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Cenas de Drácula de Bram Stoker, Nós e O Albergue (Foto: Divulgação)

Cenas de Drácula de Bram Stoker, Nós e O Albergue (Foto: Divulgação)

Essa coisa chamada ser humano é bem complicada mesmo. Trata-se de uma criatura capaz de se divertir sentindo medo. A adrenalina dispara e vem aquela sensação de perigo que todo mundo conhece em várias cenas em que nos deparamos com fantasmas, assassinos psicopatas e toda sorte de criaturas que parecem ter saído dos bueiros mais profundos do inferno.

Uma explicação possível vem da ciência. Pesquisas acadêmicas apontaram o benefício de filmes de terror: ajudariam a controlar a ansiedade e até fariam bem para o sistema imunológico. Por isso, nunca é demais sugerir 10 filmes assustadores do gênero, cada um à sua maneira, de diferentes épocas, que estão disponíveis no acervo da Netflix. Bons sustos e bons sonhos depois (não vai se impressionar tanto assim, hein?)

Cena de Halloween - A Noite do Terror (Foto: Divulgação)

Cena de Halloween - A Noite do Terror (Foto: Divulgação)

1) Halloween – A Noite do Terror (1978)
Não é exagero. Estamos falando do ponto inicial do cinema de terror moderno. Para o bem e para o mal. Com um orçamento ridículo de 300 mil dólares, fez devagarzinho (não foi um hit logo na estreia) 47 milhões nas bilheterias. Tudo por conta da habilidade de John Carpenter, diretor, roteirista, produtor e compositor da hipnótica trilha sonora. Todo mundo depois imitou a fórmula barata (mas sem ficar necessariamente boa como o original) de um assassino mascarado passando a faca em adolescentes cheio de amor para dar. As sucessivas continuações (sem Carpenter na direção) também viraram pastiche, mas o reboot atual faz jus ao legado do serial killer Michael Myers. 

Cena de A Hora do Espanto (Foto: Divulgação)

Cena de A Hora do Espanto (Foto: Divulgação)

2) A Hora do Espanto (1985)
Um filme de vampiros espertíssimo com a cara dos anos 1980. Em certa medida, é uma antítese a 'Crepúsculo', que viria décadas depois. O vampirão (Chris Sarandon) exala sensualidade, as referências pop, especialmente à televisão, são muito bem posicionadas e o roteiro não se leva a sério em nenhum momento, trazendo adolescentes que espiam pela janela e desconfiam (com razão, essa é a novidade) do seu vizinho. Os efeitos especiais, hoje datados, mas impressionantes para a época, custaram mais de US$ 1 milhão e consumiram mais de 15% do orçamento total.

Cena de Drácula de Bram Stoker (Foto: Divulgação)

Cena de Drácula de Bram Stoker (Foto: Divulgação)

3) Drácula de Bram Stoker (1992)
Francis Ford Coppola sabia do tamanho do desafio. O livro 'Drácula' tinha sido alvo de uma grande disputa de direitos autorais nos primeiros tempos do cinema – 'Nosferatu' (1922), por exemplo, seria uma adaptação não-autorizada pela família de Bram Stoker, que acertaria contrato com os produtores da versão hollywoodiana estrelada por Bela Lugosi nos anos 1930. Pois bem, seis décadas depois, recebemos a encarnação mais fiel do Conde da Transilvânia, amaldiçoado pela vida eterna. O papel caiu como uma luva para Gary Oldman, uma exigência do diretor ao estúdio no nível que fez quando rodou ‘O Poderoso Chefão’. 

Cena de O Albergue (Foto: Divulgação)

Cena de O Albergue (Foto: Divulgação)

4) O Albergue (2005)
O filme de Eli Roth, amigo do peito de Quentin Tarantino e que se tornou inesquecível para os cinéfilos como o Urso Judeu de 'Bastados Inglórios', é para corações (e estômagos) fortes. Ajudou a popularizar essa tendência de terror gráfico, que sugere pouco e dá um banho de sangue cenográfico no cameraman e nos atores. Um grupo de mochileiros vai para o Leste Europeu pensando em se dar bem, são seduzidos e acabam virando lanche para predadores demasiadamente humanos. Legal pescar referências a clássicos no meio de tantas vísceras, como ‘O Iluminado’ – afinal, é feito por gente que foi rato de locadora.  

Cena de O Orfanato (Foto: Divulgação)

Cena de O Orfanato (Foto: Divulgação)

5) O Orfanato (2007)
Elegante produção espanhola que conta a história da mulher que se muda, junto do marido e do filho, para a casa do orfanato em que passou a infância. No entanto, o menino deixa a imaginação correr solta (será?) e passa a relatar coisas que a assustam. Pior, o corretor avisa que não dá para passar o imóvel para frente. ‘O Orfanato’, exibido no Festival de Cannes, recebeu uma ovação de 10 minutos, ficou em primeiro lugar nas bilheterias na Espanha, o seu país de origem, na frente de superproduções de Hollywood, e venceu sete prêmios Goya. 

Cena de A Bruxa (Foto: Divulgação)

Cena de A Bruxa (Foto: Divulgação)

6) A Bruxa (2015)
Impactante, denso, soturno. Esses são os adjetivos para classificar o longa-metragem de Robert Eggers, que se tornou imediatamente queridinho do cinema indie norte-americano. Ele nos leva à Nova Inglaterra, em 1630, para a vida de uma comunidade de colonos assombrados pela perspectiva carola e misógina de bruxas por toda a parte. E acaba fechando no núcleo familiar centrado na menina vivida por Anya Taylor-Joy (depois desabrochou como estrela em ‘O Gambito da Rainha’). Com um final de cair o queixo, destaque para a fotografia aproveitando da luz natural – Kubrick com seu ‘Barry Lyndon’ ficaria orgulhoso.

Cena de Corrente do Mal (Foto: Divulgação)

Cena de Corrente do Mal (Foto: Divulgação)

7) Corrente do Mal (2015)
Sexo e terror são irmãos. Em geral, principalmente nos slasher movies, quem transa assinou sua sentença de morte. Mas nesse brilhante filme de David Robert Mitchell as coisas são um pouco diferentes: o espírito - entidade, monstro, chame do que quiser – é transmitido como um vírus e, se você não “passá-lo para frente”, será a próxima vítima. A ideia inovadora veio de um pesadelo recorrente do diretor. Várias noites pessimamente dormidas valeram a pena, com prêmios em festivais internacionais e um faturamento de US$ 21 milhões nos cinemas – pagou fácil a conta.

Cena de A Visita (Foto: Divulgação)

Cena de A Visita (Foto: Divulgação)

8) A Visita (2015)
Pode esperar. Um filme de M. Night Shyamalan, diretor que fez fama e fortuna com ‘O Sexto Sentido’, vai ter um final daqueles de cair da cadeira. Por isso, vamos tomar o máximo de cuidado possível para não entregar o dessa história de dois netinhos que vão passar férias com os avós e estranham o comportamento deles. Foi uma volta às origens do cineasta, que fez o seu filme de menor orçamento (e mais criativo) em uma década. Detalhe: ele não precisou fazer aquele cameo à lá Hitchcock (aparição diretor como figurante, espécie de "assinatura") característico. 

Cena de Invasão Zumbi (Foto: Divulgação)

Cena de Invasão Zumbi (Foto: Divulgação)

9) Invasão Zumbi (2016)
Hoje, a Coreia do Sul está com tudo no cinema, fenômeno que culminou com o triunfo recente de ‘Parasita’ no Oscar. Mas eles também sabem fazer filme de terror de primeiro nível. ‘Invasão Zumbi’ subverte e melhora consideravelmente a fórmula que gerou tantos sucessos recentes em Hollywood no cinema e na TV. Um vírus (que transforma todo mundo em zumbi, é claro) assola o país e um grupo isolado em um trem luta para sobreviver. De acordo com Edgar Wright, diretor da paródia ‘Todo Mundo Quase Morto’ e cinéfilo de carteirinha, “esse é o melhor filme de zumbi já foi produzido”. E sem zoeira.

Cena de Nós (Foto: Divulgação)

Cena de Nós (Foto: Divulgação)

10) Nós (2019)
Jordan Peele é o cara do terror hoje. Suas histórias macabras são alegorias sobre dramas bem reais dos EUA, como desigualdade e racismo. Em ‘Corra!’, ele já tinha ido fundo, mas aqui dá mais um passo para representar a polarização da sociedade com a história da família que vai passar férias na praia e se tromba com seus duplos. No liquidificador de referências de Peele, cabe tudo: ‘Sexta-Feira 13’, ‘Voltar a Morrer’, ‘Looney Tunes’, ‘Violência Gratuita’ e até ‘Perdidos no Espaço’. Isso sem falar da performance de Lupita Nyong'o, uma das melhores atrizes da sua geração.