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Maria Ressa e Dmitry Muratov, vencedores do Nobel da Paz (Foto: Getty Images e reprodução de internet )

Maria Ressa e Dmitry Muratov, vencedores do Nobel da Paz (Foto: Getty Images e reprodução de internet )

O prêmio Nobel da Paz foi concedido à jornalista filipina Maria Ressa e ao jornalista russo Dmitry Andreyevich Muratov "por seus esforços em defender a liberdade de expressão, que é uma condição para preservar a democracia e manter a paz", declarou o Comitê Norueguês na manhã desta sexta-feira (8) em Oslo, capital do país.

O comitê destacou também a importância de proteger e defender o que chamaram de direitos fundamentais, referindo-se à liberdade de expressão e à imprensa livre "essenciais para a manutenção de sociedades democraticas e para previnir conflitos". Citou também o combate às fake news e manipulação da opinião pública. 

Sobre Maria Ressa, foi destacado "seu trabalho jornalístico corajoso e excepcional nas mais difíceis circunstâncias". Aos 58 anos, a jornalista nascida em Manila, nas Filipinas, passou 20 anos como repórter investigativa no Sudeste Asiático e é cofundadora do site de notícias Rappler. Suas críticas às redes sociais e distribuição de notícias falsas também foi apontado pelo comitê.

O Rappler falou do reconhecimento sem precedentes do trabalho jornalístico e lembrou que Maria é a primeira filipina a ganhar um Nobel. Ressa tem sido alvo de ataques por causa da cobertura crítica de sua organização de mídia em relação à administração do presidente Rodrigo Duterte e por sua importância na luta global contra a desinformação.

Em 2022, Maria publicará o livro How to Stand up to a Dictador (como enfrentar um ditador, em tradução livre). Ela afirma ser "catártico procurar soluções para um problema que enfrentamos. A inspiração aparece em tantos rostos e lugares". Na rede social ela se descreve como idealista, cética e pragmática. 

Dmitry tem 59 anos e é editor do Novaya Gazeta, jornal crítico ao poder russo e que denuncia a corrupção e violência policial no país governado por  Vladmir Putin

Maria Ressa e Dmitri Muratov, vencedores do Nobel da Paz em 2021 (Foto: Reprodução / Instagram )

Maria Ressa e Dmitri Muratov, vencedores do Nobel da Paz em 2021 (Foto: Reprodução / Instagram )

Uma das premiações mais prestigiadas do mundo, o Nobel da Paz é um dos seis prêmios criados por Alfred Nobel em 1895 para reconhecer o trabalho “dos maiores benfeitores da humanidade.” O Programa Mundial de Alimentos da ONU ganhou em 2020 por seus esforços no combate à fome, principalmente em regiões de conflito. A maior organização humanitária do mundo recebeu o prêmio de US$ 1 milhão.

Em 120 anos, o prêmio foi dado a apenas 18 mulheres, sendo cinco europeias, cinco africanas, quatro asiáticas, três estadunidenses e uma da Guatemala. Dessas, uma se assumia como lésbica, a ativista, socióloga e feminista Jane Addams, que ganhou em 1931. Dos 39 nomes mais cotados pela casa de apostas australiana Ladbrokes para a premiação de 2021, seis eram de mulheres. Os demais se dividiam entre homens e organizações.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) ocupava o primeiro lugar da lista, com uma chance em 2,25 de vencer, graças à atuação em campanhas mundiais de vacinação contra covid-19. Em seguida, estava o ativista, advogado e político russo Alexei Navalny, com uma chance em 3,5, em consideração ao seu trabalho na Fundação Anticorrupção. Depois, o grupo Black Lives Matter aparecia com uma chance em 9, por conta da luta a favor dos direitos civis da população negra e contra a violência direcionada ao mesmo grupo.

Jacinda Ardern, Greta Thunberg e Svetlana Tikhanovskaya (Foto: Reprodução Instagram)

Jacinda Ardern, Greta Thunberg e Svetlana Tikhanovskaya foram apontadas como possíveis vencedoras (Foto: Reprodução Instagram)

Outros nomes apontados como fortes concorrentes ao Nobel da Paz foram: a ativista ambiental sueca Greta Thunberg, a primeira-ministra neozelandesa Jacinda Ardern, a ativista e política bielorussa Svetlana Tikhanovskaya, a chanceler alemã Angela Merkel, a organização Repórteres sem Fronteiras, o presidente estadunidense Joe Biden, a deputada federal estadunidense Alexandria Ocasio-Cortez e o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

Em um ano marcado por uma pandemia global e crise ambiental, 329 candidatos compuseram a lista do Nobel da Paz, o terceiro maior número de sua história. Anualmente, o Comitê pede sugestões de nomes a antigos laureados, acadêmicos, cientistas e políticos. O apanhado é mantido em segredo e será revelado em 50 anos, mas, um levantamento feito pela agência Reuters revelou que as ativistas Greta Thunberg, Svetlana Tikhanovskaya e Alexei Navalny estavam na lista.