Os três personagens icônicos de Tom Hanks que tinham sido rejeitados pelo mesmo ator

Os dois artistas tiveram largadas bem diferentes na carreira. Tom Hanks demorou para embalar nos anos 1980, enquanto o segundo saiu da televisão para enfileirar um sucesso atrás do outro no cinema na década anterior mesmo - 'Carrie, A Estranha' (1976), 'Os Embalos de Sábado À Noite' (1977) e 'Grease' (1978). Travolta era a cara da Hollywood daqueles tempos, que tinha deixado a crise econômica para trás e se refestelava em campeões de bilheteria novamente. Era disputado a tapa por todo mundo - agentes, diretores e estúdios.

Já Hanks, naqueles tempos, tinha de amargar participações em séries de TV como 'O Barco do Amor', que ele considera o pior trabalho da sua carreira e pelo qual não gostaria de ser lembrado, até que conseguiu cavar seu espaço em comédias, românticas ou não, e assim ficou conhecido no meio.

A sua primeira grande chance em Hollywood veio com 'Splash - Uma Sereia em Minha Vida' (1983), oriundo de um rebote de Travolta, mais interessado no mesmo ano em fazer a continuação de triste memória 'Os Embalos de Sábado à Noite Continuam', com direção (veja só) de Sylvester Stallone. No filme de Hanks, com cheiro de 'Sessão da Tarde', ele faz o sujeito que se apaixona pelo ser mitológico que atraca em Nova York com as formas da musa Daryl Hannah.

Isso o impulsinou a vários outros projetos do mesmo gênero, porte e vibe - 'A Última Festa de Solteiro' (1984), 'O Homem do Sapato Vermelho' (1985), 'Um Dia a Casa Cai' (1986) até chegar a 'Quero Ser Grande' (1988), quando completa a metamorfose em astro de primeiro quilate da indústria cinematográfica - ali, inclusive, foi sua primeira indicação ao Oscar.

Corta para a década seguinte, onde os papéis dos dois atores agora foram invertidos. Tom Hanks era o maior astro do cinema e John Travolta vivia no descrédito e no ostracismo. Só que, por incrível que pareça os dois receberam a oferta para o mesmo papel por meio do diretor Robert Zemeckis: o de protagonista e testemunha acidental da história norte-americana no século 20 em 'Forrest Gump - O Contador de Histórias' (1994).

Como todo mundo sabe agora, o grande astro aceitou e quem estava por baixo por não. Tudo bem que foi por uma ótima causa que Travolta deu a resposta negativa: estava comprometido com Quentin Tarantino para interpretar Vince Vega em 'Pulp Fiction - Tempo de Violência', lançado naquele mesmo ano. Filme que marcou o renascimento da sua carreira.

Mas ainda assim ficou um sentimento agridoce.

Tom Hanks venceu o seu segundo Oscar de Melhor Ator (o primeiro havia sido exatamente um ano antes por 'Filadélfia') e quem estava concorrendo com ele? Sim, Travolta por 'Pulp Fiction'. Assista ao vídeo da entrega do prêmio abaixo.

"[Não me arrependo] porque não fiz algo que Tom Hanks acabou fazendo. Trabalhei em outra coisa que foi igualmente interessante ou divertida. Ou se decidi não fazer algo que Richard Gere aceitou, fiz algo igualmente bem. Mas me sinto bem com alguns papéis dos quais abri mão porque outras carreiras foram criadas. Estou satisfeito por poder compartilhar a riqueza", afirmou Travolta, em entrevista, na MTV, anos depois, sem perder a majestade.

O último dos três papéis que Travolta declinou e Hanks só teve que agradecer foi em outro filme de Ron Howard, o mesmo diretor, naquela época muito iniciante, de 'Splash'.

'Apollo 13 - Do Desastre ao Triunfo' (1995) reconstitui a missão frustrada da NASA à Lua, em 1970, capitaneada por Jim Lovell (Hanks). A produção também trazia Bill Paxton, Kevin Bacon, Ed Harris e Gary Sinise (seu companheiro de 'Forrest Gump').

Foi sucesso de bilheteria (arrecadou US$ 355 milhões no mundo todo, valor estratosférico para um drama, mesmo se passando no espaço) e teve nove indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme - levou dois, Melhor Som e Melhor Edição.

Enquanto isso, Travolta deu passos temerários para a sua carreira então recém-resgatada, muito longe daqueles que ele sabe tão bem fazer no twist ao lado de Uma Thurman em 'Pulp Fiction'. Enfileirou uma série de longas-metragens dos quais poucos se lembram - como 'Michael, Anjo e Sedutor' e 'Fenômeno, ambos de 1996, até finalmente acertar bem com 'A Outra Face' (1997), ao lado de Nicolas Cage.

Entre muitos altos e baixos de um (Travolta) e um caminho mais regular de outro (Hanks) ainda não tivemos o privilégio de ver o encontro das duas lendas no mesmo filme. Olha aí uma ideia que um cineasta como Tarantino - que adora fazer esse tipo de coisa - pode muito bem aproveitar.

A seguir, confira os trailers dos três filmes que John Travolta deixou passar para Tom Hanks.