Feira de franquias da ABF 2024: 8 dicas e cuidados essenciais para aproveitar o evento

A ABF divulgou que 114 marcas vão expor pela primeira vez ou estão retornando ao evento após mais de cinco anos sem participar. Isso equivale a cerca de 25% do total de expositores. Algumas das redes tradicionais que participarão pela primeira vez são Clube Melissa (que agora passa a se chamar apenas Melissa), Dudalina, General Prime Burger e Cão Veio, do chef Henrique Fogaça.

Entre os segmentos que mais receberam marcas novas, a entidade destaca produtos naturais, energia solar, mercado autônomo, mobilidade urbana elétrica, aluguel de carros por assinatura, locação e manutenção de equipamentos hospitalares, clínicas médicas e odontológicas; brinquedos educativos, pedagógicos e terapêuticos; barbearia, financeiras, consultoria de RH e seleção, varejista e atacadista de ferramentas, EPIs (equipamentos de proteção individual), soldas, abrasivos e afins; licitações e startups, entre outros.

Confira a lista completa de marcas estreantes na ABF Expo 2024:

Especialistas recomendam que empreendedores interessados em empreender com franquias tomem alguns cuidados durante o evento. Confira 8 dicas e precauções para aproveitar melhor a ABF Expo e fugir de ciladas:

De acordo com Melitha Novoa Prado, advogada especializada no setor e sócia do Novoa Prado & Kurita Advogados, a feira não é um local para compra e venda de franquias e sim para conhecer os modelos de negócios. Nenhum contrato pode ser assinado na ocasião.

“Pela lei de franquias, 13.966/19, o franqueado deve receber a Circular de Oferta de Franquia (COF), um documento que descreve o negócio, dez dias antes da assinatura do contrato. Portanto, na feira, o investidor visita a marca e, desejando conhecê-la melhor, inicia o processo de seleção, no qual tirará todas as suas dúvidas sobre o negócio. Será o momento em que o franqueador também avaliará o perfil do franqueado. Se tudo der certo, ele receberá a COF [posteriormente] e, depois disso, assinará o contrato e pagará a taxa de franquia”, explica Prado.

Durante a feira, o empreendedor pode conhecer muitas marcas com investimentos variados. Inclusive microfranquias, que são modelos de negócio com aporte máximo de até R$ 135 mil, de acordo com parametrização da Associação Brasileira de Franchising (ABF). É importante que o empreendedor tenha clareza da própria capacidade de investimento antes de visitar o evento.

“É como você ter dinheiro para comprar um carro: você pode desejar ter um de R$ 2 milhões, mas se sua capacidade financeira é para outro, de R$ 120 mil, é preciso colocar os pés no chão e fazer o teste drive naqueles que cabem no seu orçamento, ou investirá energia em algo incabível”, comenta Prado.

Mesmo que a microfranquia tenha um investimento inicial reduzido, é necessário que a empresa siga a lei que rege o sistema de franquias (13.966/19). Dessa forma, o empreendedor não pode ser coagido a assinar documentos durante o evento.

Se a marca inicialmente cabe no seu bolso e o nicho te agradou, é hora de se sentar com a franqueadora e entender todos os custos envolvidos – inclusive o capital de giro. “Com essa reserva financeira, é possível gerir o negócio com mais tranquilidade e sem apertos, já que o ponto de equilíbrio da franquia pode demorar a ser atingido. Então, não dispense o capital de giro e nem o financie”, explica Prado.

A especialista Filomena Garcia, sócia do Grupo Cherto, explica que os empreendedores precisam pesquisar a fundo o histórico das franquias que se pretende fechar negócio. Além disso, é necessário ficar atento a algumas informações que serão essenciais para se atingir o equilíbrio da operação, como:

• Suporte: qual estrutura é oferecida para o franqueado que vai iniciar seu negócio? Treinamentos, marketing, acompanhamento da operação, entre outros, são alguns exemplos.
• Maturidade do negócio: a rede existe há quanto tempo? Quantas lojas são próprias e quantas são franqueadas? Há muitos casos de franqueados com mais de uma unidade? Quantas unidades fecharam no último ano?
• Transparência: Garcia sublinha que nenhuma rede está 100% pronta o tempo inteiro porque o mercado é dinâmico, e isso tem de ficar claro. “Questione as dificuldades que a rede enfrentou, como foram superadas, qual é o projeto de expansão, pergunte sobre cases que não foram para frente e outros que são destaque”, sugere.

Mesmo que o contrato não seja assinado durante a feira, o empreendedor pode perguntar alguns aspectos práticos do negócio para entender se os valores estão alinhados com os do negócio em que pretende investir. Américo José, sócio-diretor do Grupo Cherto recomenda que o empreendedor colete algumas informações importantes.

“[É preciso ter um] entendimento claro de como a franquia vai funcionar. Por exemplo, se há uma cláusula de exclusividade na venda de produtos ou se o item vai ser vendido em qualquer lugar”, recomenda. Outras recomendações do especialista sobre aspectos legais que devem ser levantados com a franqueadora são:

• Entender se há uma cláusula de rescisão no contrato de franquia, tanto para o franqueado quanto para o franqueador, e como funciona;
• Como a franqueadora age em gestões de crise, como na pandemia e no caso das enchentes no Rio Grande do Sul, por exemplo;
• Existe uma cláusula de não concorrência? Como funciona?;
• Como funciona a taxa de propaganda da franquia e quem é responsável pelo marketing e publicidade.

Alguns empreendedores podem buscar franquias como uma opção de segunda renda, outros querem trabalhar em período integral no negócio. Há marcas que aceitam que o franqueado resida em uma cidade mais distante de onde a franquia será instalada, enquanto outras precisam que o franqueado se mude. A orientação é tentar encontrar uma que se encaixe nos critérios de busca.

“Só não vale achar que você ‘dará conta’ do negócio trabalhando pouco. Isso, definitivamente, não existe. O franqueado precisa se dedicar ao negócio para ter sucesso”, afirma Melitha Novoa Prado.

A advogada Thais Kurita, sócia de Prado, complementa dizendo que “este é um erro comum” de quem busca por franquias. As expectativas precisam ser bem alinhadas desde o início – e o franqueado precisa estar disposto a trabalhar bastante, sobretudo se for operar o negócio diretamente.

“Esse é um erro estratégico fatal, porque uma das piores situações, e que é o caminho para o insucesso do negócio, é a frustração das expectativas geradas. O desencantamento cai como uma rocha na vontade de trabalhar no negócio, e isso degrada o resultado da empresa”, afirma.

As marcas costumam levar franqueados atuais para a feira. A recomendação da especialista é ouvi-los, mas também buscar outros que não estejam no evento.

“Aborde quanto investiram no negócio, qual é o valor necessário de capital de giro, como realizam o marketing local e a captação de clientes. Questione sobre o suporte oferecido e entenda o que os leva a ter sucesso. Em relação aos que não foram à feira, procure saber também se eles comprariam novamente a marca ou não e por que o fariam – e o quanto se dedicam à empresa que adquiriram, diariamente”, sugere Prado.

Pela lei de franquias, as franqueadoras devem fornecer os contatos de todos os franqueados atuais e de todos que deixaram a rede nos últimos 24 meses, junto com a COF. Dessa forma, o empreendedor poderá contatar os parceiros da marca e tirar todas as dúvidas práticas do negócio — além de confirmar a veracidade das informações passadas pela franqueadora.

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