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Maratonas e surpresas na longa rodada de Paris

Mirra Andreeva (Foto: Corinne Dubreuil/FFT)

No dia em que Novak Djokovic exibiu o tênis mais sólido sobre o saibro europeu nesta temporada, Roland Garros viveu outro dia de tempo ruim, longo atraso na rodada, jogos intermináveis e um punhado de surpresas, tanto no masculino como no feminino. Tudo isso parece reafirmar o favoritismo dos dois tricampeões.

Seis jogos masculinos foram ao quinto set e dois deles precisou ainda do supertiebreak. Foi desse jeito que Holger Rune escapou da queda para o bom italiano Flavio Cobolli, que reagiu depois de perder os dois primeiros sets e abriu 5-0 com saque no tiebreakão, sem falar que já havia deixado escapar 0-40 no 4/4. Louve-se o espírito de entrega do dinamarquês, bem menos reclamão.

E também foi assim o sufoco que Casper Ruud levou de Alejandro Davidovich Fokina, este um aperto bem mais previsível já que ambos entraram em quadra com 2 a 2 no histórico. Mesmo sentindo desconforto já no quarto set, o espanhol lutou muito, forçou o jogo – totalizou 63 winners – e quase empatou a série decisiva, onde então entrou em cena seu conhecido descontrole emocional. O norueguês não mereceu muito mais que nota 7.

O duas vezes finalista de Roland Garros enfrenta agora o argentino Tomas Etchverry, que saiu de 0-2 contra Arthur Rinderknech, e depois pode ter Taylor Fritz ou o surpreendente Thanasi Kokkinakis. Com quartas de final nas duas participações anteriores no torneio, Rune pega o eslovaco Jozef Kovalik, um tenista sem golpes espetaculares mas que conseguiu virar de 0-2 contra o cabeça 18 Karen Khachanov.

A lista de cabeças eliminados incluiu ainda a vitória de Tomas Machac sobre Mariano Navone – o bom tcheco desafiará agora Daniil Medvedev, que só jogou 12 games -; o veterano Jan-Lennard Struf atropelou Alexander Bublik; o canhoto Denis Shapovalov tirou o instável Frances Tiafoe depois de perder o set inicial; e Sebastian Ofner levou a outro duelo de torcidas em cima de Sebastian Baez, mais um que venceu os dois primeiros sets e não sustentou a vantagem, caindo no supertiebreak.

Djokovic e Zverev seguem firme

Em contraste a tudo isso, o tricampeão marcou a 368ª vitória de Grand Slam, ficando a uma do recorde absoluto de Roger Federer, com uma atuação determinada em cima do saibrista Roberto Carballes. Depois de ceder o game inicial de saque, Djokovic ganhou consistência pouco a pouco e varreu o espanhol de quadra. Os pontos altos foram a devolução, que lhe rendeu 60% de pontos no segundo saque adversário, e a conta altamente positiva de 43 winners e 24 erros.

Agora, reencontra Lorenzo Musetti, sobre quem tem 4 a 1, com derrota em Monte Carlo do ano passado e aquela famosa partida de 2021 em Paris, em que o então garoto italiano ganhou dois tiebreaks e depois desabou fisica e mentalmente. Musetti fez uma bela apresentação contra Gael Monfils, sem dar qualquer espaço, mas não tem tido uma grande sequência no saibro. Eliminado precocemente em Madri e Roma, disputou challengers e perdeu as duas finais feitas, uma delas para o 134 do ranking.

Depois de tirar Rafael Nadal com atuação irrepreensível, Alexander Zverev baixou um pouco o nível e isso permitiu a David Goffin engrossar o primeiro set. Depois, a lógica se impôs. Seu adversário agora é o versátil holandês Tallon Griekspoor, que se vira no saibro mas não tem a firmeza necessária. Sascha ganhou três de quatro duelos e teve trabalho em Indian Wells de março.

Oito cabeças caem no feminino

A segunda rodada das meninas também assistiu a um festival de novidades, com a queda de oito cabeças de chave, embora nenhuma das sete primeiras favoritas que superaram a estreia estivessem envolvidas. Muito pelo contrário, Aryna Sabalenka e Elena Rybakina foram muito efetivas.

Certamente, o resultado que mais chama a atenção veio no fechamento da rodada, à 1h da manhã local e num frio de 12 graus. A adolescente Mirra Andreeva, 17 anos, agora com temperamento bem mais sereno, venceu o duelo de gerações em cima da experiente Victoria Azarenka, com 7/5 no terceiro, o que mostra a cabeça firme.

As outras grandes sensações da quinta-feira foram Clara Tauson na vitória em cima da campeã Jelena Ostapenko, a queda de Daria Kasatkina diante de Peyton Stearns e a duríssima virada de Bianca Andreescu sobre Anna Kalinskaya. A lista de cabeças eliminadas incluiu ainda Marta Kostyuk,, Anastasia Pavlyuchenkova, Linda Noskova e Katerina Siniakova. Que dia.

E mais

– O tênis canadense teve uma jornada gloriosa. Além de Shapovalov, avançaram à terceira rodada Félix Aliassime, Leylah Fernandez e Bianca Andreescu. Enquanto isso, Francisco Cerúndolo e Etcheverry são os últimos sul-americanos.
– Jogos atrasados definiram adversários dos grandes nomes. Alcaraz terá mesmo de cruzar com Korda, Rublev enfrentará Arnaldi e Tsitsipas joga contra Zinzhen Zhang. Vale lembrar que os três favoritos tiveram o dia normal de descanso.
– A rodada desta sexta-feira, que é dupla para muita gente e felizmente não vê menor previsão de chuva, tem como outros destaques Aliassime-Shelton, Hurkacz-Shapovalov e Dimitrov-Bergs. O cabeça 2 Sinner é muito favorito contra Kotov.
– No feminino, as melhores pedidas são Swiatek-Bouzkova, Gauff-Yastremska, Tauson-Kenin e Jabeur-Fernandez.
– O tênis francês tem ainda pequenas esperanças. Chloé Paquet, 29 anos e que pela primeira vez está na terceira rodada de um Slam. Já Varvara Gracheva, nascida russa, 23 anos, se vê pela terceira vez tentando vaga inédita nas oitavas de Paris. E o canhoto bad-boy Corentin Moutet, 25, busca repetir as oitavas do US Open de 2022.

25 Comentários
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Robson Couto
Robson Couto
1 mês atrás

Boa noite Dalcim, nada que prejudique os textos, mas as datas das últimas postagens estão todas saindo com o ano de 2023.

Rafael
Rafael
1 mês atrás

Mestre, depois da partida de hoje, podemos afirmar que o Djoko voltou?

Guilherme
Guilherme
1 mês atrás

Dalcim, o seu favorito no masculino, é o Djoko?

Guilherme
Guilherme
1 mês atrás

Pro título de RG quero dizer

Ricardo
Ricardo
1 mês atrás

Dalcin. Nao lembrava de ter visto a russa de 17 anos jogar, que a meu ver foi o que prevaleceu. Entendo que para o tenis profissional, adolescencia vai ate os 15 anos

Jorge Miguel
Jorge Miguel
1 mês atrás

Dalcim,de todos os favoritos no masculino,alcaraz e Djokovic tem mais riscos de serem eliminados nesta terceira rodada ?
O que aconteceu com a ostapenko , só joga no risco ,eu vi ela errar bola a dois metros da linha ,é tão difícil dosar a ofensividade deste tipo de jogadora dalcim ?

Marcelo Calmon
Marcelo Calmon
1 mês atrás
Responder para  José Nilton Dalcim

Dalcim,
O Korda é sempre exaltado por você, mas não vejo nada de especial nele para ser uma ameaça real aos favoritos. Lógico que pode ganhar, mas seria uma grande zebra, E não escrevo isso por saber que foi 3 x 0 Alcaraz e sem grandes sustos. Já escrevi isso no seu penúltimo texto, quando você citou o Korda.

Ronildo
Ronildo
1 mês atrás

Em breve presenciaremos a Vingança de Musetti!

Valmir da Silva Batista
Valmir da Silva Batista
1 mês atrás
Responder para  Ronildo

RONILDO, please, inclui no seu delírio também a vingança do mimado Tsitsipas, já que o talzinho vencia a final de Roland Garros/2021 por dois a zero e tomou a virada do nó cego do Djokovic, a exemplo do que ocorreu com Lorenzo Musetti, na mesma edição do slam francês…

Ronildo
Ronildo
1 mês atrás
Responder para  Valmir da Silva Batista

Sim, Tsitsipas também está na fila. Na verdade há muitos tenistas com desejo mortal de vingança contra Djokovic, inclusive De Minaur. Infelizmente na hora H durante o jogo as condições fogem do controle e estes não tem sido bem sucedidos. Porém enquanto Djokovic continuar no circuito haverá muitas oportunidades para a justa deforra destes.

Sérgio Ribeiro
Sérgio Ribeiro
1 mês atrás
Responder para  Ronildo

Tá bom, caro Ronildo . Mas mandar recado como fez Musetti ? . Pra bater o Sérvio não pode avisa- lo com antecedência…rs . Abs!

Ronildo
Ronildo
1 mês atrás
Responder para  Sérgio Ribeiro

É a melhor versão de Musetti, caro Sérgio! Agora vai!!!!

Maurício Luís *
Maurício Luís *
1 mês atrás
Responder para  Ronildo

Ai, Ronildo… num fala isso não… Do jeito que você é ‘pé-quente só que não”, capaz do italiano tomar até “pneu”.

Ronildo
Ronildo
1 mês atrás
Responder para  Maurício Luís *

Ele faz o sinal da cruz antes de iniciar a partida. Creio que está blindado quanto à isso, caso seja mesmo verossímil este arquétipo.

Gustavo
Gustavo
1 mês atrás

E esses chiliques do Rublev??
Mesmo que Rublev seja o campeão da autodestruição, devemos destacar a progressão estratosférica de Matteo Arnaldi que disputou seu primeiro Grand Slam em Roland-Garros no ano passado!

Neri Malheiros
Neri Malheiros
1 mês atrás

Alguns dirão que foi o destino aquilo que resultou do sorteio de chaves para a definição dos confrontos femininos do principal torneio francês. Três décadas após o fim do conflito que opôs os dois países balcânicos, a sérvia Olga Danilovic e a croata Donna Vekic ficaram frente a frente na disputa da vaga às oitavas de final.

O jogo foi tenso, cheio de alternâncias e só decidido no emocionante tiebreak do terceiro set, com vitória de virada da conterrânea de ‘Nole’. No entanto, talvez o lance mais bonito proporcionado pelas duas adversárias momentâneas tenha sido a troca de abraço emocionado e sem a rede a separá-las.

Se isto é possível após tantos anos de sangrentos combates, relatos de inúmeras atrocidades, traumas e feridas na alma ainda não cicatrizadas, que fique como exemplo para atletas que hoje exigem a exclusão de colegas de profissão de todas as competições pelo fato dos governantes de seus países de origem terem declarado estado de guerra.

Só acredito numa firme vontade de lutar pela paz, contra qualquer argumento belicista, se algum dia os mesmos defensores dos pedidos de exclusão se colocarem contra a participação de atletas dos EUA, o país que tem deflagrado, participado, patrocinado e estimulado praticamente quase todas as guerras e ataques terroristas no mundo inteiro depois de 1945.

Vale lembrar que tanto no atual conflito entre a Rússia e a Ucrânia quanto no dos países dos Bálcãs, em determinado período histórico ainda bem recente os povos russo e ucraniano, de um lado, e sérvio e croata, de outro, eram conterrâneos e integrantes de dois únicos países, a União Soviética e a Iuguslávia.

Gustavo
Gustavo
1 mês atrás

Carlos Alcaraz torna o tênis divertido de assistir de uma forma que poucos jogadores fazem.

João Sawao ando
João Sawao ando
1 mês atrás

Dalcim.o que há com o tenista holandês botic van de handeschulp que está faltando em se aposentar com apenas 28 anos de idade?parece que perdeu na primeira rodada…

Gustavo
Gustavo
1 mês atrás

Corentin Moutet esta noite:

12 saques por baixo
9 pontos conquistados (75% de eficiência)

Possivelmente o goat do saque por baixo? Kkkk

Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br
Paulista de 63 anos, é jornalista especializado em esporte há mais de 45 anos, com coberturas em Jogos Olímpicos e Copa do Mundo. Acompanha o circuito do tênis desde 1980, tendo editado a revista Tênis News. É o criador, proprietário e diretor editorial de TenisBrasil. Contato: joni@tenisbrasil.com.br

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