O ex-governador do Rio Anthony Garotinho (PR) protocolou um requerimento na Pol�cia Federal de Campos dos Goytacazes (RJ) para reaver oito pendrives que, segundo ele, foram apreendidos na �ltima vez em que foi preso, no dia 13 de setembro.
Ele foi condenado por suposta compra de votos na elei��o de 2016 para a prefeitura de Campos. A pena foi convertida em pris�o domiciliar. Na semana passada, o Tribunal Superior Eleitoral revogou a deten��o at� o julgamento em segunda inst�ncia.
De acordo com Garotinho, os dispositivos eletr�nicos continham diversas grava��es e documentos com den�ncias a autoridades, como o ex-governador do Rio S�rgio Cabral e o ex-prefeito Eduardo Paes, entre outros.
Garotinho afirma que a apreens�o do material foi ilegal. "Os pendrives foram arrecadados pelo policial federal respons�vel pela escolta sem qualquer formalidade, n�o sendo fornecido qualquer recibo ou lavrado auto de apreens�o", diz o documento protocolado pelo advogado do ex-governador.
Mais adiante, o defensor de Garotinho pede que os pendrives sejam devolvidos. "Requer-se que seja informado por certid�o se foi formalizada a apreens�o dos pendrives, bem como [seu cliente] aproveita para requerer a sua restitui��o, eis que n�o eram objeto da ordem judicial".
O documento tamb�m foi entregue ao Minist�rio P�blico Federal em Campos. "Protocolamos no MPF de Campos a peti��o, com um pedido para que eles acompanhem o processo, para saber o que est� acontecendo", afirmou Garotinho, em entrevista � Folha.
No pedido, h� uma lista com 13 pontos, que descrevem, sem muitos detalhes, parte das informa��es (documentos, fotos e grava��es) que estariam nos pendrives.
Entre os pontos, dois citam Cabral, desafeto de Garotinho. "Not�cia crime apresentada � Procuradoria Geral da Rep�blica contra o ex-governador S�rgio Cabral; presidente da Alerj Jorge Picciani; o ex-prefeito Eduardo Paes; o desembargador Luiz Zveiter e outras autoridades", segundo o documento.
Em outro t�pico, o advogado menciona uma suposta grava��o, contendo amea�as de Cabral a Garotinho, realizada dentro do pres�dio de Benfica.
O pedido tamb�m faz men��o aos empres�rios Arthur C�sar de Menezes Soares, o "Rei Arthur", e Jos� Hawilla.
BANHEIRO
Os oito pendrives teriam sido apreendidos por um dos policiais que cumpriu o mandado de pris�o contra Garotinho. Na viagem entre Rio e Campos, o ex-governador conta ter parado para usar um banheiro de um posto de gasolina e teria sido acompanhado pelo policial federal.
"Ele j� sabia que estava na minha pochete, ele aproveitou um local, dentro de um banheiro, que n�o tinha ningu�m, que ningu�m podia ver, para fazer a apreens�o ilegal de um material. Por qu�?", contou Garotinho.
Segundo o ex-governador, ele teria levado a pochete para o banheiro para poder tomar um calmante. Ao entrar, o policial teria insistido para que ele n�o fechasse a porta.
"Eu entro no banheiro, vou encostar a porta, a� ele diz: 'n�o, n�o fecha a porta'. (...) Acabei de urinar, peguei a pochete, abri para pegar mais quatro comprimidos de Rivotril. (...) Ele ficou olhando. Sabe aquele banheirinho que s� tem um sanit�rio e uma pia? Ele ficou ali, ficou olhando", disse Garotinho, acrescentando que, em seguida, o policial pediu para ver a pochete e apreendeu os pendrives.
Garotinho tamb�m reclamou de outras atitudes da Pol�cia Federal ao realizar a pris�o.
"Estava tudo estranho, n�o estavam em um carro caracterizado [da PF], n�o quiseram esperar o meu advogado, n�o quiseram que o advogado me acompanhasse [no carro da pol�cia] depois no primeiro encontro, n�o se identificaram, n�o queriam dar nome", afirmou.
O ex-governador tamb�m disse estranhar que a pol�cia n�o tenha levado o seu telefone celular, ainda que, segundo ele, a apreens�o do aparelho estivesse prevista no mandado. Garotinho reclamou tamb�m que a pol�cia n�o respeitou o seu pedido de esperar o final do seu programa de r�dio. Ele foi interrompido e preso durante a apresenta��o, na r�dio Tupi.
Procurada, a Pol�cia Federal n�o foi encontrada para comentar.