• Redação Marie Claire
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Jornalistas Yesenia Falconi e Sheila Johana García foram mortas depois de terem denunciado supostas irregularidades na polícia (Foto: Reprodução/Twitter/@jjsolisher)

Jornalistas Yesenia Falconi e Sheila Johana García foram mortas depois de terem denunciado supostas irregularidades na polícia (Foto: Reprodução/Twitter/@jjsolisher)

Um dos suspeitos de ter participado do assassinato das jornalistas mexicanas Yesenia Falconi e Sheila Johana García no último dia 9 de maio foi preso nesta terça-feira (17). Antonio de Jesús, conhecido como "El Mara", foi detido pelas autoridades policiais do estado de Veracruz, no México.

A Procuradoria Geral do Estado de Veracruz (FGE) anunciou a prisão por meio de um comunicado oficial, onde detalhou que as forças policiais contaram com o auxílio da Coordenação Nacional de Combate ao Sequestro (CONASE) nas investigações.

"Antonio de Jesús, conhecido como 'El Mara', foi detido pelo suposto crime de homicídio doloso qualificado cometido contra a diretora do portal Veraz, Yesenia Mollinedo Falconi e a repórter Sheila Johana García Olvera", dizia trecho do comunicado.

O governador de Veracruz, Cuitláhuac García, parabenizou as autoridades pela atuação no caso. "Parabenizo o CONASE e a Procuradoria Geral do Estado porque informaram, há poucos momentos, que um dos supostos autores do assassinato dos dois integrantes de um meio eletrônico foi preso", disse em entrevista coletiva.

Agora, "El Mara" irá se apresentar a um juiz de instrução para prestar depoimento e então, será decidido se irá responder judicialmente pelo crime.

Segundo dados da ONG Artigo 19, desde que o presidente Andrés Manuel López Obrador chegou ao poder em dezembro de 2018, houve 1.945 ataques contra a imprensa no país, incluindo 33 assassinatos e dois desaparecimentos. Apenas neste ano, com o assassinato de Mollinedo e García, foram 11 jornalistas mortos.

'El Mara' foi detido por ser suspeito de ter participação na morte das jornalistas Yesenia Falconi e Sheila Johana García (Foto: FGE Veracruz)

'El Mara' foi detido por ser suspeito de ter participação na morte das jornalistas Yesenia Falconi e Sheila Johana García (Foto: FGE Veracruz)

No entanto, a Secretaria de Segurança do Governo do México só reconhece nove casos este ano, com 19 supostos autores detidos ou procurados e 16 vinculados a processos criminais.

De acordo com a organização internacional Repórteres sem Fronteiras (RSF), o presidente López Obrador se destaca por sua retórica violenta e estigmatizante  contra a imprensa, que deriva da violação de dados pessoais, a destinar uma seção em suas conferências para desacreditar meios de comunicação e comunicadores críticos de seu governo  (a quem qualificou de “tendencioso”, “injusto”, “mercenários”, entre outros adjetivos).

Relembre o caso

Yesenia Falconi e Sheila Johana García, jornalistas do portal Veraz foram vítimas de disparos de arma de fogo quando estavam do lado de fora de uma loja de conveniência na cidade de Cosoleacaque, no México, no dia 9 de maio. Homens armados se aproximaram do veículo onde estavam e atiraram à queima-roupa.

Antes do crime, Yesenia já havia denunciado possíveis irregularidades na polícia mexicana. Sheila morreu no local, enquanto Yesenia chegou a ser levada para um hospital, mas não resistiu.

Após o crime, em entrevista ao portal Infobae, Aurora Falconi, mãe de Yesenia, revelou que sua filha já havia recebido algumas ameaças há um ano e também foi perseguida por alguns homens 15 dias antes de seu assassinato.

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"Em algumas ocasiões Yesenia levantou a ineficiência das polícias do governo estadual e das corporações policiais de Veracruz, que eram cúmplices dos criminosos. revelou que havia total impunidade para atuar à sombra do crime e elas (Yesenia e Sheila) começaram a receber ameaças que diziam 'retire os vídeos do ar ou vamos quebrar sua mãe'", disse.

Também ao Infobae, o governador Jiménez afirmou que as autoridades trabalham com quatro linhas de investigação: uma ligada ao trabalho jornalístico da vítima, duas relacionadas a provas coletadas no local do crime e uma quarta que está relacionada a alguns áudios de aplicativos que ligam Yesenia ao crime organizado.

“Claro que foram levados em conta os áudios que a mesma vítima teria dirigido a outras pessoas e que já circulam publicamente, bem como qualquer indício que leve a esclarecer o facto e a encontrar os responsáveis”.