Folha de S. Paulo


Doria quer remover favela fonte de drogas para cracol�ndia de S�o Paulo

Joel Silva/Folhapress
SAO PAULO,SP, BRASIL- 03-07-2017 : Vista da favela do Monhinho, regiao central de Sao Paulo. Prefeitura de S�o Paulo quer remover as fam�lias que moram na favela do Moinho. O projeto se tornou uma das prioridades da gest�o do prefeito Jo�o Doria como mais uma t�tica para coibir o tr�fico de drogas na cracol�ndia.. ( Foto: Joel Silva/Folhapress ) ***COTIDIANO *** ( ***EXCLUSIVO FOLHA***)
Vista a�rea da favela do Moinho, no centro de S�o Paulo, delimitada pela linha do trem

A Prefeitura de S�o Paulo pretende remover as fam�lias que moram na favela do Moinho, apontada pela pol�cia como a principal fornecedora de drogas para a cracol�ndia do centro de S�o Paulo.

O projeto se tornou uma das prioridades da gest�o Jo�o Doria (PSDB). O objetivo � sufocar o fluxo de usu�rios localizado a cerca de 1 km.

Ainda sem prazo para ser colocado em pr�tica, o projeto est� em fase de estudos. T�cnicos da Cohab (Companhia Metropolitana de Habita��o de S�o Paulo) est�o atualmente em busca de im�veis subutilizados no entorno para abrigar as fam�lias.

Prevista desde 2008, a remo��o dos moradores da favela ganhou sinal verde de Doria h� cerca de duas semanas, durante reuni�o sobre o programa anticrack da prefeitura, o Reden��o. O prefeito disse aos secret�rios ser fundamental uma a��o definitiva no local. "A quest�o da cracol�ndia fez o projeto subir na escala de prioridades", diz Edson Aparecido, diretor da Cohab.

Tanto a prefeitura como o governo Geraldo Alckmin, tamb�m do PSDB, t�m enfrentado uma crise em torno do tema da cracol�ndia desde o final de maio, quando uma a��o policial prendeu traficantes e desobstruiu vias onde funcionam uma feira de drogas a c�u aberto.

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A partir disso, o que se viu foi a movimenta��o dos usu�rios de drogas para outros endere�os do centro da cidade e alguns confrontos com policiais e guardas, em meio a problemas de estrutura para internar os dependentes.

Agora, para garantir a retirada das fam�lias da favela e evitar novas ocupa��es no local, o projeto em parceria com a CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) foi retomado.

A companhia � vinculada ao governo do Estado e estuda usar o terreno para ampliar a esta��o J�lio Prestes, ao lado da cracol�ndia. A �rea seria usada para manobras e estacionamento dos trens. Segundo a companhia, h� tamb�m estudo em curso para a implanta��o de uma nova esta��o na regi�o central, "cuja localiza��o exata depende da interlocu��o com outros �rg�os, inclusive a prefeitura", diz, em nota.

H� uma semana, a��o policial para prender traficantes na favela do Moinho terminou com a morte de Leandro Souza Santos, 19. A pol�cia o acusa de ter resistido � abordagem e atirado contra os oficiais da Rota que o perseguiram at� o interior de um barraco.

Mas, de acordo com a fam�lia, Leandro era viciado em drogas e teria sido torturado e assassinado ap�s correr dos policiais. Segundo o tenente-coronel da PM, Miguel Daffara, que comandou a opera��o, incurs�es semelhantes ser�o recorrentes na favela do Moinho. "Precisamos sufocar o tr�fico de drogas."

A Pol�cia Civil chegou a investigar den�ncia de que corpos de pessoas assassinadas na cracol�ndia vinham sendo desovados nas duas chamin�s que ficam no meio da favela. Policiais desceram as estruturas de rapel, mas nada foi encontrado.

Em maio, uma semana ap�s a a��o policial que dispersou a antiga cracol�ndia, Alckmin fez uma visita surpresa aos moradores. Em conversas na entrada da favela, disse a eles que um conjunto habitacional localizado a 12 km da favela est� quase pronto. O local deve ser oferecido aos moradores do Moinho que aceitarem morar ali –est� prevista a entrega de mil unidades.

Al�m de desmobilizar o tr�fico de drogas, o projeto visa tamb�m a seguran�a da circula��o dos trens. Segundo a prefeitura, t�cnicos da CPTM identificaram barracos muito pr�ximos da linha f�rrea que foram ampliados e est�o colocando os moradores em risco. "O reassentamento � inevit�vel", diz Aparecido.

� interesse da companhia remover as fam�lias j� que a proximidade dos barracos com a linha do trem faz com que muitas vezes a circula��o da linha 8-diamante seja interrompida nesse trecho. Ainda n�o est� definido o modelo de financiamento da constru��o das unidades, mas est� descartada a concess�o de aux�lio-aluguel �s fam�lias. "Estamos com o or�amento todo comprometido", diz diretor da Cohab.

Pertencente a duas empresas privadas, o terreno onde est� a favela foi leiloado em 1999 para pagar d�vidas de IPTU (imposto predial) do antigo propriet�rio, a RFFSA (Rede Ferrovi�ria Federal). Moradores entraram com uma a��o coletiva de usucapi�o em 2008, o que foi acatado em decis�o liminar na 17� Vara Federal de S�o Paulo at� o julgamento.


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