Morando nos EUA, Simone Gutierrez quer voltar a atuar no Brasil: 'Sinto falta de trabalho por meritocracia'

"Cheias de Charme foi meu segundo trabalho na Globo depois de Passione e foi incrível porque ganhei um papel de destaque na trama a convite dos autores e diretores, o que mostrou um grande reconhecimento na época do meu trabalho como atriz", celebra ela, que na trama, Simone viveu Ariela, uma mulher que jogava todo o mau-humor - devido à pressão estética que sofria - na irmã Cida (Isabelle Drummond).

Com grandes produções no currículo como os espetáculos Les Miserábles, A Bela e a Fera, Hairspray e Priscilla, Rainha do Deserto, Simone estava distante das telinhas desde Órfãos da Terra (2019) e resolveu recomeçar sua carreira no exterior após passar anos sem conseguir atuar no Brasil. Nos EUA, ela encontrou a oportunidade de exercer sua profissão após a pandemia.

"Recomeçar sempre é muito difícil, principalmente em outro país. Eu sempre fui uma pessoa inquieta e que adora buscar novos desafios, crescimento pessoal, profissional, e morar em Nova York não foi uma opção e sim necessidade. Depois da Covid muitos de nós artistas fomos esquecidos, não tinha trabalho e eu precisava me sustentar e ajudar minha família", relembra.

"Fiz de tudo nos EUA para me manter. Trabalhei como garçonete, babá, faxineira, camareira e também fiz um musical chamado The Lost Colony, onde atuei como ensemble (coro) e foi muito enriquecedor tudo. Nos EUA, qualquer trabalho te dá uma vida confortável. Você só não pode ter preguiça nem ego (risos)", conta.

Seu sonho é poder retornar a trabalhar no Brasil: "Nos EUA, me deram essa oportunidade de exercer minha profissão. E foi muito legal porque me contratavam pelo meu currículo, pelo meu talento e pela minha história. Meu maior sonho é poder viver da minha arte e do meu ofício no meu país, mas isso só será possível quando eu for lembrada e ter alguma nova oportunidade."

Quais são as memórias que você tem dos bastidores de Cheias de Charme?
Minhas memórias são as melhores possíveis e com pessoas extremamente talentosas com quem contracenei e me diverti como Alexandra Richter e Tato Gabus Mendes, além da nossa saudosa Aracy Balabanian, com quem aprendi demais, e Cláudia Abreu, que é incrível e sempre generosa comigo. Sem contar Rodrigo Pandolfo, Giselle Batista e Isabelle Drummond! Enfim, só tenho que agradecer ter tido a oportunidade de estar ao lado de pessoas tão queridas.

Você interpretava a Ariela, que sofria pressão estética, e estava sempre fazendo alguma dieta ou buscando algum meio de emagrecer. Como foi interpretar uma personagem com essa carga?
Acho importante representar personagens que de alguma forma o telespectador se identifique. Principalmente quando se trata de assuntos como este da pressão estética, que ainda é um grande problema na nossa sociedade. Eu, particularmente, sempre sofri essa pressão por muitos anos na minha carreira, mas ficava feliz em dar voz a outras pessoas através do meu ofício.

Na época você recebia retorno de outras mulheres que enfrentavam a mesma pressão?
Com certeza! Sempre através das minhas redes sociais recebia mensagens positivas e de agradecimento por representá-las. Era muito gratificante.

Você também teve essa fase de tentar dietas malucas?
Desde que me conheço por gente (risos). Mas hoje dou valor a outras coisas mais importantes na vida, principalmente a minha saúde, porque sem saúde não vamos a lugar nenhum.

Você se mudou para os Estados Unidos há um ano. Como foi sua adaptação?
Eu sempre digo que Nova York é meu lugar no mundo porque sou fascinada pela cultura e pelas oportunidades da cidade. Artista lá se esbalda. Principalmente como eu que ama musicais, teatro e dança. Mas a minha maior dificuldade lá foi me estabelecer em um só lugar. Cada mês eu morava em um lugar diferente e isso era enlouquecedor para mim.

Tem feito coisas paralelas à carreira artística para se manter ou foi com economias?
Fiz de tudo nos EUA para me manter. Trabalhei como garçonete, babá, faxineira, camareira e também fiz um musical chamado The Lost Colony, onde atuei como ensemble (coro) e foi muito enriquecedor tudo. Lá qualquer trabalho te dá uma vida confortável. Você só não pode ter preguiça nem ego (risos).

Como eram os testes para atriz?
Eu fazia muitos testes, para musicais, shows em navios... Era o que eu realmente estava focada. The Lost Colony foi imprescindível para que eu vivesse realmente o dia a dia de uma produção americana, que não é muito diferente da brasileira.

Você disse que nem falava muito inglês. Passou alguma situação engraçada aí por conta disso?Muitas! Nada que uma boa mímica ou um tradutor não resolvesse (risos).

Tem o desejo de voltar a viver no Brasil?
No Brasil, nesse momento, sinto falta de trabalho por meritocracia, principalmente na TV. Tenho muita vontade de voltar a atuar no Brasil, mas infelizmente não recebi nenhuma proposta de trabalho nos últimos dois anos. E olha que escrevo muito para produtores de elenco dizendo que estou disponível para trabalhar. Mas como eu disse, aqui o mercado é muito fechado.