Letícia Colin Capa (Foto: Vinícius Mochizuki)
Letícia Colin Abre (Foto:  )

Desde que começou a interpretar a princesa Leopoldina em Novo Mundo, trama das 6 da Globo, a vida de Letícia Colin mudou. Elogiadíssima pela crítica e pelo público, a atriz de 27 anos se viu pela primeira vez - em 18 anos de carreira - mais próxima dos telespectadores. "A Leopoldina é meu papel de maior repercussão. As pessoas abraçaram a novela e ela caiu no gosto do público. Acho que o sucesso tem a ver com o fato da Leopoldina ter sido uma mulher que se doou para o Brasil. Ela tinha os valores de justiça, era incorruptível. Isso tudo colaborou para as pessoas a admirarem”, reflete, orgulhosa.

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Se a imperatriz foi uma figura engajada e se tornou a grande articuladora da independência do Brasil, Letícia não fica atrás. Extremamente comprometida com as questões políticas e sociais, a filha temporã dos professores aposentados Analdina, de 67, e José Hélio, de 69, gosta de lutar por seus direitos, questionar sobre o sistema e se informar sobre tudo o que acontece no país. “Quero me sentir fazendo parte. Já me senti muito não pertencendo aos lugares, aos ambientes, ao país, à vida”, conta.

Namorando há pouco mais de um ano Michel Melamed, de 41, a atriz ainda não faz planos de  casamento. Mas não descarta morar junto com o ator. “O Michel é um cara interessantérrimo. Não é à toa que estou com ele! (risos) Estou superapaixonada! A gente se dá muito bem, é muito bom”, afirma ela, que por enquanto divide um apartamento no Rio (Letícia é de Santo André, no ABC paulista) com o gato Galileu, de 3 anos.


DIVISOR DE ÁGUAS
“A Leopoldina é o meu papel de maior repercussão. As pessoas abraçaram a novela, que tem núcleos maravilhosos, e ela caiu no gosto do público. Acho que tem a ver com o fato da Leopoldina ter sido uma mulher que se doou para o Brasil. Ela tinha os valores de justiça, era incorruptível. Isso tudo apontou para as pessoas a admirarem. E também por ela ter se mantido muito digna e nobre apesar de tudo o que passou com Dom Pedro. As pessoas gostaram dela”.

VIDA NORMAL
“Minha vida é super normal. Claro que com a Leopoldina minha carga horária é maior, porque tenho que ler e decorar muito mais cenas. Gosto de me locomover pela cidade e não abro mão de nada. Mas tenho medo da violência, dos assaltos e de tudo o que acontece no Rio. Estamos vivendo um momento bem hostil. É muito triste e quero que seja diferente. Quero lutar e acreditar que vai mudar. Sou otimista e acho que temos que continuar tendo interesse por política, trocando ideias. Não podemos nos fechar e achar que tudo está péssimo, que só vai ficar pior e não tem jeito de melhorar. Acho importante me manter curiosa para a vida e com fé, esperança e coragem”.

Letícia Colin Aspas (Foto:  )

BEM-SUCEDIDA
“Me considero uma pessoa de sorte. Acho que não basta ter talento e se esforçar. Tem algo que faz as coisas acontecerem e o sol brilhar um pouco mais para um e fazê-lo ter mais oportunidades. Sempre tive o maior respeito e dedicação ao meu ofício. Vivo para isso! Meu dia a dia é fazer os meus personagens. Estou muito feliz, ainda mais por emendar trabalhos em tempos de crise. Mas também estudo muito. A Leopoldina veio num momento muito bom, em que estou muito serena e muito bem espiritualmente e emocionalmente. Ajuda muito ter tranquilidade para compor um papel e levar uma novela até o fim, porque o processo é bem intenso”.

MICHEL
“Nós nos conhecemos no programa dele, o Bipolar Show, que vai ao ar no Canal Brasil. Fui gravar e começamos a conversar. Nosso primeiro encontro foi lá. Muita gente acha que já estávamos juntos, mas não. E começamos a conversar, a sair e foi virando um namoro porque é muito bom estar perto, estar junto dele. A gente se vê, se fala muito e adora estar junto. Moramos perto, mas pensamos em morar juntos. O Michel é um cara interessantérrimo. Não é à toa que estou com ele! (risos) Estou superapaixonada! A gente se dá muito bem, é muito bom.”

Letícia Colin (Foto: Vinícius Mochizuki)

DO POVO
“Não dirijo, não tenho carteira de motorista. Às vezes, vou de ônibus para os Estúdios Globo. Outras vezes, vou de uber. Sou super a favor de que o transporte público funcione. Apesar de ele ainda não estar nem perto do que é o ideal, uso porque acredito. E gosto de ver gente, de entender como é o dia a dia das pessoas. Me dá uma outra visão. Eu posso escolher. Mas sei que muita gente depende daquilo diariamente e isso me abre o olhar. Gosto de pensar sobre isso”.

ENGAJAMENTO
“Por ser atriz, tenho que entender a história que estou contando, por que é importante falar isso ou aquilo em determinado momento. Quero me sentir fazendo parte. Já me senti muito não pertencendo aos lugares, aos ambientes, ao país, à vida. Tenho uma coisa meio de estrangeiro porque me mudei muito cedo para o Rio para trabalhar como atriz. Tinha vontade de me sentir cada vez mais pertencendo, compreendendo. Muitas vezes ouvia notícias do jornal e as pessoas comentando coisas e não compreendia direito. Ainda não compreendo muita coisa. Mas tenho vontade de saber. É como um grãozinho que vai se desenvolvendo. Porque acredito que é preciso uma vida inteira para alguém ter uma opinião política realmente formada. Ainda não tenho isso. Já sei quem não dá para votar, como é que vou me posicionar numa urna de eleição e um pouco de como funciona o Brasil. De repente, vai batendo uma maturidade”.

Letícia Colin Aspas (Foto:  )

ZEN
"Sou adepta do budismo há quase dois anos. Quem me apresentou foi um amigo, colega de coxia, o ator Reiner Tenente. E o budismo revolucionou a minha vida. Para mim, faz muito sentido, já que ele traz à tona a questão da responsabilidade sobre tudo o que fazemos, de aumentarmos nosso próprio potencial. Ele fala que podemos melhorar a nossa energia vital para resolvermos qualquer problema e ensina a não desistirmos nunca, já que a lamentação afasta a boa sorte. Também mostra que o carma é transformação, lição. Enfim, tem muitas vertentes que adoro e me identifico muito".

BOA FORMA
"Tenho comido cada vez melhor e gostado de coisas mais saudáveis. Também perdi um pouco da fissura que tinha por doce. Era uma coisa meio hormonal, quando era mais nova. Sinto que meu paladar mudou muito com o passar do tempo. Adoro caminhar, malhar, fazer musculação e ioga. Minha rotina muda muito de semana para semana. Tenho meu personal que joga muito junto comigo e topa mudar mil vezes de horário. E quando consigo, também faço minhas aulas de ioga. Tenho sentido a necessidade de ser saudável mesmo, de me alimentar bem com nutrientes e fibras. Sinto que acordo e trabalho melhor. Acho que é por isso que como melhor também. A gente vai aprendendo que fica com mais energia e disposição".

Letícia Colin Aspas (Foto:  )

PADRÕES
"Estamos vivendo um momento em que os padrões estão sendo questionados, o que é bem interessante. É um viva à diferença, à singularidade e à diversidade. A Leopoldina é um personagem que é super acima do peso historicamente. Os quadros a representavam bem gordinha. Usei enchimento. Mas também fiquei bem tranquila em relação à dieta, já que o perfil do personagem não precisava de um padrão magro. Mas sou a favor de sermos o que somos. De usarmos cada vez menos maquiagem, de termos representatividade. Esse sistema de as atrizes terem que ser perfeitas e magras está mudando. Estamos em uma fase mais interessante e saudável. E também mais livre e viva. Não deixo de comer algo legal se estou com um grupo de amigos num restaurante ou fazendo um programa especial. Gosto de experimentar, de ter prazer comendo. Hoje em dia faço minhas escolhas de alimentação mais pela saúde”.

CRISE
"Já tive momentos em que achava que podia ser mais magra. Hoje em dia, estou bem feliz com meu corpo. Sei que eu não sou supermagra. Sei que poderia até ser mais seca se fizesse mais exercícios. Mas hoje vou muito atrás do que meu personagem pede. E não o que eu, Letícia, peço. Só se eu interpretasse uma modelo ou alguém que precisasse de um shape mais seco faria alguma coisa mais radical. Pelo trabalho, pela composição do personagem. Por mim, não. Na adolescência que a gente fica se sentindo mais cheinha e desconfortável com o corpo. Depois disso, tudo se encaixa muito melhor".

Letícia Colin Aspas (Foto:  )

SEM PARAR
"Não vou conseguir viajar depois da novela. Vou fazer uma participação na série Cidade Proibida, com direção do Maurício Farias. Então, tenho algumas diárias para fazer. Mas vou descansar alguns dias e visitar minha família em São Carlos. Não vai dar para fazer uma viagem mais longa. Depois vou fazer Cine Holliúdy, que é outro seriado, inspirado no filme de mesmo nome, que vai me tomar tempo porque vamos filmar bastante. Ainda sei muito pouco, mas sei que o personagem é bem legal".


EMPODERAMENTO
"Esse movimento do empoderamento e da liberdade é maravilhoso e fundamental para a saúde mental das mulheres. Estávamos muito doentes. Ainda estamos. Ainda existem altas taxas de meninas com anorexia e bulimia, como ainda há muitos casos de racismo e violência contra a mulher. Estamos falando mais nisso, mas ainda é um problema a ser combatido, é algo que ainda acontece por aí. Tem um caminho muito grande para ser percorrido. Por isso, que temos que falar várias vezes e levantar a bandeira da saúde e da autoaceitação".

INSPIRAÇÃO
“Fiquei muito feliz em interpretar a Leopoldina. Primeiro, por contar a história de uma mulher que pouca gente conhece e que mudou o curso da história do Brasil. E depois, porque a história dela tinha que ser contada em um momento em que estamos falando cada vez mais de empoderamento feminino e de feminismo. Quero que as pessoas saibam que ela foi uma mulher notável, que era uma humanista, uma figura que abraçou o Brasil e colocava sua felicidade sempre em segundo plano. Ela realmente viveu pelo povo e pelo desejo de ser princesa. Para mim, é uma inspiração”.

Letícia Colin (Foto: Vinícius Mochizuki)

INFÂNCIA
“Sempre fui muito expansiva e comunicativa. Acho que meus pais percebiam que eu era muito extrovertida e começaram a me levar para fazer testes. Me divertia muito nas gravações me vestindo para os personagens. Era uma coisa que adorava. Minha mãe já estava aposentada, então, ela podia me acompanhar em tudo. Sou filha temporã. Minha irmã mais velha, Érika, tem 47 anos. E tenho outros dois irmãos: o Paulo, de 43, e o Luiz, de 35.”

FAMÍLIA
“Minha família é maravilhosa, somos muito unidos. Eles assistem tudo o que faço, me prestigiam, torcem pelos meus trabalhos. Temos um grupo no WhatsApp em que compartilhamos tudo sobre nossas vidas. Minha irmã, que é dentista, manda fotos dos tratamentos de canal que faz. Meu irmão, que trabalha numa empresa farmacêutica, posta fotos dos congressos. E posto minhas fotos gravando cenas, de figurino, de coroa. Todo mundo é muito generoso um com o outro. Meus pais nos ensinaram a nos estimular e a torcer uns pelos outros. Eles são muito parceiros”.

Letícia Colin (Foto: Vinícius Mochizuki)

DONA DE CASA
“Minha mãe morou comigo no Rio até eu fazer 23 anos. Ela ficou o máximo de tempo que pôde. Depois, retomou a vida e foi morar com meu pai em São Carlos (interior de São Paulo), na chácara em que passei minha infância. Agora, chegou o momento de eu ter que cuidar da minha casa. E isso me dá muita alegria. Estou começando a ter vontade de cozinhar. Nunca tive, até porque passo pouco tempo em casa e não me interessava. Mas estou começando a fazer mais pela saúde. Comecei fazendo sucos, depois saladas. Vou me aventurando aos poucos. Adoro comer saudável. Cresci comendo salada, fruta, verdura e legume. Tenho um gato, que adotei, o Galileu, que é meu companheiro. Ficamos muito juntos. Mas também adoro receber, chamar meus amigos para tomar vinho e jogar na minha casa. Tem uma pessoa que me ajuda a organizar a casa, mas também organizo. Não tenho problema em lavar a louça e varrer a casa. Gosto de fazer as coisas de casa”.

Letícia Colin Aspas (Foto:  )

ZERO GLAMOUR
“A atuação é um ofício que não tem nada a ver com glamour. Pelo contrário. Tenho que estar cada vez mais perto das questões humanas, das pessoas, ouvir, sentir. Me mantenho conectada com as coisas da vida, do dia a dia. Trabalho, cuido da casa, encontro os amigos. Tenho a sensação de que quanto mais mantenho minha vida assim, melhor é meu trabalho. É maravilhoso ser atriz. Temos que pesquisar nossas próprias emoções. Tenho uma vida muito normal, mas tenho uma sensibilidade muito forte. Hoje em dia, aprendi a lidar com isso. Não quero perder isso nunca. Porque é assim que sou feliz. Quero poder fazer qualquer personagem. E para poder fazer qualquer personagem, tenho que conhecer os outros mundos e estar aberta para trocar com pessoas de todo tipo”.

ANALISADA
“Faço terapia há dez anos com a mesma terapeuta, a Cristiane Almeida. Acho que todo mundo deveria fazer, ainda mais o ator, que mexe muito internamente com as emoções. Tenho curiosidade para saber como é o que estou sentindo, de onde vem, como é que bate internamente, o que é que está por trás de uma escolha que estou fazendo. Sou muito investigativa da minha vida. Terapia para mim é cura total e me faz uma pessoa melhor. Com certeza vou fazer para o resto da vida”.

Fotos: Vinícius Mochizuki
Styling: Bruno Pimentel

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Letícia Colin Aspas (Foto:  )