Garotinho reestreia em r�dio com cr�ticas a PMDB e pr�mios
Ricardo Borges - 07.abr.2017/Folhapress | ||
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Anthony Garotinho durante transmiss�o de seu programa de r�dio, 'Fala Garotinho' |
Quando o telefone tocar, n�o diga al�. "Diga Faaala, Garotinho", anuncia no r�dio a voz empostada do ex-governador do Rio, Anthony Garotinho (PR). O ouvinte da Super R�dio Tupi que tiver a resposta na ponta da l�ngua ganha R$ 100 para recarregar o celular.
Desde 13 de mar�o, Garotinho assumiu a faixa das 9h �s 10h na emissora. A Tupi teve, em m�dia, 213,379 mil ouvintes nesse hor�rio de novembro a janeiro –ou 1,96% da audi�ncia medida pelo Ibope.
"Ol�, bom dia", diz, alongando a �ltima vogal. Notas que lembram a trilha de um filme de suspense, com o tique-taque acelerado de um rel�gio, criam um fundo sonoro de tens�o.
� a deixa para os coment�rios sobre o notici�rio, que abrem o "Fala Garotinho". Na sexta (7), giraram entre a crise financeira do Rio, cr�ticas ao governo do PMDB e a reforma da Previd�ncia, alguns dos alvos preferidos da atra��o. Antes da parte mais leve e premiada do programa, uma mensagem religiosa, para elevar o esp�rito do ouvinte.
O radialista, por�m, pega mais leve do que no afiado blogdogarotinho.com.br.
"Tenho que dosar [a cr�tica a pol�ticos] para separar o Garotinho radialista do Garotinho pol�tico. Sen�o, daqui a pouco estou perdendo meus clientes", conta, sorridente, referindo-se a anunciantes que pretende cultivar na Tupi. S�o marcas de produto de beleza e tr�s supermercados.
A produ��o j� negocia com telef�nicas o patroc�nio do sorteio que distribui R$ 100 para quem atender o celular dizendo "fala, Garotinho" –a equipe recebe, em m�dia 1.200 liga��es por dia com inscri��es para o quadro. E tem "permuta" com um sal�o de cabeleireiros que oferece um dia completo de beleza �s ouvintes do ex-governador.
RETORNO
O retorno do pol�tico � emissora onde apresentou um programa de mesmo formato de 1993 a 2002 tem mesmo suas raz�es financeiras.
A primeira � da pr�pria r�dio, fundada por Assis Chateaubriand e controlada por herdeiros dos Di�rios Associados. A Tupi enfrenta uma crise financeira e, em janeiro, funcion�rios entraram em greve pelo pagamento de seis meses de sal�rios atrasados.
Segundo o Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro, ainda h� funcion�rios paralisados –alguns, como o locutor Haroldo de Andrade J�nior, antigo titular das 9h �s 12h, sa�ram da emissora.
O buraco na grade e nas finan�as levou a dire��o da r�dio a convidar Garotinho, conhecido por atrair anunciantes. "N�o acho que v� alterar [minha popularidade] a presen�a no programa. Estou fazendo r�dio porque preciso. Tenho que pagar minhas contas, n�?", diz o novo locutor.
N�o v� problema em assumir o posto com colegas ainda sem receber? "A gente est� voltando justamente para tentar ajudar", diz Garotinho. "Sei que com os anunciantes que vou levar, meus colegas v�o receber tamb�m."
O ex-governador n�o � contratado da r�dio. Tem uma "parceria", segundo Edson Perrota, diretor comercial da Tupi: seu pagamento � um percentual sobre a publicidade que conseguir levar � emissora. Quanto? "Estou te contando o milagre, agora voc� quer saber quem � o santo?", diz um humorado Perrota.
A Folha apurou que Garotinho recebe 36% de cada contrato publicit�rio –a expectativa � chegar a R$ 1 milh�o por m�s. O valor cobre a produ��o do programa, com equipe pr�pria de Garotinho, e alguns dos brindes que a atra��o distribui.
Como os R$ 50 para trocar por combust�vel ao primeiro taxista com a placa do dia que estacionar, durante o programa, no 120 da rua Fonseca Teles, em S�o Crist�v�o.
Na quarta (5), era quem carregasse o final de n�mero 34. Quis a sorte que fosse o sr. Fernando, 74, um portugu�s com ponto em frente � r�dio. Foi recebido por Garotinho no est�dio e saiu com uma on�a num envelope amarelo.
O formato popularesco � o mesmo do programa original de Garotinho, dos anos 1990, antes de se lan�ar na pol�tica. O retorno aos gabinetes, por�m, ainda � incerto.
"N�o estou considerando 2018, francamente falando. Vou esperar o quadro evoluir. Vamos dizer assim: se tiver uma conjuntura nacional, n�o s� estadual, que me empolgue, que me empolgue, posso at� ser candidato."
Especula-se que ele tentar� uma vaga no Senado. Seu partido tem o vice de Marcelo Crivella (PRB), Fernando Mac Dowell. O prefeito, por�m, evitou expor a liga��o com Garotinho na campanha.
Seu grupo pol�tico saiu derrotado do pleito em Campos dos Goytacazes, ber�o pol�tico do ex-governador, governado at� 2016 por sua mulher, Rosinha. "Discut�vel, n�?", diz sobre o resultado, que acredita ter sido fraudado.
Garotinho foi preso em novembro de 2016, suspeito de aumentar o n�mero de beneficiados pelo programa Cheque Cidad�o (R$ 200) em Campos com fins eleitorais.
O epis�dio ficou marcado pelas cenas de sua transfer�ncia, em uma ambul�ncia, da UTI para a penitenci�ria. O ex-governador diz que, por decis�o judicial, est� proibido de falar sobre o ocorrido.
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