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Giovanna Antonelli, Renata Sorrah e Vanessa Giácomo são as protagonistas de Filhas de Eva (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Giovanna Antonelli, Renata Sorrah e Vanessa Giácomo são as protagonistas de Filhas de Eva (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

As atrizes Renata Sorrah, de 74 anos, Giovanna Antonelli, de 44, e Vanessa Giácomo, de 37, são as protagonistas de Filhas de Eva, série de 12 episódios que estreia no Globoplay nesta segunda-feira (8), quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. A trama apresenta os sonhos, conflitos e desejos de três mulheres em diferentes fases de vida: Stella, vivida por Renata, é uma mulher que ficou casada por 50 anos, seguiu o que a geração dela faria e um dia decidiu romper com isso.

Sua filha, Lívia, interpretada por Giovanna, que já tem emancipação profissional, tem uma amarra emocional com o marido. Até por causa do casamento dos pais que durou tanto tempo, tem essa idealização de viver aquele "castelo", como ela mesma fala. Já Cléo, papel de Vanessa, está sem emprego e sempre no aperto e se intitula uma "guia do fundo do poço".

Escrita por Adriana Falcão, Jô Abdu, Martha Mendonça e Nelito Fernandes e com direção artística de Leonardo Nogueira, a série conta ainda com a jovem feminista Dora, vivida por Debora Ozório, filha de Lívia que apoia a avó e a mãe a romperem com a vida que levam.

Vanessa Giácomo e Giovanna Antonelli  (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Vanessa Giácomo e Giovanna Antonelli (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Quase todo mundo diz que quer mudar, mas nem todos têm a coragem para promover mudanças como a Stella. Vocês já mudara suas vidas significativamente alguma vez?
RENATA SORRAH: Sim. Aos 20 anos, quando cursava o segundo ano de Psicologia na PUC do Rio de Janeiro, encontrei o Roberto Bonfim, que era meu vizinho, e ele me convidou para participar do TUCA (Teatro Universitário Carioca), um grupo de teatro que estava se formando, e eu não pestanejei. Era um grupo de esquerda, que pertencia à Ação Popular (AP). Estávamos no auge da Ditadura. Entrei para o TUCA sob a direção do Amir Haddad, meu mestre até hoje. Nunca tinha pensado em ser atriz. Foi durante uma cena em A Casa de Bernarda Alba, do García Lorca, em que eu dizia apenas uma frase, e ouvi do Amir: "temos uma atriz em cena!" Foi um dia decisivo na minha vida. O dia em que escolhi ser atriz. Não conseguia nem respirar de tanta alegria, parecia que meu coração ia explodir. Estava decidindo ali, com essa mudança, o meu destino. Foi o dia em que decidi o que eu queria fazer da minha vida.

GIOVANNA ANTONELLI: Realmente sou uma pessoa em movimento. Tento mudar minha rotina todos os dias, no trabalho, nos sonhos, desejos e nas conquistas e acredito que minhas mudanças são constantes e diárias. Jamais me congelaria. Isso tem um grande significado na minha caminhada.

VANESSA GIÁCOMO: Uma mudança significativa foi quando deixei a minha cidade natal, Volta Redonda, no interior do Rio, para investir no meu desejo de seguir a carreira de atriz. Nunca tive medo do novo, mas confesso que exigiu uma dose a mais de coragem deixar a minha família e meu "ninho" para me jogar de cabeça em uma carreira tão desafiadora, em uma cidade enorme.

Se você pudesse, o que gostaria de mudar na sua vida?
RS: Nesse momento, não posso responder só por mim. Eu gostaria que houvesse uma mudança na mentalidade de todas as pessoas, principalmente no Brasil. Que todos se vacinem e que acreditem que precisamos nos proteger, sem aglomeração. Temos que nos proteger e proteger os outros.

GA: Absolutamente nada. Sou feliz e grata.

VG: Hoje em dia? Nada! Sou muito feliz com a minha trajetória profissional, com a família que construí e com os amigos que me acompanham. Acho que meu desejo de mudança é no âmbito coletivo e não tem como escapar do que estamos vivendo... Um mundo distante da pandemia, mas seguro e respeitoso.

Como foi esse reencontro em cena? Vocês atuaram juntas em A Regra do Jogo, em 2015, né?
RS
: Sim, atuamos juntas em A Regra do Jogo, em 2015, mas nunca estivemos tão próximas como  em Filhas de Eva. A Giovanna faz a minha filha e como o elenco é pequeno, a Vanessa sempre estava por perto também. Foi uma troca deliciosa, adorável, divertida, não só com o elenco, mas com toda a equipe. A direção é do Leonardo Nogueira, arte do Daniel Flaksman, figurino da Marília Carneiro e a fotografia do André Horta. Com essa série, fechamos o ano de 2019 com chave de ouro, sem imaginar o que viria pela frente. Mas foi uma delícia estar mais perto da Giovanna e da Vanessa, ficamos amigas.

GA: Renata é sempre um presente, um encontro, uma aula. O único personagem que gostaria de interpretar que já foi feito por alguém é 'Heleninha Roitman' interpretado brilhantemente por ela em Vale Tudo. Uma gênia. Além de ser uma pessoa com um humor incrível. Vanessa é minha amiga pessoal. Um talento. Uma estrela. Além de uma parceira completamente generosa.

VG: Desde aquela época, eu e Giovanna ficamos muito próximas. É comum que façamos programas familiares. Temos muita afinidade profissional. Trabalhamos juntas nos últimos meses e foi incrível. Sempre a admirei. Giovanna é um furacão em cena, uma energia rara de se encontrar. Renata é engraçada, era muito divertido gravar com ela, além de ser uma belíssima atriz.

Renata Sorrah (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Renata Sorrah (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Renata Sorrah (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Renata Sorrah (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

(Para Renata) Você sempre disse que o teatro é sua grande paixão e é o que te completa. E a televisão? Qual é a sua relação com o veículo?
RS: A televisão faz parte da minha vida desde sempre. Eu me tornei atriz no teatro mas um ou dois anos depois, eu já entrei pra televisão e nunca mais saí. A televisão e o teatro, igualmente, fazem parte da minha vida. E eu amo fazer, já fiz trabalhos extraordinários na televisão, que me deram muito prazer.

O que mais encantou vocês em seus personagens?
RS: A Stella pede o divórcio ao marido, um empresário bem-sucedido, durante a festa de comemoração pelos 50 anos de casados. É um tsunami na sua vida. Rompe com o seu casamento para ter voz, para se pensar, se aceitar e se repensar. Vai em busca de uma liberdade para ser o que ela deseja. Vai atrás da liberdade, do amor, da alegria e do trabalho. Não há como voltar atrás. Acredito, sim, que nunca é tarde para mudar o caminho da vida.

GA: Lívia é uma mulher independente profissionalmente, realizada, mas cheia de amarras e ilusões. O meu 'encanto' foi vê-la se libertando ao longo dos episódios.

VG: Talvez no bom humor, na versatilidade. Comigo não tem tempo ruim. Não gosto de complicar nada. Gosto de resolver. E acho que a Cléo respira fundo e vai!

Como está vida pessoal e profissional de vocês na pandemia?
RS: Não está sendo fácil. Procuro sempre me manter ocupada. Ler o máximo possível, ver séries, resistir, ficar forte. Apesar de tudo, fazer planos para quando tudo isso passar. Um trabalho novo, uma nova série. Um Tchekhov sempre. Encontrar minha filha, amigos e netos sem medo. Saudade imensa dos encontros, do teatro, do cinema, da dança, das longas conversas e risos com os amigos e dos jantares à luz de velas.

GA: Tudo na perfeita paz. E com muito trabalho. Mesmo num ano difícil inaugurei mais de 15 unidades da Giolaser e hoje já somos mais de 100 unidades espalhadas pelo Brasil.

VG: Trabalhei muito em casa. Eu me dediquei a algo que eu amo fazer: escrever. Tenho o privilégio de poder trabalhar de casa. Então aproveitei para driblar toda a insegurança e ansiedade que vieram juntas com a pandemia para trabalhar.

Giovanna Antonelli (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Giovanna Antonelli (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Giovanna Antonelli (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Giovanna Antonelli (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Vocês tiveram Covid? Ficou com medo de se infectar?
RS: Não tive Covid, mas, assim como todo mundo, tenho medo de me infectar e infectar os outros. Por isso, tomo todos os cuidados, sigo todos os protocolos. Só saio de casa quando preciso. Precisamos ter força, isso vai passar. Se todas as pessoas seguirem os protocolos, continuarem se cuidando, lavando as mãos, não aglomerando, usando máscara e se todos se vacinarem, isso vai passar.

GA: Sim. Assintomática.

VG: Tive e foi muito complicado. Senti muito medo porque ainda estamos diante de um vírus desconhecido.

Como tem sido o dia a dia?
GA: De muito trabalho, gravando, expandindo, prospectando, preparando as novas coleções e lançamentos dos meus licenciamentos.

VG: Tivemos que administrar algo novo em nossas vidas, o ensino on-line. Foi um desafio. Mas nos adaptamos, até porque não podemos reclamar. Temos recursos que a maioria dos brasileiros não tem, infelizmente. Então a reclamação não tem vez lá em casa.

Vanessa Giácomo (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Vanessa Giácomo (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Vanessa Giácomo (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Vanessa Giácomo (Foto: Pino Gomes/Divulgação)

Agradecimentos
Fotografia: Pino Gomes
Beleza: Rafael Senna e Jackson Star
Moda: Paulo Zelenka
Assistentes de Fotografia: Mauricio Ribeiro e Carlos Augusto