Entrevistas

Por Raquel Pinheiro (@raquelpinheiroloureiro)

Luciana Gimenez, de 53 anos, é uma mulher em desconstrução. A apresentadora, mãe de dois filhos, trabalha, internamente, para se livrar de ideias pré-concebidas – inclusive em relação a ela mesma. “Eu me julgo mais do que as pessoas me julgam. Eu sou muito implacável comigo. E é difícil você mudar o comportamento próprio, tem que realmente estar muito disposto a isso”, diz.

O crescimento individual, ela avisa, é um processo dolorido. “Às vezes você nem nota que se critica”, pondera a apresentadora, que já se flagrou assumindo a culpa, por exemplo, pelo machismo alheio. “Eu me pego muito ‘ah, eu fui em uma festa, alguém mexeu comigo, mas também né, eu estava com vestido quase pelada’. Mas, se eu tivesse uma filha, ia falar ‘vem cá, mas não é culpa sua, ninguém aqui é um animal, e você tem direito de ir à festa com o vestido transparente’”, exemplifica.

“São essas coisas que a gente tem que entender, e reprogramar a cabeça é muito mais difícil do que programar”, avalia. “Sou muito dura comigo mesma. Sempre falo que eu sou a minha maior inimiga. Esse crescimento individual é muito dolorido”, diz Luciana, que vê nos filhos, Lucas Jagger, de 24, que ela teve com Mick Jagger, e Lorenzo, de 12, com o ex-marido, Marcelo de Carvalho, uma outra mentalidade. “Essa geração mais nova já vem cheia de questionamentos. Meus filhos foram programados para serem sem preconceitos”, afirma.

Você recebe muito hate nas redes?
Eu não recebo, não. Eu juro. As pessoas são muito queridas comigo. Já tive haters, mas hoje em dia é muito pouco.

O que mudou?
Me separei e fiquei mais próxima das pessoas.

Luciana Gimenez  — Foto: Reprodução/Instagram
Luciana Gimenez — Foto: Reprodução/Instagram

Como assim?
As pessoas talvez tivessem uma imagem minha de que estava tudo ótimo e que a minha vida era perfeita. E eu nunca falava da minha vida pessoal, das coisas que machucavam. Depois que eu me separei e veio a pandemia, passaram a conhecer muito mais as minhas dificuldades, as minhas lutas. Eu fiz uma coisa que eu nunca tinha feito na vida, desabafei na internet e as pessoas se sensibilizaram: ‘a gente fala dessa mulher, critica, mas ela é gente como a gente: ela sofre, ela chora, ela se sente ofendida’. Realmente começaram a me abraçar muito mais.

Na vida fora da internet também?
Eu sinto isso no dia a dia. Nos lugares que eu vou, comentam, me abraçam, é gente de todas as idades querendo tirar foto. Perguntam, compartilham da minha dor da minha perna [Luciana sofreu um gravíssimo acidente esquiando, fraturando o membro em quatro lugares], ‘e aí, como você está, e essa perna?’. É muito carinho. Eu me sinto muito mais acolhida do que antes da pandemia. Juro, não posso nem reclamar dos haters porque eu nem acho que tenho, não vejo.

Luciana Gimenez — Foto: Reprodução/Instagram
Luciana Gimenez — Foto: Reprodução/Instagram

Ainda assim, você se sente cobrada de alguma forma? Aos 53 anos já se sente julgada por sua idade, vivencia o etarismo, por exemplo?
Eu me julgo mais do que as pessoas me julgam. Eu sou muito implacável comigo. E é difícil você mudar o comportamento próprio, tem que realmente estar muito disposto a isso. Tenho observado e ainda sou muito dura comigo mesma. Sempre falo que eu sou a minha maior inimiga. Esse crescimento individual é muito dolorido, porque às vezes você nem nota que você mesmo se critica.

Mas as cobranças externas existem?
Comigo sempre essa questão do etarismo, sempre foi uma coisa muito velada, nunca senti assim abertamente alguém falar. Mas os preconceitos eles são de várias formas, não necessariamente só no etarismo, ‘ah, você era casada com tal pessoa, ou você tem 50 anos, ou você é magra demais’. A gente é bombardeada com isso todos os dias. O problema é quando se aceita isso como verdade.

Como você trabalha isso?
É difícil, ainda bem que a gente está mudando isso para que as próximas gerações não tenham esse tipo de sensação intrínseca, porque quando é [algo inerente] é muito difícil você ensinar cachorro velho novos truques. Para você desconstruir a sua percepção de você mesma é um trabalho diário que às vezes você mesmo sabota sem querer. Aí você para e fala: ‘mas, peraí, mas por que eu acho que eu não posso fazer isso? Por que eu tenho 50 anos?’. A gente vê pessoas que vieram para o mundo com algo que talvez fosse um impedimento e elas não aceitam isso como impedimento na vida.

Luciana Gimenez — Foto: Reprodução/Instagram
Luciana Gimenez — Foto: Reprodução/Instagram

Acredita que também conseguirá isso?
Eu não sei se isso algum dia vai ser orgânico para mim. Infelizmente eu nasci numa época que a gente aceitava esse tipo de preconceito e acreditava ser verdade. Hoje em dia eu reparo e digo ‘olha não é bem isso, Luciana, calma, isso é um problema da pessoa, nada tem a ver com você’. Infelizmente algumas pessoas me julgam. Tenho que aprender a lidar com isso dentro de mim. É um trabalho e eu estou nessa vida para crescer, que é o que a gente faz diariamente, né?

Você já se pegou no movimento inverso, sendo preconceituosa, machista, julgando..
A fala é uma coisa que [me] pega. Às vezes você nem acredita naquilo, mas vem a fala, sabe? Se você parar para analisar, nem pensa daquela forma, mas repete coisas às quais foi habituada. São situações pré-construídas na cabeça, vamos dizer assim, que são difíceis de tirar.

Por exemplo?
Eu me pego muito ‘ah, eu fui em uma festa, alguém mexeu comigo, mas também né, eu estava com vestido quase pelada’. Mas, se eu tivesse uma filha e ela chegasse para mim [dizendo a mesma coisa], eu ia falar ‘vem cá, mas não é culpa sua, ninguém aqui é um animal, e você tem direito de ir à festa com o vestido transparente’, por exemplo. São essas coisas que a gente tem que entender, e reprogramar a cabeça é muito mais difícil do que programar.

Luciana Gimenez e Lucas Jagger — Foto: Reprodução Instagram
Luciana Gimenez e Lucas Jagger — Foto: Reprodução Instagram

Seus filhos te ajudam a entender isso?
Que bom que essa geração mais nova já vem cheia de questionamentos. Meus filhos foram programados para serem sem preconceitos. Lucas pinta a unha de rosa, vermelho, verde desde que tinha 12, 13 anos de idade. Ele não nasceu com o preconceito de não poder pintar, imagina se ele quisesse pintar e não pudesse. De novo: reprogramar é uma tarefa árdua, muito mais fácil programar. Por isso que a gente tem que fazer um trabalho tão consciente com as crianças.

Uma criação sem preconceito.
Na minha casa todo mundo pode tudo, todo mundo é livre para ser [quem quiser] e com conversa a gente aceita tudo. Então, ele [Lucas] não viveu esse preconceito.

E você?
Eu sou uma pessoa completamente desprovida de preconceito com as outras pessoas. Talvez ainda tenha que trabalhar no meu discurso, na minha palavra, no meu falar as coisas. Meus filhos já aprenderam isso no colégio desde muito cedo. A gente aqui em casa é muito leve, com amor ao próximo. Quando se tem isso, é muito mais fácil você readequar o momento.

De que forma?
Meus filhos têm que crescer, no caso agora o Lorenzo, sem nenhum tipo de preconceito com ninguém, nem com ele mesmo, que é o mais importante. É ele ser o que que ele quiser e também poder mudar, porque nada é imutável. Criança é só você não estragar. Ela já vem como um livro completamente limpo, uma página sem nenhuma escrita. E essa página, se a gente não estragar, eles vão fazer uma poesia linda da vida.

Luciana Gimenez e Lorenzo — Foto: Reprodução Instagram
Luciana Gimenez e Lorenzo — Foto: Reprodução Instagram
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