Ex-É o Tchan sobre fisiculturismo: 'Saudade dos palcos foi transferida para o bodybuilding'

"A saudade dos palcos agora é transferida para o bodybuilding. É uma realização. Me encontrei ali. Só que tem regras que precisa cumprir. Não é só subir e dançar. Tem que estar com a quantidade certa de água, gordura e músculo. É um trabalho duro, mas tem sido gratificante esculpir meu corpo e aprender com isso", conta.

Juliane mora em Orlando, nos Estados Unidos, e ainda não assistiu presencialmente a nenhuma apresentação do grupo desde o retorno. Na cidade dos parques de diversões, ela tem uma academia em que oferece eletroestimulação, nutrição, bioimpedância e testes genéticos.

"Fico aqui de longe só acompanhando eles. Foi uma época maravilhosa. Claro que queria estar no palco dançando com eles, mas minha vida tomou outro rumo. Me divido na carreira profissional, a vida como atleta e como mãe. Mas sei que eles vão estar em Orlando, e vou estar lá, com certeza", suspira.

Mestre em nutrição com especialização em genética, Juliane fez um teste em que foi identificada força acima da média. O resultado fez a morena ingressar no fisiculturismo para usar suas características biológicas a seu favor, e acreditou que esse esporte fosse o caminho mais fácil para atingir o sucesso, já que treina desde os 16 anos.

Ela ficou em quarto lugar no seu primeiro campeonato, com feedback de que precisa de mais volume de pernas. Juliane, então, trocou de coach e conquistou o primeiro lugar no segundo show da carreira, o da estreia com o novo treinador. No campeonato seguinte, ganhou o troféu overall, que premia o melhor físico da noite. Logo depois, alcançou novamente o Top 1 e o Pro Card, cartão profissional de bodybuilder.

Ao subir um degrau no esporte, Juliane mira o Olympia, considerada "a Copa do Mundo do fisiculturismo". Para isso, ela precisa de uma vitória como profissional. Sua primeira tentativa foi na última sexta-feira (10), no NPC IFBB Pro Pittsburgh. No entanto, a arbitragem interpretou que seus glúteos são falsos, o que ela nega.

"Foi surpreendente porque eu esperava qualquer coisa, menos isso. Ser julgada por uma coisa que não tem cabimento é dolorido. Tanto esforço. São cinco horas diárias dedicadas a esse esporte. São duas horas de cardio, uma hora e meia de treino regular, meia hora de treino de eletroestimulação e mais o deslocamento. Eu só queria ser julgada como deveria. Sei que preciso de mais tamanho de perna. A categoria exige, e eu acabei de começar. Mas, que meu glúteo não é meu, não é verdade. Fico indignada", lamenta.

Juliane não se deixou abater após a decisão da arbitragem e vai subir ao palco novamente neste sábado (18), na etapa de Nova York, e tem treinado ainda mais para dar condicionamento aos glúteos. Caso o julgamento se mantenha, ela se disponibiliza a apresentar provas de que o volume seja natural.

"Não tem tempo hábil de procurar um médico, e a estratégia é secar o máximo que eu puder. Quem tem alguma coisa no glúteo não vai conseguir perder, certo? Então, vou mostrar mais massa muscular e menos gordura. Eles vendo a minha musculatura, veem que não tem nada ali. Se continuarem falando a respeito disso, teremos que ter provas com ressonância ou Raio-X", afirma.

Por outro lado, Juliane aproveitou os feedbacks de dois dos maiores fisiculturistas da atualidade: o canadense Chris Bumstead e a brasileira Francielle Mattos. "Foi incrível! Cbum foi super simpático, aberto, e respondeu todas as perguntas que fiz a ele. Fran falou que eu desfilei muito bem, disse para eu trabalhar nos feedbacks e começou a me seguir. Muito legal admirar alguém e ver que eles atingem as espectativas de serem gente como a gente", celebra.

Juliane diz que treinar proporciona a ela a saúde mental necessária para seus desafios, e que não é tão rigorosa com dieta e exercícios fora de competição. "Já tive depressão pós-parto depois da segunda flha, e foi o bodybuilding que me tirou disso. Então, estar na academia é prazeroso para mim. Me dá todos os hormônios de prazer. É claro que é desgastante. No dia a dia, não faria dois cardios. No fim de semana, não levaria marmita para cima e para baixo para sair com a minha família", conta.

A renúncia lhe custou o almoço de Dia das Mães, dois dias após a decisão arbitrária dos juízes e a seis dias do novo campeonato. "Fora de competição, todo fim de semana depois da igreja a gente vai para um restaurante japonês... já teve aquele desânimo. Se é para eu passar por isso, tem algum motivo. Os humilhados serão exaltados. Eu acredito muito em Deus e em tudo que Ele tem para mim. Acho que minha história nesse esporte já está escrita, e faço minha parte", conclui.