Uma marca especializada em tiramissú, tradicional sobremesa italiana à base de biscoitos, café espresso e creme doce de queijo mascarpone. Foi essa a ideia de negócio que a chef Lara Carolina, 28 anos, tirou do papel em 2020 com apenas R$ 300 e de dentro de um flat. Três anos depois, a Tiramisù Sossi tem dois endereços em São Paulo e vale em torno de R$ 1 milhão.
O envolvimento de Lara com a cozinha se confunde com própria história de vida. “Com um ano e meio, já contava feijão. Com uns 5, lia sobre receitas e saúde das plantas. Cresci em frente ao mar de Macaé, no Rio de Janeiro. Aos 8 anos, vendia biscoito savoiardi como permuta na cantina da escola. Comercializada os ovos de uma galinha preta, minha ‘primeira funcionária’, a Merilou. Com uns 12, organizava festa na casa dos meus pais. Aos 16, entrei na faculdade de gastronomia”, ilustra a empreendedora que também tem formação em marketing.
Apesar de suas lojas serem no ramo da confeitaria, Lara revela que assume várias funções. “Sou chef, cozinheira, administradora, CEO, a tia do lixo, a tia da marmita, pesquisadora. E ainda faço consultoria para muita gente”, resume.
Antes de ter seu próprio negócio, ela fez estágio em endereços muito bem cotados: restaurante D.O.M., do chef Alex Atala e grupo Fasano, entre outros. Também atuou ao lado de chefs mundialmente conhecidos, como os franceses Alain Passard e Joël Robuchon. Durante a pandemia, foi vice-campeã do Top Chef Brasil, da Record.
Foi durante a gravação do reality, interrompida pela crise sanitária que ela começou a empreender. Isolada, já na segunda semana em casa, não aguentava mais ficar sem ter atividades. Começou a preparar tiramissú como presente para os amigos. Um deles publicou o “mimo” nas redes sociais com o telefone de Lara. Ela começou a receber pedidos e viu ali uma oportunidade de negócio.
Com R$ 300, comprou os ingredientes e alguns potinhos, juntou com um tanto de coragem e começou a empreender. Foi a clássica história: um cliente trouxe outro, que trouxe outros, que trouxeram mais ainda e o negócio ganhou corpo, tudo dentro do flat de 35 metros quadrados em que vivia, trabalhando até a madrugada.
Lara tinha resolvido abrir a empresa, literalmente, da noite para o dia. Com um budget de R$ 3 mil, alugou um espaço na Vila Mariana, onde conseguiria trabalhar melhor. Quando recebeu a notícia de que as gravações seriam retomadas, aproveitou para finalizar a reforma e a decoração do espaço alugado. Em maio de 2020, inaugurou a primeira loja.
Menos de dois anos depois, abriu uma unidade maior ainda da Tiramisù Sossi, desta vez na Rua dos Pinheiros, no bairro homônimo, em São Paulo. Ela não revela o investimento exato, mas diz que usou “todo o caixa da primeira loja, um pouco de loucura, minhas economias de anos de cozinha e o apoio do meu marido”. Lara é casada com o chef italiano Luca Gozzani.
Na loja aberta mais recentes, as camadas do doce ficam separadas em cubas de metal, como ocorre em sorveterias. Os pedidos são montados na hora, na frente do cliente, em potinhos com tamanhos P (R$ 30 a R$ 36), M (R$ 55 a R$ 58) e G (R$ 75 a R$ 78). Os valores menores são do tiramissú tradicional (o mais vendido), enquanto os preços maiores se referem aos demais sabores disponíveis: pistache, avelã, chocolate branco com amarena, caramelo salgado e damasco com amêndoas.
Há ainda travessas para 8 (R$ 180) ou 12 pessoas (R$ 220), com opção de o cliente levar a própria vasilha para montar na hora. Tudo é vendido a pronta entrega e via serviços de aplicativo (iFood ou Rappi).
A receita adotada na Tiramisù Sossi leva creme de mascarpone, biscoito savoiardi embebido em calda de café aromatizada com vinho Marsala, cacau em pó e gotas de chocolate. Todos os ingredientes vêm da Itália. Apenas o biscoito é preparado nas lojas.
Outros três produtos se destacam no menu: Tirabombo (massa choux de café recheada com crema pasticcera e mascarpone), Brigidini (doce típico italiano feito em homenagem a Santa Brígida) e Torrone de avelã.
Pela variação de tamanhos e tipos de produtos, ela diz ser difícil contabilizar quantas unidades são comercializadas. Mas só de mascarpone usado, a média varia de 1,5 a 2 toneladas por mês. Com menos de um ano de atividades das duas lojas, o faturamento mensal já batia a casa dos R$ 60 mil.