Paolla Oliveira é Capa da Semana na QUEM (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira é Capa da Semana na QUEM (Foto: Gil Inoue)

A Dona do Pedaço está na reta final, mas a novela das 9 vai terminar com uma estrela a mais: Vivi Guedes, a digital influencer que saltou da ficção para a vida real. A personagem conquistou o público, em mais um sucesso na bem-sucedida carreira de Paolla Oliveira, que está empolgada com a virada de trama – Vivi é vítima de um relacionamento abusivo com Camilo (Lee Taylor), mostrando uma situação ainda comum na sociedade. “A gente sai da realidade das blogueiras e chega nessa realidade tão brutal do machismo, da falta de poder de fala”, conta a atriz, de 37 anos de idade, que já conheceu mulheres que viveram esse drama. “Você fica naquela situação de se 'comenta ou não comenta', mas me coloquei, por muitas vezes, solícita: ‘o que você precisa?’”, conta.    

Vivi ganhou Instagram próprio com quase 2 milhões de seguidores, virou estrela de campanhas publicitárias de grandes marcas em setores diversos e lançou moda. A personagem fez Paolla ponderar ainda mais o papel que exerce nas redes sociais. “A gente influencia as pessoas com as nossas atitudes, com a maneira como a gente vive, com o jeito de olhar. Um ‘fake’ influencia dois milhões de pessoas”, pondera a atriz, que tem 21 milhões de fãs que a acompanham fielmente não só no mundo virtual como no real. “Tem fã dormindo na porta dos lugares onde eu estou. A primeira coisa que eu faço é sentar e falar ‘vem cá, sua mãe sabe disso?’ Eu pareço uma tia velha falando com eles”, brinca.

Tanto carinho de desconhecidos é algo que Paolla jamais esperou. Criada na periferia de São Paulo, filha de um pai policial militar e de uma mãe que só depois dos 50 conseguiu realizar o sonho de entrar na faculdade de Medicina, ela cresceu com a mentalidade de que a única maneira de seguir na vida é pelo trabalho. “Eu não planejei a minha carreira”, diz. “Aprendi que trabalho é feito todo dia”, explica, citando uma frase de um lema que levou para tudo vida: “objetivo alto, expectativa baixa e esforço constante”.

Expectativa é uma palavra que a atriz usa muito em pouco mais de uma hora de conversa. É que, nos últimos anos, Paolla aprendeu que se cobrava devido a expectativas alheias. “A gente não cria expectativa, as pessoas é que criam, e você tenta atender. E eu parei de atender às expectativas dos outros”, avisa. O processo a ajudou a “se permitir” e “ser livre para tudo”. Isso inclui não ter que obedecer padrões – inclusive estéticos. Paolla, que ano que vem desfila no Carnaval do Rio como rainha de bateria da Grande Rio, já sentiu a pressão para ser como “esperado”.

“Tem várias declarações minhas, que eu queria ter a perna mais fina, que meu cabelo tinha que ser de outro jeito, que eu queria ser mais alta. Hoje se você perguntar, vou falar ‘não, eu queria ser assim mesmo como sou’”, afirma a atriz, que não se arrepende da lipoaspiração feita nas coxas. “As pessoas têm que fazer o que querem para ficar bonitas. Mas têm que fazer por elas”, ensina.

Foi pensando no que quer ou não para o futuro que Paolla decidiu congelar os óvulos e ter a possibilidade de, um dia, ser mãe. “Congelei exatamente por não saber e não querer gerar algum tipo de frustração, porque optar em não ter é uma coisa, e não poder é outra”, diz a atriz. Solteira, ela foge dos aplicativos de namoro. “Não dou conta. Eu sou muito à moda antiga. Eu gosto de serenata, né?”, brinca ela, que diz gostar de histórias “bem de filme”. “Por que não?”, sonha.

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

A Vivi Guedes está em um relacionamento abusivo. Já conheceu alguém que tivesse vivido uma situação de abuso?
Sim. É uma situação bem triste que começa sempre de algo pequeno. Tudo que as pessoas chamam de discussão, que são bolas que a internet e a novela levantam, eu acho que são discussões bem-vindas. Servem para a gente, às vezes, botar a mão na consciência e falar ‘opa, já passei por isso, nem sabia que era abusivo, não sabia que não podia falar para eu trocar a roupa’.

Como lidou quando essa situação se apresentou a você?
Você fica naquela situação de se comenta ou não comenta, mas me coloquei, por muitas vezes, solícita: ‘o que você precisa?’. Percebo que as pessoas se submetem porque acham que vão salvar o casamento, ou porque vão cuidar dos filhos ou vão manter uma família, ou por vergonha, ou por medo. Não é muito distante (da novela). No Instagram falam ‘deixa o Chiclete ser preso, fala logo e sai disso’. Mas quem está nessa situação, às vezes, não sai porque acha que vai conseguir dominar. A Vivi, em um primeiro momento, tinha uma empáfia e dizia ‘imagina, está tudo sob controle’. Eu acho que essas pessoas - na vida real, já vi também - sempre acham que têm o controle da situação. Até a hora que já não têm mais nada e não tem nem voz para sair mais dela.

Você tem cenas de abuso com Camilo. Como sai delas?
São muito difíceis. São cenas pesadíssimas, com arma no meio da cara, é muito pesado. Eu e Lee conversamos antes de gravar. Depois, o estúdio dá uma silenciada. A gente trabalha com energia, quando tem essas cenas mais pesadas as pessoas ficam mais pesadas e a gente também. É um trabalho de confiança entre nós.

As cenas quentes com Chiclete (Sergio Guizé) são mais confortáveis de fazer?
Você se expor, ficar relaxada para fazer uma cena de romance, é tão difícil quanto as cenas de abuso. É a mesma coisa. Não faço distinção, não.

Vivi virou uma personalidade “real” da internet, com quase 2 milhões de seguidores no Instagram...
Eu chego a ficar com uma ponta de ciúme (risos). Fiquei até sem tempo de fazer material para o meu Instagram porque é tanta coisa para o dela!

Esse expediente duplo não te cansou?
Olha para mim, estou exausta. É cansativo, não vou negar. Mas quando você não sabe o quanto algo vai dar de trabalho, só percebe quando está dando trabalho. Então, você só embarca.

"Olha para mim, estou exausta. É cansativo, não vou negar"

sobre ser Vivi Guedes na TV e nas redes

O que leva da Vivi?
O que eu levo dela é que tudo pode. Já era um pensamento meu, mas ficou muito claro. Eu dou sempre um exemplo: quando eu chego no set para gravar com a roupa da Vivi, estão os câmeras, e a técnica, eles perguntam ‘nossa, e pode sair assim?’. Pode. Está tudo certo.

Vivi é sensual, tem Instagram com foto sexy de biquíni. Teve algum problema em mostrar um lado mais ousado na tela?
Não tive. Em outro trabalho já usei meu corpo, as pessoas já falaram. Eu sempre digo que o meu corpo está para o meu trabalho. A Vivi Guedes, com a jovialidade que o texto pedia,  faria aquilo (fotos ousadas). Mas a trama desviou, os looks do dia a dia não são mais tão ousados.

Teve receio de que a boa forma chegasse antes da atuação?
Não, porque já estava dito que a Vivi vendia perfeição, que vendia esse mundo que a internet vende. A imagem dela era aquilo que ela queria mostrar, que estava bem, que estava bonita. Eu já sabia, desde o início, que poderia passar por esse lugar.

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

No Instagram da Vivi, há muitos elogios, mas, também ofensas, com grosserias como ‘Paolla não é mais a mesma’. Como lida com isso?
Mas eu sou mesmo! Em qualquer sentido que se fale, eu não sou mais a mesma. Eu leio comentários, mas também não sou uma fã ardorosa de ler tudo o que falam de mim. Se algum está demais, eu bloqueio. Crítica a pessoa pode fazer. Agora o espaço que eu dou para essa crítica me fazer mal é comigo. Isso eu aprendi com o tempo. O que está sob o meu domínio é não procurar mais do que eu devo. É fácil? Não é fácil. A televisão é uma exposição. ‘Você não se importa de ter fotos assim, assado?’. Eu, como atriz? Não me importo de jeito algum.

Não?
Estou exposta à crítica do meu corpo, à crítica se eu sou a mesma ou não, se isso serve para o personagem. Se você está na chuva, eventualmente você vai se molhar. O quanto eu me previno para que não fique chateada com essas coisas é que eu posso fazer. O resto não tem como fazer nada. Vivemos numa época onde julgar está muito maior que ouvir, compreender, se identificar. A empatia é uma palavra bastante intensa e importante hoje. Se colocar no lugar do outro é um exercício constante para regular nossas emoções e nosso pré-julgamento. Isso é mais potente ainda quando é designada a nossos semelhantes.

Isso já abalou sua autoestima?
Sim. É muito difícil quem chega aqui impávido e não se preocupa com isso. Tem gente que aprende por um lado, tem gente que aprende por outro, tem gente que simplesmente não liga. Mas eu te digo que apanhei algumas vezes e fui aprendendo que só posso mudar o que está perto de mim. Esse dias postei o vídeo de um motorista de aplicativo que peguei (o homem comemorar estar com a atriz e imita Vivi). Ele me deixou feliz um tempão. Uma menina me mandou um bilhete dentro da comida que eu tinha pedido, o sonho dela era me ver. Aí tem um colega que fala que você é profissional, outro que diz que para para te ver. Essas coisas é que dizem quem eu sou. E, no fim, a expectativa das pessoas (que criticam) é que faz elas ficarem frustradas, não é a minha.

Como assim?
A gente não cria expectativa, as pessoas é que criam, e você tenta atender. E eu parei de atender às expectativas dos outros. É ser livre para tudo, inclusive para errar, para não estar em um determinado padrão, para não ser quem as pessoas esperam que você seja. O aprendizado, para mim, foi esse. Foi aos 37? Talvez eu já tenha chutado o pau da barraca. Por que eu estou me sentindo melhor agora? Foi uma organização de pensamento.

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Você se sente melhor aos 37 anos que aos 27?
Me sinto. Talvez, aos 27 eu estivesse até melhor, mas a expectativa estava tão maior, e eu estava correndo para atender à expectativa de todo mundo. Mas a minha (expectativa) eu corro para fazer. Tenho Carnaval agora, tem a expectativa de ficar magra. Só depende de mim. Eu vou fazer o meu máximo e vou estar como eu posso.

Já se sentiu cobrada a atender a padrões de beleza?
Já, mas graças a Deus não tenho mais de atender isso. Se você se importar, está indo na expectativa do outro. Hoje as meninas mais novas, que são de mil maneiras diferentes, na sua orientação sexual, no seu cabelo, na sua forma física, têm mais ferramentas para se empoderarem. O poder é mais dinâmico e mais democrático. As pessoas não precisam se identificar só comigo. E o que é mais legal dessa identificação é que não é só com determinado padrão de beleza, que aliás, tem uns em que eu nem me encaixo. As pessoas dizem muito ‘você é real, você é possível’.

Como era essa cobrança antes de se libertar dessas expectativas?
Tem várias declarações minhas, que eu queria ter a perna mais fina, que meu cabelo tinha que ser de outro jeito, que eu queria ser mais alta. Hoje se você perguntar, vou falar ‘não, eu queria ser assim mesmo como sou’. Talvez se eu olhar várias vezes no espelho fale ‘preciso fazer mais isso’. É parte da vida. Mas querer ser totalmente outra pessoa e assumir uma expectativa do outro, não mais.

"Querer ser totalmente outra pessoa e assumir uma expectativa do outro, não mais"

Você fez uma lipo anos atrás. Se arrepende?
Fiz antes de tudo, nem sonhava entrar em televisão. Eu não me arrependo. As pessoas têm que fazer o que elas querem para ficar bonitas. Mas têm que fazer por elas. Isso é o mais importante, a gente fazer por nós.

Fez alguma outra intervenção?
Depois não fiz mais nada. O caminho da beleza, para mim agora é: a primeira coisa, estar confortável comigo; e a segunda é vou fazer todo dia um pouco. Se eu não penso em fazer uma plástica, vou passar creme. Não acredito que a gente possa viver só pensando em intervenções drásticas – e de todos os tipos, inclusive na vida. Não, as coisas vêm acontecendo. A beleza é assim, o nosso aprendizado é assim. É amadurecimento.

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Você está caminhando para os 40, uma idade que ainda tem um simbolismo muito grande. Como se prepara para isso?
É um lugar que até que é maior do que chegar nos 40 em si. Eu uso o meu biotipo, o meu padrão, e até a minha beleza em prol dos personagens enquanto eu posso. A hora que eu não puder mais e que não estiver à vontade com meu corpo à mostra, ou que as pessoas falarem ‘agora que você está assim não vai fazer’, eu vou fazer outros papéis. Vou para o teatro, para o cinema. O que espero, inclusive de chegar aos 40, é que eu tenha possibilidade de ser quem eu sou e continuar tendo a minha profissão, sendo reconhecida independentemente da jovialidade, da beleza e do corpo.

O seu corpo hoje é um instrumento de trabalho.
Sim, e uso de forma consciente. As mudanças no meu corpo vão de 8 a 80, vão de tomar porrada e modificar o corpo, como eu fiz com a Jeiza de A Força do Querer até a Vivi. Eu uso sem preconceito. Sabe? Quando eu chegar aos 40, e talvez não seja aos 40, quando eu me sentir diferente, que as pessoas também me sintam assim e eu consiga abrir novos caminhos.

Como lida com essa passagem do tempo?
Todos os dias. Não existe falar 'acordei um dia com 40'. Não existe. A gente já está com 40 quando está com 37, né? Estamos aqui falando disso. Eu, quando tinha 19, pensava ‘daqui a pouco eu vou fazer 20’. Grandes coisas. Nada mudou. A gente ouve muito ‘ah, mas você vai ver, quando você fizer 30 é ladeira abaixo’. Olha isso! Que mudança a gente quer ter na mente! Como é que a gente quer falar de uma outra beleza, como é que quer deixar as pessoas um pouco menos neuróticas e viver em um mundo menos estressado em relação à beleza se a gente tem ditados e jargões como esses? Se temos essas ‘verdades absolutas’ do tempo da minha bisavó? Tudo é um processo. Já estou pensando nos 40, mas acho que vou estar mais ou menos a mesma coisa.

Busca o equilíbrio?
Sim, sabendo equilibrar, a gente pode ter uma vida mais amena, sem tantos extremos, que normalmente fazem mal. Vivemos em uma época de extremos. A gente fala mais do que ouve. As opiniões são maiores do que ouvir o outro, do que entender por que que o outro tem aquele posicionamento. Isso serve para tudo na vida. Equilíbrio é uma palavra também que me guia. Ele serve para tudo: de comer e beber e no outro dia não ficar se culpando horrores até ter uma relação saudável com as pessoas e redes sociais. Se você ler tudo, você fica maluco. Se você postar tudo, sem ter um mínimo de coerência, fica maluco, porque nem todas as redes servem para você se expor. Não existe diálogo, né? Poucas redes têm diálogo, a maioria você joga uma informação e tchau.

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

No Rock in Rio, quase te derrubaram por uma selfie com você. Tem fã que já tatuou seu rosto no braço. Como lida com esse tipo de assédio, de adoração?
Eu fico assustada. A primeira coisa que eu faço é sentar e falar ‘vem cá, sua mãe sabe disso?’ Eu pareço uma tia velha falando com eles (risos). Tem fã dormindo na porta dos lugares onde eu estou. Pensa, eu fico nervosa. Claro, tem gente que passa do ponto. Já tive situações desagradáveis, mas nunca ninguém me botou a mão, por exemplo. É um carinho muito bem-vindo. É um carinho que eu nunca esperei ter.

Fica surpresa?
Fico. Uma criatura que veio da Penha feito eu, que estava em São Miguel Paulista, em uma realidade completamente diferente... Eu fiz estágio no Hospital Geral de Guaianases, se eu falo esse nome em São Paulo as pessoas caem duras, porque é a realidade de um hospital público. Eu vim desse lugar, eu venho do meu pai trabalhando 30 anos na Polícia Militar. A minha mãe trabalhando em dois empregos para dar conta de três filhos. A minha avó, que não tinha televisão. A minha tia que trabalhava na roça. Minha mãe veio para São Paulo porque o sonho dela era estudar, e ela faz Medicina agora. As mulheres minha vida são bravas e guerreiras como todas nós somos, são meus primeiros exemplos e inspiração para vida.

Pensava ser tão bem-sucedida?
Não. A minha criação é muito pró-trabalho. Meu pai sempre falou isso. Ele sempre botou os filhos para trabalhar e para seguir uma linha de raciocínio em que o trabalho faz parte de nós, que é onde a gente pode ser melhor, e que não tem outra maneira de a gente seguir a vida se não for pelo trabalho. Eu meio que não pensei, não planejei a minha carreira e isso até me ajudou. Eu fui fazendo um trabalho de formiguinha.

É como aquela frase que roda na internet ‘nunca foi sorte, sempre foi trabalho’?
Eu vou te falar outra: ‘objetivo alto, expectativa baixa e esforço constante’. Se você troca essas coisas, se você coloca um esforço enorme com objetivo trocado, não vai a canto algum. Aprendi que o trabalho é feito todo dia. Se você faz um trabalho esperando a expectativa você corre com a expectativa e quem corre não faz nada direito. Então, faço todo dia um pouquinho. Minhas metas são a curto prazo. Sou muito feliz com a trajetória do meu trabalho. Se a sorte me encontrar, que ela me encontre trabalhando.

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Está em um momento feliz, solteira?
Estou bem, estou feliz e vivo momentos de tão pouco tempo sozinha, porque quando eu estou sozinha estou dormindo. O trabalho também dá uma preenchida em tudo. Mas eu estou feliz. Estou vivendo realmente um momento bom e tranquilo comigo.

"Estou bem, estou feliz e vivo momentos de tão pouco tempo sozinha, porque quando eu estou sozinha estou dormindo"

Já usou aplicativo de namoro? Os amigos já te apresentaram a alguém?
De jeito nenhum. Eu não dou conta, gente (risos). Eu não consigo. Eu sou muito à moda antiga. Pode colocar isso: muito à moda antiga para algumas coisas. Eu gosto de serenata, né? Aplicativos fazem parte de um mundo totalmente atual, inclusive o meu mundo. Mas não dá. Agora apresentar o amigo do amigo, sim.

Seus amigos estão ativos...
Ah, eles sabem que eu sou careta. Já sabem que, comigo, não funciona. Quanto mais me apresentam, me mostram o caminho de uma expectativa, já não gosto. Então, me deixa quieta, me deixa fluir.

Então você acha que um novo amor vai ser uma coisa tipo virar ali na esquina, bem natural?
Vai. Bem filme. Eu gosto dessas histórias. As pessoas me param muito para falar de histórias de romance, ‘ai, encontrei meu marido assim, como o encontro do Chiclete, que é olho no olho e já sabia’.

Você sonha com esse encontro de filme?
Por que não?

Já aconteceu com você?
De esbarrar, assim? Não, sempre foi algo mais tardio, encostei lá atrás, daí depois falei ‘ah, tá, é você de novo’. Mas igual a filme, não. Por isso que eu estou aqui (risos).

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Você congelou óvulos. Por quê?
Eu sou bem prolixa, mas quanto a isso é muito simples: quando você congela óvulos é porque você não tem uma opinião formada ainda. Como o corpo dá um limite (a idade), eu tenho óvulos congelados. Então, é assim: eu não sei (se vou ser mãe). Mas congelei exatamente por não saber e não querer gerar algum tipo de frustração, porque optar em não ter é uma coisa, e não poder é outra.

"Congelei óvulos por não saber e não querer gerar algum tipo de frustração"

E isso te tranquilizou?
Sim. Seria justo que toda mulher que pudesse passar por esse tipo de tratamento, que ainda não é acessível para todo mundo.

A Vivi é uma personagem que virou estrela de campanhas publicitárias. Como é isso?
É tudo muito novo. A Vivi veio recheada de novidades, não só o Instagram dela como essa interação que é um frescor para essa parte comercial dentro da dramaturgia. As marcas com as quais eu trabalho veem possibilidade em um personagem. É um case novo que abre possibilidades para a casa, para mim, para outros atores. A Vivi criou uma interação e uma credibilidade que a gente, aqui, na vida de carne e osso, demora muito tempo a ter.

Vivi fazer campanha aumenta ainda mais seus rendimentos. Tendo vindo de uma família que lutou tanto, ainda se espanta com o que ganha?
Eu acredito em educação. Tudo é a formação que você tem para ver as coisas. Adoro o mercado financeiro, adoro me inteirar disso. Isso eu aprendi com meu pai, que não sabia quase nada, mas sabia cuidar e administrar dinheiro para cuidar de três filhos.  Tudo que eu sei sobre dinheiro é com o pé no chão. Fico muito feliz de ter independência financeira, que pode ser com um dinheirinho ou com dez dinheirinhos. O que eu ganho, o que outra mulher ganha sendo bem-sucedida no trabalho dela, é independência. Só vejo dinheiro com esse sentido de independência. E, claro, de poder proporcionar algumas coisas para as pessoas que estão em volta, de levar uma vida boa. Mas nunca é ‘olha o dinheiro’, de maneira nenhuma.

Sua mãe está se formando em Medicina...
É muito orgulho. Muito orgulho. Tem gente que fala ‘ah, não posso, já passei da idade, já não tenho mais cabeça’. E eu falo para minha mãe às vezes 'para de estudar um pouco, vai viajar’. E ela diz ‘não, eu quero’. O que a gente quer, o nosso desejo, é o nosso maior impulsionador. Trabalhar em televisão, aguentar haters, aguentar imprensa, aguentar a expectativa dos outros. A gente só se molda melhor porque é o desejo. Fico muito feliz fazendo o que eu faço. Eu sou muito feliz de poder viver do meu trabalho, de poder ver que os meus pais, a minha família, me veem fazendo esse trabalho. Porque senão, não aguentaria. É para os fortes. A televisão é para os fortes.

Créditos:
Fotos: Gil Inoue
Styling: Renata Correa
Make e hair: Krisna Carvalho

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)

Paolla Oliveira (Foto: Gil Inoue)