistas comparativamente muito menos atenção que a aristocracia. Apesar disso, o termo “camponês” não é raro, aparecendo normalmente desprovido de uma reflexão conceitual mais aprofundada. O presente trabalho busca argumentar que a aplicação de uma conceituação mais pre...
Resumo: Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é fre... more Resumo: Para abordar uma série de realidades rurais, temporal e espacialmente diversas, é frequente a mobilização do termo “camponês” que tem uma larga tradição de estudos existente nas Ciências Humanas que remonta pelo menos ao século XIX. Porém, desde os anos 1980 houve uma redução expressiva no número de trabalhos com foco nesses agentes sociais. Para o mundo pré-capitalista em geral – e o medieval em particular– temos a existência de sociedades cuja absoluta maioria da população vive no campo e tira seu sustento, majoritariamente, do trabalho agrícola. Por sua vez, esses longevos anos de reflexão sobre o campesinato não encontraram eco marcante nos estudos do medievo, com aqueles que trabalhavam o solo merecendo de medievalistas, comparativamente, muito menos atenção que a aristocracia. Apesar disso, o termo “camponês” não é raro, aparecendo normalmente desprovido de uma reflexão conceitual mais aprofundada. O presente trabalho busca argumentar que a aplicação de uma conceituação mais precisa do campesinato permitirá ganhos analíticos e de compreensão historiográfica desse grupo internamente e historicamente heterogêneo. Para tanto, elabora-se uma breve revisão da bibliografia disponível e com base nela propõe-se uma maneira de abordar teoricamente o campesinato (alto)medieval.
Abstract: The word “peasant” is frequently used to address a series of rural realities, very diverse points in time and space. It is a term with a long tradition in the Humanities, which goes back at least to the 19th century. However, since the 1980’s there was a dramatic shortage in works focused on this social actors. For the pre-capitalist world in general – and the medieval in particular– we have societies with the absolute majority of the population based in the countryside living from the work in the fields. Inspite of that, peasant studies did not find great repercussion inmedievalism; aristocracies tend to deserve much more attentionfrom historians than those who cultivate the soil. As result, although the word peasant is not rare in medieval history, it does not come along with a deeper conceptual reflexion. The present text argues that a more precise use of the concept of “peasantry” would bring analytical and historiographical gains to the research of this historically heterogeneous group. With this in mind, a bibliographic revision is made in order to propose a theoretical approach to the (early) medieval peasantry.
Resumen: En este artículo presentamos un conjunto de materiales inéditos procedentes del yacimien... more Resumen: En este artículo presentamos un conjunto de materiales inéditos procedentes del yacimiento arqueológico de Valencia do Sil (Vilamartín de Valdeorras, Ourense) almacenados en las dependencias del Concello de O Barco de Valdeorras. Este material proviene de diversas intervenciones llevadas a cabo sobre el sitio desde los años 60 hasta, probablemente, los años 80. Su interés radica no solo en su volumen, sobre todo en lo que respecta al conjunto cerámico, sino por la valiosa información que proporciona sobre un yacimiento conocido de antiguo por la historiografía pero del que apenas se tenía información.
Abstract: We present in this paper the analyses of some unpublished archaeological record from the site of Valencia do Sil (Vilamartín de Valdeorras, Ourense). This material is currently stored in the dependencies of the Council of O Barco de Valdeorras, and it comes from a varied set of archaeological interventions which took place from the 60s until, probably, the 80s. This revision is not only interesting for its significant quantity, especially regarding the ceramic assemblages, but also for the valuable information it gives on this site. A site that was previously known by historiography but of which there was a lack of information.
Resumo: O presente artigo materializa uma primeira iniciativa dos autores no sentido de dimension... more Resumo: O presente artigo materializa uma primeira iniciativa dos autores no sentido de dimensionar historicamente o peso e a incidência da violência como mecanismo essencial das relações de dominação no milênio agrário medieval. Sua motivação de fundo deriva do drama cotidiano da violência e das mortes impostas pelo latifúndio na dura realidade das lutas camponesas da atualidade. Da visão de conjunto que aqui se elabora destaca-se a coerção física como um componente constante das relações de produção e extração dos excedentes camponeses pela aristocracia terratenente medieval, praticada em situações e condições diversas ao longo do período. Naturalizada nos testemunhos de época e subdimensionada pela historiografia
corrente, a violência cotidiana “daqueles que guerreavam” tinha por lógica primária e campo de expressão primordial a exploração do campesinato, chegando a desdobrar-se nos violentos confrontos intrassenhoriais. Após estabelecer algumas linhas teóricas gerais sobre o papel da violência na História, desenvolvemos estudos de casos sobre a sua ocorrência em contexto medieval, privilegiando suas manifestações no quadro da dominação social do campesinato pela aristocracia.
Abstract: This article is the product of the author's initial efforts to measure historically the incidence and relevance of violence as an essential mechanism of social domination during the medieval agrarian millennium. These reflections came forth due to the violence and death still currently imposed upon peasants who struggle for better life conditions in the rural reality, caused by the great landowners. From a wider perspective here presented, we highlight physical coercion as a constant element in the production as well as in the peasants surplus extraction by the medieval landowner aristocracy, which was carried out in many distinct ways and different periods. Naturalized by medieval documents and underestimated by present-day historians, the violence of “those who fights” had as an essential logic the exploitation of the peasantry, unfolding itself in the violent and constant confrontations inside the aristocracies. Hence, after establishing some general theoretical lines on the role of violence in History, we developed a few case studies on its occurrence during the Middle Ages, especially when it was used as a way of social domination by the aristocracy over the peasantry
Resumo: A chamada Hispânia Visigótica foi, sem dúvida, uma sociedade estratificada e cindida. Não... more Resumo: A chamada Hispânia Visigótica foi, sem dúvida, uma sociedade estratificada e cindida. Não só em distintas classes sociais – sendo a aristocracia e o campesinato as duas principais –, mas também do ponto de vista das disputas internas às classes, algo que pode ser percebido pelas tensões intermitentes das quais a documentação nos dá apenas algumas pistas. Estes conflitos internos, no que diz respeito à aristocracia, são mais evidentes no contexto das constantes disputas pelo trono régio, porém se manifestam frequentemente nos conflitos pelo controle de patrimônio fundiário e dos dependentes. Em suma, a fim de amortecer e tentar controlar estes choques internos, podemos vislumbrar a existência de mecanismos privilegiados de articulação dos grupos dominantes, sendo um deles o palácio régio ou, como muitas vezes referido nos documentos de época, o Officium Palatinum. Assim, consiste em um dos objetivos fundamentais deste trabalho esboçar uma caracterização deste âmbito de articulação, bem como explicitar os níveis de dominação por ele propiciado.
Abstract: The so called Visigothic Spain was, certainly, a stratified society, not only in social classes – being the aristocracy and the peasantry the mains ones – but also through the perspective of the tensions and conflicts inside the classes. It is possible to observe this process thanks to the context of constant dispute among the aristocrats for acess to land, labor and, at a higher level, the crown itself. Those referred tensions, among the aristocracy, may be best seen in the frequent conflicts to control the throne, but also during the disputes for land patrimony and dependent peasants. In summary, aiming to soft and restrict internal shocks, it is possible to see the existence of articulation mechanisms inside the dominant groups. One of then is the king's palace or, as referred in the primary sources, the Officium Palatinum. Therefore, this paper main objective is to propose a characterization of such articulation as well to offer an explanation about the domination levels that it propicies.
Resumo: O objetivo do presente artigo é desenvolver um esforço de caracterização de uma instituiç... more Resumo: O objetivo do presente artigo é desenvolver um esforço de caracterização de uma instituição rural visigótica – o conventus publicus vicinorum – que, decerto pela exiguidade de referências documentais, mereceu até o momento pouquíssima atenção dos historiadores. A partir do debate sobre as configurações e os limites da dominação senhorial na Península Ibérica visigótica (séculos VI a VIII) abordo as formas de articulação camponesa. Considerando a diversidade de estatutos sociais que compunham o campesinato, bem como o quadro mais geral de relações sociais no qual essa classe se inseria, seremos capazes de entender a relevância e os limites dos conventibus publicis vicinorum como um elemento de organização da comunidade e da resistência camponesa no contexto em questão.
Abstract: The main purpose of this article is to develop an effort towards the characterization of the visigothic rural institution called conventus publicus vicinorum, which, due to the exiguity of documental sources deserved, until this moment, little attention from historians. Based on the debate about the limits of seigniorial domination and configuration in the visigothic Iberian Peninsula (VIth to VIIIth centuries), I broach the subject of the peasant forms of articulation. Considering the diversity of social status that the peasantry was composed of, as well as the more general social landscape in which this class inserted, we can be capable of comprehending both the relevance and the limits of the conventibus publicis vicinorum as an element of communal organization and peasant resistance.
O presente trabalho inspira-se no estudo realizado por Marcelo Badaró Mattos, intitulado "As base... more O presente trabalho inspira-se no estudo realizado por Marcelo Badaró Mattos, intitulado "As bases teóricas do revisionismo: o culturalismo e a historiografia brasileira contemporânea", em que desenvolve uma análise dos fundamentos teóricos que embasam as pesquisas históricas no Brasil de hoje tomando por base as últimas atas dos encontros nacionais da Associação Nacional de História (ANPUH) e os últimos números da Revista Brasileira de História (RHB). Proponho-me, assim a, baseando-me em sua metodologia, promover um balanço da recente produção medievalística nacional. Para tanto, focarei meus esforços nas atas dos dois últimos Encontros Internacionais de Estudos Medievais, promovidos bienalmente pela Associação Brasileira de Estudos Medievais (ABREM), com o intuito de estabelecer os rumos que a produção brasileira dedicada à história medieval vem tomando nos últimos anos, as influências que sobre ela incidem e as suas consequências para o conhecimento das sociedades humanas do passado.
Atas X Encontro Internacional de Estudos Medievais, 2013
O presente trabalho tem por objetivo debater questões acerca da natureza do Estado no período med... more O presente trabalho tem por objetivo debater questões acerca da natureza do Estado no período medieval. Para tanto, partimos da crítica das perspectivas consolidadas que, ou negam veementemente a existência dessa instituição, ou a percebem apenas como origem mais ou menos remota do paradigma da Monarquia Absolutista. Assim sendo, julgamos que assumem pressupostos que, mais do que esclarecer o tema, o põe sob a sombra da Era Moderna ou mesmo do Império Romano. Dessa forma, tentamos aqui dar um primeiro passo em direção a uma
tentativa de superação do problema, voltamo-nos para dois contextos bem diferentes, o do Reino Visigodo e o do Portugal sob o reinado de Afonso III, atentando em especial para as relações de dominação e para as relações pessoais.
Questão Agrária, Políticas Públicas e Desenvolvimento Regional, 2021
O objetivo do deste texto é promover uma análise do projeto de passado construído pelo agronegóci... more O objetivo do deste texto é promover uma análise do projeto de passado construído pelo agronegócio através das cartilhas da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) bem como das propagandas televisivas do "Agro é Pop". Trata-se de um projeto que eterniza desde os tempos mais remotos a prevalência de uma História da Agricultura como uma História do Agronegócio. A crítica dessa perspectiva é fundamental para pensarmos modos alternativos de futuro lastreados na diversidade histórica das muitas experiências humanas no pretérito.
Os estudos medievais no Brasil ainda levam em muita pouca consideração a documentação arqueológic... more Os estudos medievais no Brasil ainda levam em muita pouca consideração a documentação arqueológica, sendo ainda quase que exclusivamente feita a partir de fontes textuais. Por outro lado, são raros também os trabalhos que se dediquem ao tema dos estudos camponeses durante a Alta Idade Média. Assim, foi produzida esta resenha no sentido de divulgar entre as(os) medievalistas brasileiras(os) um trabalho que promove uma análise das sociedades camponesas ibéricas entre o V e VIII. A obra Arqueología de las sociedades campesinas en la cuenca del Duero durante la Primera Alta Edad Media de Carlos Tejerizo García foi publicada em 2017 e é um dos volumes da importante coleção Documentos de Arqueología e Historia dirigida por Juan Antonio Quirrós Castillo. Trata-se de um livro que oferece uma contribuição fundamental para o entendimento das sociedades camponesas altomedievais.
A recente publicação aqui resenhada intitula-se “Assim na Terra como no Céu... Paganismo, Cristia... more A recente publicação aqui resenhada intitula-se “Assim na Terra como no Céu... Paganismo, Cristianismo, Senhores e Camponeses na Alta Idade Média Ibérica” de autoria do professor Mário Jorge da Motta Bastos da Universidade Federal Fluminense. Trata-se de uma obra de importância no quadro da medievalística brasileira, na qual o autor busca entender a religião como um instrumento de dominação social, inserida no contexto de uma sociedade em processo de acentuada senhorialização.
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O autor Eduardo Daflon, na Introdução, reflete sobre a relevância dos estudos camponeses e explora em linhas gerais os porquês desses agentes sociais serem tão pouco estudados e sobre o conceito de "camponês" como classe social e apresento uma caracterização geográfica e climática da Península Ibérica. No primeiro capítulo, oferece contexto geral da formação da Hispânia romana e da configuração do mundo rural, especialmente a partir das reformas de Diocleciano em princípios do século IV. O foco recai especialmente sobre o sistema de grandes propriedades aristocráticas – conhecidas como uillae – por ser essa a estrutura mais conhecida daquela realidade histórica.
No segundo, trata da desarticulação da Hispânia do resto do mundo romano e do fim do sistema de uillae enquadrando as condições de existência camponesa até por volta do ano 450. Desse cenário de desestruturação é que se formaram realidades muito mais regionalizadas na Hispânia, nas quais a agência camponesa foi central. Para poder apreender essa enorme diversidade, partiu dos dados da Arqueologia para propor recortes de análise que visam permitir uma apreensão global das transformações escapando de generalizações abusivas. Esses vários territórios que passaram por trajetórias históricas específicas são o foco do último capítulo. Assim, aborda da maneira mais exaustiva possível os dados de cada uma das partes constitutivas, buscando entender quais eram as possibilidades de ação camponesa ao longo da segunda metade do século V.
Daflon busca demonstrar, na Conclusão, que nos últimos momentos de vigência imperial os camponeses que estavam enquadrados sob graus de submissão elevados passaram a desfrutar de níveis de autonomia substanciais em boa parte do mundo ibérico. Segundo ele, algo que se deve à sua ação na luta de classes durante uma conjuntura favorável na qual enfrentaram a aristocracia de diversas formas, que variaram da revolta aberta até formas de resistência cotidiana. Os resultados desses embates entre campesinato e aristocratas produziram um mundo marcado por realidades regionais muito diversas na virada para o século VI. Dessa forma, o autor procura deixar claro o quão indispensável é o conhecimento do campesinato para o estudo da passagem do Baixo Império Romano à Alta Idade Média.
Para tornar mais claros os argumentos, deixar mais evidente a regionalização proposta e facilitar a compreensão dos leitores, no livro se encontram diversos mapas da Península Ibérica. Neles, todos os locais indicados no texto estão sinalizados por um número específico. Sempre que algum ponto é indicado no corpo do texto, ao lado dele está referido o seu código entre parênteses para tornar mais simples a sua localização. Também consta uma tabela onde todos os pontos mencionados estão ordenados de forma alfabética e associados aos seus respectivos códigos.
Abstract: This thesis aims to contribute to the understanding of the historical protagonism of a hidden subject, the early medieval peasantry between the years 450 and 750. The peasants are the most numerous group in the vast course of history. Nevertheless, peasant studies are underdeveloped nowadays, especially those dedicated to precapitalist societies which have a historiography very concentrated on the analysis of the dominant classes of yore. This study starts with the Roman landscape dissolution and its uillae system around the year 450. After that, there is the progressive formation of a landscape dominated by peasant villages and small farms. This new early medieval landscape ends with a new transformation of the Iberian rural world around the 8th century because of the muslin conquest. In this way, this thesis attempts to characterize the peasants as an active group with an essential role in Iberian early medieval society configuration.
Abstract: The central goal of this work is to settle a visigothic state‟s characterization between the 6th and 8th centuries, overcoming some historiography‟s paradigms witch project to the Early Middle Ages a extemporaneous powerful state structure or that deny it completely. To avoid such perspectives I tried to consider the state in a long term, analyzing it among the Germans and Romans, societies that grosso modo interacted and became integrated at Middle Ages beginning. Established this state geneses, I aim to demonstrate it is dialectically associated to the production social relations. Therefore, the state institutions reinforced the peasantry exploitation and the domination of one aristocracy fraction over another. Hence, provided with those reflections is possible to understand the socials dynamics witch operated the Spania Early Middle Ages state.
Abstract: The word “peasant” is frequently used to address a series of rural realities, very diverse points in time and space. It is a term with a long tradition in the Humanities, which goes back at least to the 19th century. However, since the 1980’s there was a dramatic shortage in works focused on this social actors. For the pre-capitalist world in general – and the medieval in particular– we have societies with the absolute majority of the population based in the countryside living from the work in the fields. Inspite of that, peasant studies did not find great repercussion inmedievalism; aristocracies tend to deserve much more attentionfrom historians than those who cultivate the soil. As result, although the word peasant is not rare in medieval history, it does not come along with a deeper conceptual reflexion. The present text argues that a more precise use of the concept of “peasantry” would bring analytical and historiographical gains to the research of this historically heterogeneous group. With this in mind, a bibliographic revision is made in order to propose a theoretical approach to the (early) medieval peasantry.
Abstract: We present in this paper the analyses of some unpublished archaeological record from the site of Valencia do Sil (Vilamartín de Valdeorras, Ourense). This material is currently stored in the dependencies of the Council of O Barco de Valdeorras, and it comes from a varied set of archaeological interventions which took place from the 60s until, probably, the 80s. This revision is not only interesting for its significant quantity, especially regarding the ceramic assemblages, but also for the valuable information it gives on this site. A site that was previously known by historiography but of which there was a lack of information.
corrente, a violência cotidiana “daqueles que guerreavam” tinha por lógica primária e campo de expressão primordial a exploração do campesinato, chegando a desdobrar-se nos violentos confrontos intrassenhoriais. Após estabelecer algumas linhas teóricas gerais sobre o papel da violência na História, desenvolvemos estudos de casos sobre a sua ocorrência em contexto medieval, privilegiando suas manifestações no quadro da dominação social do campesinato pela aristocracia.
Abstract: This article is the product of the author's initial efforts to measure historically the incidence and relevance of violence as an essential mechanism of social domination during the medieval agrarian millennium. These reflections came forth due to the violence and death still currently imposed upon peasants who struggle for better life conditions in the rural reality, caused by the great landowners. From a wider perspective here presented, we highlight physical coercion as a constant element in the production as well as in the peasants surplus extraction by the medieval landowner aristocracy, which was carried out in many distinct ways and different periods. Naturalized by medieval documents and underestimated by present-day historians, the violence of “those who fights” had as an essential logic the exploitation of the peasantry, unfolding itself in the violent and constant confrontations inside the aristocracies. Hence, after establishing some general theoretical lines on the role of violence in History, we developed a few case studies on its occurrence during the Middle Ages, especially when it was used as a way of social domination by the aristocracy over the peasantry
Abstract: The so called Visigothic Spain was, certainly, a stratified society, not only in social classes – being the aristocracy and the peasantry the mains ones – but also through the perspective of the tensions and conflicts inside the classes. It is possible to observe this process thanks to the context of constant dispute among the aristocrats for acess to land, labor and, at a higher level, the crown itself. Those referred tensions, among the aristocracy, may be best seen in the frequent conflicts to control the throne, but also during the disputes for land patrimony and dependent peasants. In summary, aiming to soft and restrict internal shocks, it is possible to see the existence of articulation mechanisms inside the dominant groups. One of then is the king's palace or, as referred in the primary sources, the Officium Palatinum. Therefore, this paper main objective is to propose a characterization of such articulation as well to offer an explanation about the domination levels that it propicies.
Abstract: The main purpose of this article is to develop an effort towards the characterization of the visigothic rural institution called conventus publicus vicinorum, which, due to the exiguity of documental sources deserved, until this moment, little attention from historians. Based on the debate about the limits of seigniorial domination and configuration in the visigothic Iberian Peninsula (VIth to VIIIth centuries), I broach the subject of the peasant forms of articulation. Considering the diversity of social status that the peasantry was composed of, as well as the more general social landscape in which this class inserted, we can be capable of comprehending both the relevance and the limits of the conventibus publicis vicinorum as an element of communal organization and peasant resistance.
tentativa de superação do problema, voltamo-nos para dois contextos bem diferentes, o do Reino Visigodo e o do Portugal sob o reinado de Afonso III, atentando em especial para as relações de dominação e para as relações pessoais.
O autor Eduardo Daflon, na Introdução, reflete sobre a relevância dos estudos camponeses e explora em linhas gerais os porquês desses agentes sociais serem tão pouco estudados e sobre o conceito de "camponês" como classe social e apresento uma caracterização geográfica e climática da Península Ibérica. No primeiro capítulo, oferece contexto geral da formação da Hispânia romana e da configuração do mundo rural, especialmente a partir das reformas de Diocleciano em princípios do século IV. O foco recai especialmente sobre o sistema de grandes propriedades aristocráticas – conhecidas como uillae – por ser essa a estrutura mais conhecida daquela realidade histórica.
No segundo, trata da desarticulação da Hispânia do resto do mundo romano e do fim do sistema de uillae enquadrando as condições de existência camponesa até por volta do ano 450. Desse cenário de desestruturação é que se formaram realidades muito mais regionalizadas na Hispânia, nas quais a agência camponesa foi central. Para poder apreender essa enorme diversidade, partiu dos dados da Arqueologia para propor recortes de análise que visam permitir uma apreensão global das transformações escapando de generalizações abusivas. Esses vários territórios que passaram por trajetórias históricas específicas são o foco do último capítulo. Assim, aborda da maneira mais exaustiva possível os dados de cada uma das partes constitutivas, buscando entender quais eram as possibilidades de ação camponesa ao longo da segunda metade do século V.
Daflon busca demonstrar, na Conclusão, que nos últimos momentos de vigência imperial os camponeses que estavam enquadrados sob graus de submissão elevados passaram a desfrutar de níveis de autonomia substanciais em boa parte do mundo ibérico. Segundo ele, algo que se deve à sua ação na luta de classes durante uma conjuntura favorável na qual enfrentaram a aristocracia de diversas formas, que variaram da revolta aberta até formas de resistência cotidiana. Os resultados desses embates entre campesinato e aristocratas produziram um mundo marcado por realidades regionais muito diversas na virada para o século VI. Dessa forma, o autor procura deixar claro o quão indispensável é o conhecimento do campesinato para o estudo da passagem do Baixo Império Romano à Alta Idade Média.
Para tornar mais claros os argumentos, deixar mais evidente a regionalização proposta e facilitar a compreensão dos leitores, no livro se encontram diversos mapas da Península Ibérica. Neles, todos os locais indicados no texto estão sinalizados por um número específico. Sempre que algum ponto é indicado no corpo do texto, ao lado dele está referido o seu código entre parênteses para tornar mais simples a sua localização. Também consta uma tabela onde todos os pontos mencionados estão ordenados de forma alfabética e associados aos seus respectivos códigos.
Abstract: This thesis aims to contribute to the understanding of the historical protagonism of a hidden subject, the early medieval peasantry between the years 450 and 750. The peasants are the most numerous group in the vast course of history. Nevertheless, peasant studies are underdeveloped nowadays, especially those dedicated to precapitalist societies which have a historiography very concentrated on the analysis of the dominant classes of yore. This study starts with the Roman landscape dissolution and its uillae system around the year 450. After that, there is the progressive formation of a landscape dominated by peasant villages and small farms. This new early medieval landscape ends with a new transformation of the Iberian rural world around the 8th century because of the muslin conquest. In this way, this thesis attempts to characterize the peasants as an active group with an essential role in Iberian early medieval society configuration.
Abstract: The central goal of this work is to settle a visigothic state‟s characterization between the 6th and 8th centuries, overcoming some historiography‟s paradigms witch project to the Early Middle Ages a extemporaneous powerful state structure or that deny it completely. To avoid such perspectives I tried to consider the state in a long term, analyzing it among the Germans and Romans, societies that grosso modo interacted and became integrated at Middle Ages beginning. Established this state geneses, I aim to demonstrate it is dialectically associated to the production social relations. Therefore, the state institutions reinforced the peasantry exploitation and the domination of one aristocracy fraction over another. Hence, provided with those reflections is possible to understand the socials dynamics witch operated the Spania Early Middle Ages state.
Abstract: The word “peasant” is frequently used to address a series of rural realities, very diverse points in time and space. It is a term with a long tradition in the Humanities, which goes back at least to the 19th century. However, since the 1980’s there was a dramatic shortage in works focused on this social actors. For the pre-capitalist world in general – and the medieval in particular– we have societies with the absolute majority of the population based in the countryside living from the work in the fields. Inspite of that, peasant studies did not find great repercussion inmedievalism; aristocracies tend to deserve much more attentionfrom historians than those who cultivate the soil. As result, although the word peasant is not rare in medieval history, it does not come along with a deeper conceptual reflexion. The present text argues that a more precise use of the concept of “peasantry” would bring analytical and historiographical gains to the research of this historically heterogeneous group. With this in mind, a bibliographic revision is made in order to propose a theoretical approach to the (early) medieval peasantry.
Abstract: We present in this paper the analyses of some unpublished archaeological record from the site of Valencia do Sil (Vilamartín de Valdeorras, Ourense). This material is currently stored in the dependencies of the Council of O Barco de Valdeorras, and it comes from a varied set of archaeological interventions which took place from the 60s until, probably, the 80s. This revision is not only interesting for its significant quantity, especially regarding the ceramic assemblages, but also for the valuable information it gives on this site. A site that was previously known by historiography but of which there was a lack of information.
corrente, a violência cotidiana “daqueles que guerreavam” tinha por lógica primária e campo de expressão primordial a exploração do campesinato, chegando a desdobrar-se nos violentos confrontos intrassenhoriais. Após estabelecer algumas linhas teóricas gerais sobre o papel da violência na História, desenvolvemos estudos de casos sobre a sua ocorrência em contexto medieval, privilegiando suas manifestações no quadro da dominação social do campesinato pela aristocracia.
Abstract: This article is the product of the author's initial efforts to measure historically the incidence and relevance of violence as an essential mechanism of social domination during the medieval agrarian millennium. These reflections came forth due to the violence and death still currently imposed upon peasants who struggle for better life conditions in the rural reality, caused by the great landowners. From a wider perspective here presented, we highlight physical coercion as a constant element in the production as well as in the peasants surplus extraction by the medieval landowner aristocracy, which was carried out in many distinct ways and different periods. Naturalized by medieval documents and underestimated by present-day historians, the violence of “those who fights” had as an essential logic the exploitation of the peasantry, unfolding itself in the violent and constant confrontations inside the aristocracies. Hence, after establishing some general theoretical lines on the role of violence in History, we developed a few case studies on its occurrence during the Middle Ages, especially when it was used as a way of social domination by the aristocracy over the peasantry
Abstract: The so called Visigothic Spain was, certainly, a stratified society, not only in social classes – being the aristocracy and the peasantry the mains ones – but also through the perspective of the tensions and conflicts inside the classes. It is possible to observe this process thanks to the context of constant dispute among the aristocrats for acess to land, labor and, at a higher level, the crown itself. Those referred tensions, among the aristocracy, may be best seen in the frequent conflicts to control the throne, but also during the disputes for land patrimony and dependent peasants. In summary, aiming to soft and restrict internal shocks, it is possible to see the existence of articulation mechanisms inside the dominant groups. One of then is the king's palace or, as referred in the primary sources, the Officium Palatinum. Therefore, this paper main objective is to propose a characterization of such articulation as well to offer an explanation about the domination levels that it propicies.
Abstract: The main purpose of this article is to develop an effort towards the characterization of the visigothic rural institution called conventus publicus vicinorum, which, due to the exiguity of documental sources deserved, until this moment, little attention from historians. Based on the debate about the limits of seigniorial domination and configuration in the visigothic Iberian Peninsula (VIth to VIIIth centuries), I broach the subject of the peasant forms of articulation. Considering the diversity of social status that the peasantry was composed of, as well as the more general social landscape in which this class inserted, we can be capable of comprehending both the relevance and the limits of the conventibus publicis vicinorum as an element of communal organization and peasant resistance.
tentativa de superação do problema, voltamo-nos para dois contextos bem diferentes, o do Reino Visigodo e o do Portugal sob o reinado de Afonso III, atentando em especial para as relações de dominação e para as relações pessoais.