• Gisele Alquas
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Miriam Leitão (Foto: Bruna Guerra)

Miriam Leitão no Prêmio Viva (Foto: Bruna Guerra)

A jornalista Míriam Leitão uma das homenageadas do Prêmio Viva — Pela Vida de Todas as Mulheres, iniciativa da Marie Claire com o Instituto Avon, que aconteceu nesta segunda-feira (25), na Sala São Paulo. Chamada ao palco pela equipe de editoras da revista, Míriam se emocionou com a reverência do público e, em seu discurso, relembrou a época em que foi torturada durante a ditadura militar. 

"Naquele dia (em que foi capturada pelos militares enquanto estava na praia no início da década de 1970 ) eu só queria tomar um sol. Teve vários momentos difíceis, colocaram arma na minha cabeça e falaram que poderiam me matar e que nada me protegeria. Estava dentro do quartel do exército. Foi quando tive a convicção mais profunda de que não há nada sem democracia. Estava grávida do meu filho Vladmir. Quando saí da prisão, o médico me disse que ele não iria nascer, ou que iria nascer com sequelas. E fui atrás de outro médico para ter uma notícia boa. Vladmir está aí, é um filho maravilhoso", emocionou-se Míriam.

"Estou muito feliz de ganhar esse prêmio porque esta talvez seja minha causa mais antiga. Desde a adolescência estou nessa estrada de defesa dos direitos da mulher. Então hoje, quando vejo retrocessos tão absurdos, estar nesse prêmio me deixa muito feliz. A noite está linda por causa da diversidade. Vemos muitos negros, mulheres de atividades e áreas diferentes. O futuro é isso: o avanço dos direitos de mulheres e negros, a proteção da Amazônia. Todo o resto é retrocesso", afirmou ela.

A jornalista também lamenta o fato de o país ainda ter autoridades que defendem a ditadura e a tortura e teses homofóbicas. "Parece que tudo que sonhei virou pesadelo", lamentou.

A primeira edição do Prêmio Viva ocorreu em 2018 e homenageou Maria da Penha e Elza Soares. A premiação consagra lideranças que fomentam ações que combatem a violência contra a mulher.