PM e guardas cercam novo ponto de concentra��o de usu�rios de crack
Dhiego Maia/Folhapress | ||
Galp�o de atendimento da prefeitura superlotado de usu�rios na rua Helv�tia |
O "fluxo" de usu�rios de drogas mudou de novo de endere�o no centro de S�o Paulo. H� um m�s, ap�s uma a��o policial que prendeu traficantes e desobstruiu vias, eles caminharam 400 metros e se mudaram da rua Dino Bueno para a pra�a Princesa Isabel.
Agora, caminharam 500 metros e se acomodaram na esquina da rua Helv�tia e da alameda Cleveland, em uma pra�a em frente � esta��o de trem J�lio Prestes e num quarteir�o bem ao lado do local onde funcionou, at� o dia 21 de maio, a feira de drogas a c�u aberto.
A recente mudan�a ocorre dez dias ap�s o in�cio de uma nova estrat�gia do governo Geraldo Alckmin e da administra��o Jo�o Doria, ambos do PSDB. Desde o dia 11 deste m�s, Pol�cia Militar e Guarda Civil Metropolitana n�o permitem mais a montagem de tendas e barracas na pra�a –o que inibe a presen�a dos traficantes, j� que muitas delas eram usadas para o com�rcio e uso de crack.
Al�m disso, a prefeitura vinha realizando limpeza di�ria com jatos d'�gua no local, irritando os usu�rios por causa do lama�al formado na pra�a.
Tudo isso contribuiu para a busca de um novo espa�o, o que ocorreu no final da noite desta quarta-feira (21). Segundo a pol�cia, a migra��o ocorreu de forma espont�nea. Agentes de sa�de, por�m, disseram � reportagem que a fac��o criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) teria ordenado a mudan�a.
Nesta quinta (22), PM e GCM cercaram o local com carros, mas sem confronto –o novo espa�o escolhido pelos usu�rios � rodeado de estruturas da prefeitura e do Estado. Elas foram montadas no tempo em que, no quarteir�o ao lado, funcionava um mercado de drogas a c�u aberto, sob o comando de homens armados da fac��o criminosa. Essa feira n�o existe mais, mas o consumo de drogas ao ar livre seguiu como rotina ao longo desta quinta-feira.
LIMPEZA
Segundo a prefeitura, a estrat�gia de limpeza di�ria seguir� tamb�m nesse novo ponto de concentra��o dos usu�rios, assim como ocorria na pra�a Princesa Isabel. A gest�o diz que a faxina no local e de outros locais p�blicos deve ser constante e � necess�ria como ferramenta de preven��o em sa�de, e n�o como meio de afugentar dependentes qu�micos. "N�o realizar a limpeza, do ponto de vista do interesse p�blico, � que seria algo a ser contestado", afirma a administra��o Doria.
Nesta quinta, durante a opera��o de limpeza, centenas de dependentes deixaram o cal�ad�o ocupado desde a noite anterior e passaram a se concentrar numa esquina pr�xima. Alguns dependentes falavam "vamos na caravana", enquanto caminhavam em grupo. Em seguida, uma equipe de varredores retirou os pertences deixados para tr�s pelos usu�rios: uma cama, mesa, colch�es, bancos, roupas e garrafas pl�sticas.
Caminh�es-pipa ainda foram usados para lavar a rua. Logo ap�s a limpeza, que durou cerca de 40 minutos, os usu�rios retornaram ao local onde haviam passado a noite.
Essa mais nova cracol�ndia se estabeleceu ao lado das estruturas de atendimento de programas antidrogas, como o Recome�o, do Estado, e o da Secretaria de Assist�ncia e Desenvolvimento Social, da prefeitura. O galp�o da prefeitura, com capacidade para 38 colch�es, est� superlotado. Sob um teto de zinco, os usu�rios que conseguiram uma vaga descansavam e assistiam � TV.
No p�tio do galp�o, a reportagem contou ao menos 15 usu�rios deitados. L� os dependentes se alimentam, tomam banho improvisado em torneiras e s�o constantemente convidados por agentes a iniciar tratamentos contra o v�cio.
J� na rua Helv�tia, assistentes sociais jogavam futebol no asfalto com crian�as e usu�rios e batucavam tambores no final da manh� desta quinta –uma estrat�gia para atrair os dependentes qu�micos aos atendimentos na regi�o.
SURPRESA
Diante da mudan�a de endere�o da cracol�ndia, que pegou a prefeitura e o governo do Estado de surpresa, integrantes das administra��es se reuniram nesta tarde na regi�o para discutir as pr�ximas a��es da gest�o Doria. Participaram da conversa os secret�rios municipais de assist�ncia social, Filipe Sabar�, e de governo, Julio Semeghini, al�m de representantes da GCM, da Pol�cia Militar e da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Social.
Uma das principais preocupa��es � com a proximidade do fluxo � entrada da esta��o J�lio Prestes, da CPTM. Para acessarem a esta��o, trabalhadores da regi�o do Bom Retiro t�m que caminhar uma quadra inteira em frente aos usu�rios. O receio da PM � que haja algum tumulto pr�ximo � intensa movimenta��o de passageiros.
Outra preocupa��o � que o retorno para as imedia��es do antigo ponto de venda e consumo de drogas possa voltar a aglutinar dependentes que haviam se afastado da regi�o da cracol�ndia.
Em visita � regi�o tamb�m nesta tarde, o secret�rio estadual da Seguran�a P�blica, M�gino Barbosa Filho, fez quest�o de dizer que os dependentes n�o retomaram o local da antiga feira de drogas, se referindo � rua Dino Bueno, e afirmou que aquela via n�o voltaria a ser ocupada. Os usu�rios est�o, no entanto, na alameda Cleveland, a uma quadra da Dino Bueno.
Barbosa Filho n�o quis comentar sobre a poss�vel influ�ncia do crime organizado na sa�da dos usu�rios da pra�a Princesa Isabel. Disse apenas que o tr�fico na regi�o estava "sufocado e cada vez mais dif�cil de atuar". "N�o vai haver tr�gua, n�s vamos combater o tr�fico diuturnamente", disse.
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