Se você acompanha o dia a dia da Família Real, com certeza já parou para pensar na seguinte pergunta: qual é o sobrenome da realeza? Com títulos de Príncipe para cá, de duquesa para lá, 'Vossa Majestade' aqui e ali, é difícil saber qual seria o nome completo de cada nobre. Mas será que a parentela mais famosa da Europa chega a ter um 'nome de família'? Ou, ao menos, precisa de um?
Os sobrenomes são um dos vários costumes essenciais para a vida humana. Calcula-se que, pelo menos, desde o século XII os 'nomes de família' já eram realidade entre os pequenos e grandes vilarejos. O que começou como identificação por parentesco ou naturalidade de uma região foi evoluindo até chegar nos nomes propriamente ditos. Mesmo nas histórias mais antigas esse fato é presente: Jesus Cristo de Nazaré (cidade ao norte de Israel), Alexandre III da Macedônia (ou Alexandre, O Grande) e Catarina de Aragão (Princesa espanhola e primeira esposa de Henrique VIII) são alguns dos vários exemplos de como os sobrenomes foram se popularizando ao decorrer dos anos.
Até chegarmos em um mundo em que Silva, Smith, Watanabe e Hernández são alguns dos nomes de família mais populares, levou tempo. O que 'começou' com grandes latifundiários e donos de feudos ao final da Idade Média adotando o segundo nome para diferenciarem-se do resto da sociedade e ali constituírem um grupo familiar separado, acabou se tornando uma prática mundial e absolutamente necessária. A herança do nome da mãe ou do pai é regra tão natural quanto a própria vida hoje.
Com a evolução do conceito e a popularidade da realeza ao redor do mundo — até que a Coroa Britânica virasse ícone pop na contemporaneidade —, a pergunta que não queria calar ficou focada exatamente nesse ponto: qual é o nome de família dos nobres ingleses?
É uma questão complexa, porque, na verdade, o nome completo dos participantes do alto escalão da Coroa não possuem um 'sobrenome'. Veja, por exemplo, William. O nome completo do filho mais velho de Charles e Diana — e herdeiro ao trono britânico é 'Sua Alteza Real William Arthur Phillip Louis'. O nome gigantesco e que honra outros nobres passados não contém, exatamente, um sobrenome propriamente dito. O que se tornou um 'problema' no mundo real, fora das paredes do Palácio; onde todos possuem primeiro nome, seguido de um sobrenome. Portanto, sendo filho do Príncipe e da Princesa de Gales (títulos oficiais de Charles e Diana na época de nascimento dos dois filhos), a 'gambiarra' para consertar o problema foi adotar o título dos pais como 'nome de família'.
Na escola, na faculdade e até no exército, William era chamado de William Wales (Wales é a versão original do que em português nomeamos 'Gales'). A situação era a mesma com o mais novo, Harry. Os títulos dos pais serviria muito bem como segundo nome, já que oficialmente nenhum dos dois possuía um. A situação só mudou após o casamento com Catherine Middleton, em 2011, quando William foi condecorado com o título de Duque de Cambridge, tornando esse, a partir de então, o sobrenome oficial da família.
Assim sendo, tanto George (10), quanto Charlotte (8) e Louis (5) são matriculados na escola com 'Cambridge' sendo seus sobrenomes.
Ainda que agora William não detenha mais o título de Duque de Cambridge, desde a ascensão de Charles ao trono, que o tornou o novo Príncipe de Gales, ao que tudo indica, o nome de família permaneceu o mesmo; ou seja, as crianças não tiveram seus nomes alterados na escola para 'Wales'.
A gambiarra de adotar o título dos pais como sobrenome dos filhos não é única a William: as Princesas Eugenie e Beatrice, filhas do Duque de York, levam 'York' como seus sobrenomes em suas respectivas carreiras profissionais.
A situação muda, entretanto, quando chegamos a Harry e Meghan. Apesar dos títulos de Duque e Duquesa de Sussex, os filhos Archie (4) e Lilibet (2) carregavam sim um sobrenome em seus documentos oficiais. Por não terem recebido os títulos de Príncipe e Princesa em seu nascimento, porque eram bisnetos da então monarca, estando geracionalmente 'muito longe' da Coroa, os dois receberam simplesmente o sobrenome oficial dos participantes da Família Real, que não possuem títulos: Mountbatten-Windsor.
Segundo o site oficial da Família Real, "Os descendentes [do/a monarca], além daqueles com o tratamento de 'Vossa Alteza' e o título de Príncipe/Princesa, ou descendentes femininas que casem [com alguém que possua os títulos], carregarão o sobrenome de Mountbatten-Windsor".
É necessário citar, entre tantas regras, que apesar dos filhos de Kate e William estarem igualmente 'distantes' da Rainha Elizabeth (que ocupava o trono na época dos nascimentos das crianças), receberam os títulos de Príncipe e Princesa porque eram filhos do primogênito do então Príncipe de Gales, Charles. Agora, com Charles III no comando, é possível que Archie e Lilibet recebam os devidos títulos, iguais aos dos primos — já que agora estão mais próximos geracionalmente à Coroa, por seu avô estar carregando-a. O que impede, no entanto, é a infinita desavença entre Harry e o resto da Família Real.
Portanto, sim, a Família Real possui um (ou alguns) sobrenomes. Em um mundo em que todos têm documentos a preencher e tarefas para serem realizadas, ninguém é diferente: nome e sobrenome, independente da classe social ou mesmo dos títulos reais, são essencialmente necessários; e nem mesmo a família mais famosa da Europa foge à regra.
*Com edição de Luís Alberto Nogueira