• Marina Bonini (@marina_bonini)
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Juliana Didone (Foto: Divulgação)

Juliana Didone (Foto: Divulgação)

Juliana Didone escolheu o bom humor para encarar os desafios da maternidade, que ela compartilha na série, Diário de Mãe, criada e produzida por ela para suas redes sociais. A atriz, que é mãe de Liz, de 4 anos

"Surgiu da vontade de trazer leveza para o cotidiano das mães, que na maioria das vezes têm uma rotina pesada, onde acumulam várias outras funções além da de cuidar dos filhos. Desde sempre eu soube que precisava ser através do humor o nosso recorte sobre maternidade. Eu crio junto com a Clarissa Kahane, Marcella Oliveira e Rafaela Carvalho. São sempre temas relacionados à maternidade. Os roteiros ganham uma lente de aumento de experiências pessoais, situações que alguma de nós tenha passado, ou inspiração de algo que a gente leu, ou ouviu pela vida. É uma versão minha de mãe real, só que um pouco mais neurótica e louca (risos)", conta.

Um dos temas é o nascimento do lado maternal na mulher. Contrariando a ideia de que, "nasce um filho, nasce uma mãe", Juliana relembra que foi difícil balancear os sentimentos de amor imenso a esse novo ser com a ruptura com o passado.

"Eu sempre fui muito livre. Saí de casa para morar do outro lado do mundo, em Tóquio, aos 15 anos. Trabalho desde cedo, e ser uma boa atriz, estudar, focar nisso era o maior dos meus planos. Então quando eu descobri que estava grávida, foi um choque. Embora eu ame crianças, não estava esperando exatamente a minha (risos). Passei um tempo elaborando essa ideia, me permitindo a ficar vulnerável e a esperar esse amor chegar. Meu amor foi construído também. Quando minha filha nasceu eu a amava, mas eu também estava com muito medo. Amar dá medo. É uma doação absurda, um amor completamente dependente, que vai se apossar de você e sugar toda sua energia. Mas, um belo dia, uma manhã qualquer, você cheia de olheiras, sem dormir, vai sentir que aquele ser, é seu maior amor no mundo." 

Juliana Didone e filha (Foto: Instagram)

Juliana Didone e filha (Foto: Instagram)

OLHAR PARA SI MESMA
Após essa etapa, Juliana levou um tempo para voltar a olhar para si mesma. Ela conta que em um determinado momento entendeu que precisava também dar atenção ao autocuidado. 

"Cheguei ao ponto de esquecer completamente de mim mesma. Tomar banho era um luxo muito difícil de alcançar. Você não consegue fazer mais nada sem o bebê. São poucos os intervalos de descanso. Se você cuida da casa então, nossa, é pesado. Eu tinha rede de apoio, mas ainda assim, quase não tinha um momento só meu. Fiquei muito preocupada. Até quando Liz estava com alguém eu queria saber se estava tudo bem com a pessoa. Muitas 'noias' passam pela cabeça. É difícil desconectar. Mas acho extremamente importante esses momentos de autocuidado. Pode ser sozinha, com uma amiga, com o companheiro. Pode ser lavar os cabelos em um salão, fazer as unhas do pé, jantar em uma pizzaria. Pode ser simples, mas eu recomendo esse hábito para todas as mães de primeira viagem", relembra.

Durante esse processo de voltar a se reconhecer como individuo, a artista se permitiu retomar a vida amorosa. Ela se separou do artista plástico Flávio Rossi quando a filha ainda tinha um ano, e atualmente namora Santiago Bebianno.

"Foi um processo natural. Levou um tempo da minha relação anterior para essa. E quando eles (filha e namorado) de fato se conhecem primeiro foi como o amigo da mamãe, depois de alguns encontros e vivência que foi como o companheiro da mamãe. Os laços precisam de tempo para serem criados. Acho que o lance é dar esse tempo para que exista a conexão."
 

Juliana Didone e namorado (Foto: Instagram)

Juliana Didone e namorado (Foto: Instagram)

SEM CARTILHA
O objetivo do projeto também é mostrar que não existe uma cartilha para ser uma boa mãe. Ela salienta que muitas mulheres lidam com o sentimento de culpa por não corresponderem aos padrões esperados na maternidade. 

"Acho que essa coisa de ter um jeito específico para se fazer algo e pronto é perigoso, porque pode te colocar em um maternar rígido demais. Tudo é impermanente, o que funciona sempre, pode não funcionar um dia e ser bom também, ser diferente. Temos que aprender a lidar com os imprevistos, e sair às vezes da própria cartilha que impomos para gente. Acredito que dessa nossa maternidade vai ter menos culpa e mais diversão. Somos muito julgadas. Umas pelas outras, inclusive. Mas principalmente por nós mesmas. E a comparação é horrível. A grama da vizinha é sempre mais verde. Mas acho que a cada dia mais mulheres estão tendo coragem de expor o outro lado, de falar sobre a vulnerabilidade que sentimos quando nos tornamos mães. E é sobre isso! Dividir as angústias, os medos… isso gera muita identificação, compartilhar a imperfeição", avalia ela, que teve uma experiência bem diferente das relatadas por quem costuma romantizar a amamentação. "O início da minha amamentação foi um caos! Foi bem estressante e difícil. Ninguém me disse que poderia ser assim. Eu achei que era só colocar o peito para fora e pronto. Só que não foi assim."

Juliana Didone com filha e namorado (Foto: Instagram)

Juliana Didone com filha e namorado (Foto: Instagram)

NOVOS PROJETOS
Juliana tem o desejo de tornar os episódios semanais em conteúdos diários. "Eu já quero que a série seja diária, temos assuntos intermináveis na maternidade! E as mãelheres que assistem pedem isso. Está rolando muita identificação. Mas, é claro que precisa de um investimento maior, porque seria outra demanda. Então, por enquanto seguimos assim, uma vez por semana, sendo esse refresco da nossa eterna profissão de mãe", explica ela, que lança um filme em dezembro e poderá ser vista na segunda temporada de Bom Dia, Verônica!, interpretando Mônica. 

Quanto aos projetos pessoais, a artista ainda não acredita que seja  hora de dar um irmãozinho para a filha. Ela se preocupa com o atual cenário ambiental, social e político do mundo. 

"Às vezes eu quero muito ter outro filho, mas passa rápido (risos). Eu amaria que Liz tivesse um irmão ou irmã. Eu amo crianças e o Santi ia adorar. Mas o mundo está tão difícil, nós humanos tão problemáticos, massacrando a natureza, resolvendo conflitos de poder através de guerra, em pleno século vinte um. É triste demais. Ao mesmo tempo, penso que povoar o mundo de amor seja a única forma de salvá-lo de nós mesmos."

Juliana Didone e filha (Foto: Divulgação)

Juliana Didone e filha (Foto: Divulgação)