Empreendedores conhecem bem os riscos da procrastinação – quando se adia as coisas até o último minuto, gerando um acúmulo de demandas. Mas há outra maneira de lidar com as tarefas que pode passar despercebida: a chamada precrastinação, definida por alguns especialistas como o oposto da procrastinação.
A precrastinação acontece quando uma pessoa realiza uma tarefa o mais rápido possível, muitas vezes antes mesmo que seja necessário, para que não precise mais se preocupar com isso. Se você tende a procrastinar, isso pode parecer uma meta a ser alcançada, mas esse comportamento também possui suas próprias armadilhas.
"Podemos pensar na precrastinação e na procrastinação como dois extremos", explicou Christopher Gehrig, professor de psicologia da Universidade Helmut Schmidt, na Alemanha, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. Para riscar algo da lista de afazeres, os precrastinadores frequentemente gastam energia extra em uma tarefa ou se apressam em serviços para sentir o alívio de completá-los.
O conceito de precrastinação foi descoberto por acidente em um estudo de 2014 liderado por David Rosenbaum, atualmente professor de psicologia na Universidade da Califórnia, em Riverside. No experimento, os participantes tinham de carregar um balde cheio de moedas e podiam escolher entre dois recipientes: um mais próximo deles e outro no final do trajeto. A maioria optou pelo balde mais próximo, mesmo que isso significasse ter de carregá-lo por uma distância maior.
Quando Rosenbaum e seus colegas perguntaram aos participantes por que escolheram o balde mais próximo, eles responderam que era para completar a tarefa mais cedo. "O desejo de aliviar a carga mental era tão forte que estavam dispostos a gastar um pouco mais de esforço físico para alcançá-lo", Rosenbaum explicou em um comunicado à imprensa na época.
"Um equilíbrio saudável entre precrastinação e procrastinação pode ser alcançado ao planejar e priorizar as tarefas de maneira eficaz, sem se sentir pressionado para concluí-las imediatamente", observa Gehrig. O especialista sugere, por exemplo, estabelecer horários específicos para realizar certas atividades e agrupar tarefas similares, como responder a e-mails ou mensagens de texto. Além disso, reconhecer que algumas funções não exigem resposta imediata e podem ser adiadas.