Al Pacino é um dos maiores atores da história do cinema. São dezenas de papéis memoráveis dessa verdadeira lenda que completou 84 anos nesta quinta, dia 25 de abril. Vão de Michael Corleone, da trilogia 'O Poderoso Chefão' (1972, 1974 e 1990), ao assaltante desesperado de banco em 'Um Dia de Cão' (1975), passando por sua leitura do militar reformado e cego de 'Perfume de Mulher' (1992), responsável por lhe dar seu único Oscar na carreira - fato de dar até vergonha para a Academia de Artes Cinematográficas de Hollywood, que pelo menos conferiu ao artista nascido em Nova York outras oito indicações ao prêmio, a última por 'O Irlandês' (2019).
Claro que com tantos anos em atividade também aconteceram deslizes, com críticos e público torcendo o nariz para sua participação em bombas como 'Cada um Tem a Gêmea que Merece' (2011), ao lado de Adam Sandler, '88 Minutos - As Duas Faces da Lei' (2008), um thriller ordinário como ele só, 'Contato de Risco' (2003), produção que teve como único mérito fazer com que Jennifer Lopez e Ben Affleck se conhecessem, namorassem, separassem e fossem se casar tantos anos depois.
Nem mesmo Pacino escapou de ser indicado (e vencer) Framboesa de Ouro - o chamado Oscar dos piores - ele foi "homenageado" pelo Razzies cinco vezes, sendo que foi eleito Pior Ator Coadjuvante e levando metade da desonra de Pior Casal (a outra é de Sandler), em 2012.
Nem mesmo esses filmes são motivos de arrependimento para o astro, como ele mesmo já disse em entrevista ao jornal britânico 'The Independent'. "Não me arrependo de nada. Sinto que cometi o que pode ser chamado de erros. Escolhi o filme errado ou não procurei um personagem, mas tudo que você faz é parte de você e você acaba ganhando algo com isso. Ter a ideia e a emoção de estar nestas situações e lugares, são mais do que apenas memórias, elas mapeiam a sua vida", filosofou.
Porém, existe um filme que Al Pacino admite que arrepende de ter recusado. E não são os casos clássicos que todo mundo comenta - ficaram famosas as suas recusas para interpretar Han Solo, o anti-herói da saga 'Star Wars' eternizado por Harrison Ford, ou ainda para ser o par e salvador de Julia Roberts em 'Uma Linda Mulher'.
Trata-se de 'Cinzas no Paraíso' (1978), que coincidentemente também tem Richard Gere como herdeiro papel oferecido primeiro a ele, e é considerado o "filme mais bonito já feito" por conta da sua fotografia - nem sempre a Academia comete injustiças como fez com Pacino várias vezes e conferiu ao épico sobre a formação dos EUA o Oscar da categoria.
Também seria uma das poucas chances que Pacino teria para trabalhar com um dos diretores que mais admira, Terrence Malick. Após 'Cinzas no Paraíso', o cineasta ficou 20 anos sem lançar outro longa-metragem, até 'Além da Linha Vermelha' (1998). Depois desse longo hiato faria outros filmes, vários deles experimentais, mas sem a lenda como parte do elenco - o mais famoso é 'A Árvore da Vida', estrelado por Brad Pitt.
“Terry, há muito tempo, ediu para eu participar de um filme, e eu sempre quis ter voltado atrás. Esse é o principal do meu museu de erros, de todos os filmes que eu rejeitei", resumiu o ator
Nesta semana, Al Pacino - que também foi papai de novo há menos de um ano (ele tem mais três de outros relacionamento) e apareceu para apresentar o prêmio de Melhor Filme no Oscar de 2024 - mostrou que ainda não está fora do jogo e foi confirmado no elenco de mais um filme sobre exorcismo em Hollywood, 'The Ritual'.
Ainda tem outros sete trabalhos inéditos para serem lançados nos próximos anos. Se mais perto de Oscar do que de Razzies, só o tempo para dizer.
Confira abaixo o trailer do único filme que Al Pacino lamenta não ter feito nos seus 84 anos de vida e mais de cinco décadas de carreira, o belíssimo 'Cinzas no Paraíso, de Terrence Malick.