• Thyago Furtado
  • Fotos: divulgação
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Zendaya (Foto: Divulgação)

Zendaya pode ser considerada o underdog das estrelas atuais extraídas do elenco Disney. Tanto é que, como cantora, era fácil - e quase obrigatório - não criar expectativas quanto à qualidade de seu trabalho, já que artistas atrelados à imagem do canal tendem a lançar álbuns cheio de canções infantis e produções pegajosas que em nada demonstram as suas verdadeiras personalidades.

Com Zendaya foi diferente - talvez uma forma esperta de não chocar tanto o público quando o "verdadeiro eu" de Miley Cyrus veio à tona -, mas isso porque a aspirante a popstar conseguiu deixar traços de seu jeito por todo o disco. Daí o título homônimo. Zendaya mostra um lado diferente - e porque não dizer ousado? - dela como artista.

Replay representa muito bem o disco, que traz um r&b disfarçado por sintetizadores e elementos eletrônicos, o que, se feito direito, deixa a produção muito interessante. E o resultado, pelo menos aqui, é positivo. Com vocais suaves e, por vezes, sussurrados, Zendaya prova que não tem medo de se arriscar. A letra usa metáforas para casar com o tom de mistério tão predominante do começo ao fim.

Zendaya (Foto: Divulgação)

Para dar um ar de intimidade, Zendaya, inclusive, assina cinco das onze faixas. Fireflies quase pode ser considerada como uma música própria para um "lap-dance", não fosse os breaks pesados que levam o r&b ao eletrônico quase que abruptamente.

Butterflies fala de um relacionamento tóxico, daqueles que você tenta resistir, sabe que é ruim, mas não consegue se desvencilhar. A produção, no entanto, volta de uma forma mais atualizada àquele bubblegum pop dos anos 90/2000 tão marcante com artistas como N'Sync, Backstreet Boys e Britney Spears.

Putcha Body Down aposta no hip-hop com vocais destorcidos e cheios de vocoder, som remanescente de Rihanna. Já Heaven Lost An Angel segue o estilo "hip-hop-com-elementos-disco" e dá um toque de versatilidade. Cry For Love é um dos motivos de Zendaya ser tão comparada com a cantora Aaliyah - a melodia, o timbre e a interpretação estão par a par.

O CD perde o fôlego em Only When You're Close, Bottle You Up e Scared. Nick Jonas aparece para dar uma levantada no ânimo, mas sem muito sucesso. Love You Forever, faixa que a dupla escreveu junta, é praticamente esquecível e fala de uma atração física quase que incontrolável, mas tudo no mesmo consenso "sem compromisso". My Baby, o segundo single, fecha o disco sem inovações, o que deixa claro que Zendaya poderia ter sido cortada no meio, transformando as primeiras cinco músicas em um EP de qualidade. O ponto alto mesmo fica pelas composições, que não têm a menor pretensão de passar a impressão de perfeição - tão comum no trabalho de cantores adolescentes.

O álbum tem as digitais de Zendaya por todas os lugares. Só que mais por suas inspirações. Ainda falta algo único para que sua música seja ligada à sua imagem sem pestanejar, que faz os ouvidos reconhecerem um artista, mesmo sem ser o típico fã. Isso acontece com artistas como Michael Jackson, Madonna e Red Hot Chili Peppers, que suas canções têm quase vida própria.