• Laura Reif
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Kelly Key (Foto: Divulgação )

Kelly Key (Foto: Divulgação )

Aos 38 anos de idade, Kelly Key tem o rosto e o nome conhecidos por todo o Brasil há mais de 20 anos. Dona de hits como Baba, Adoleta, Sou a Barbie Girl, Cachorrinho (e muitos outros!), a artista fez a cabeça de muitas crianças e adolescentes nos anos 2000. Era praticamente impossível ligar o rádio sem se deparar com sua voz. No ano em que Baba completa 20 anos, conversamos com a cantora sobre a carreira, nova fase durante a transição capilar, tratamentos de saúde, o casamento de 17 anos com o empresário Mico Freitas e mais. Confira:

MARIE CLAIRE Você está falando com a gente do salão de beleza. Podemos esperar por alguma mudança nos fios?
KELLY KEY
 Estou aqui para fazer umas fotos para uma campanha. Na verdade, estou com o cabelo em construção. Então estou me readaptando, porque estou há dois anos restabelecendo os meus fios. Ao longo desse processo de deixar crescer novamente, eu percebi que o meu cabelo estava desestruturado e sempre foi alisado sem eu saber. Esse processo é um pouco chato, é difícil. Hoje estou numa fase completamente diferente, então posso abusar um pouco mais das mechas loiras, por exemplo, porque meu cabelo já está tratado. Agora, meu cabelo está ganhando corpo, ganhando forma.

MC E como é essa rotina de beleza para você?
KK
 Eu não sou o que as pessoas imaginam, de gostar de frequentar salão, essas coisas. Eu gosto de fazer as coisas casa! Fico querendo produzir, andar para lá e para cá, não consigo ficar muito tepo sentada só curtindo a vibe.

MC Você está fazendo diversos tratamentos de saúde agora. Como foi a descoberta da psoríase, intolerância à lactose e glúten?
KK 
Na verdade, eu descobri que tive covid depois de uma crise de psoríase muito exagerada, na qual mais de 50% do meu corpo foi tomado por lesões. Não sabia o que estava acontecendo comigo. Em dezembro fiz uma bateria de exames para entender qual seria o gatinho para que a doença se desenvolvesse tanto assim e foi quando descobri que tinha anticorpos da covid. E que também sou intolerante a glúten e lactose. Olha isso. Parece que aconteceu tudo ao mesmo tempo comigo. Comecei o uso de imunossupressores e sinto muitos efeitos colaterais, como cansaço, enfraquecimento das unhas, enjôos...

MC E como foi esse baque?
KK 
Tenho uma forma de ver muito curiosa. Eu sou grata por passar por isso com tanta estrutura e bem acompanhada e por poder compartilhar minha história de vitória com as pessoas. Pouco antes, tinha passado por um câncer de pele, me curei, e essa é mais uma oportunidade de compartilhar com as pessoas essas histórias de vitória. Com a psoríase esperei que as lesões melhorassem para poder compartilhar, de fato, uma história de vitória, não de tratamento.

Kelly Key (Foto: Divulgação )

Kelly Key (Foto: Divulgação )

MC Acho que não tem ninguém no Brasil que não saiba quem é Kelly Key e, esse ano, Baba completou 20 anos. Conta pra gente como foi sua trajetória de sucesso, o que te marcou, como o mundo mudou dos anos 2000 até hoje.
KK
 Quando comecei a trabalhar fazia as minhas músicas, que são autorais, que eram pedaços dos meus diários. Queria transformá-los em música. Quando lancei a música, que começaram a me ouvir, fui criticada como toda mulher, infelizmente, é até hoje. Mas eu nem sabia o que era empoderamento, não fazíamos ideia que o feminismo viraria o movimento que virou. Eu fui classificada como vulgar, fútil - e ainda na minha adolescência, eu tinha 18 anos. Não foi fácil.

MC E como é olhar para todo esse caminho hoje?
KK 
É muito bom ver o que construí lá atrás. Quando fiz um álbum comemorativo de 20 anos fui abordada de uma forma tão simpática. É interessante quando me colocam nesse lugar de pioneira, da pessoa que marcou uma geração. Acho que a real noção só cai tempos depois. É muito maior do que ter uma música em primeiro lugar ou fazer vários shows. Vai além da música, é sua vida. É ir à luta para trabalhar, para sustentar um filho. Virar referência nesse aspecto dá uma importância muito maior do que uma música tocar e tudo mais.

MC Sua primeira filha, Suzana, veio logo que que você começou a fazer esse sucesso. Além da enorme semelhança física entre vocês, no que mais vocês são parecidas?
KK
 Sim! Ela tem 21 anos. Eu me vejo muito nela. Principalmente quando ela quer produzir e ganhar o próprio dinheiro. Ela sempre foi assim, desdes muito novinha. Com 15 anos ela queria maquiar as amigas para ganhar o próprio dinheiro e eu sempre fui assim. Não tenho uma história triste para contar, mas sempre quis batalhar por mim, me dediquei muito ao meu trabalho, sempre fui muito responsável. Vejo isso na Suzana. Ela é muito nova e muito responsável.

MC No seu canal no YouTube você e o Mico falam bastante sobre o dia a dia e sobre a relação de vocês, até na intimidade. Como está sendo o casamento agora na pandemia?
KK
 Meu canal me permite uma linguagem muito mais liberal. Estou com meu marido, compartilhando nossas experiências de vida, não é somo se só estivesse, sozinha, falando sobre sexo, por exemplo. E a gente conversa muito, tem muito diálogo. Porque eu acho que estar junto é uma escolha. Nossa parceria é o que faz dar certo.

Começamos a fazer terapia juntos para enfrentar os novos desafios da vida ainda mais conectados. Sinceramente, a gente deveria ter começado antes. Mas não é aquela coisa de 'ah... A pandemia, né? Estão com problemas". Não! Eu também tinha um certo preconceito com terapia, mas sempre tive curiosidade. Para não começar sozinha, achei que valia uma terapia para os dois. É a melhor coisa, é maravilhoso. Economiza um desgaste do dia a dia. Por mais que a gente já se conheça, afinal são 20 anos juntos, foi uma nova oportunidade de ouvir o outro em completo silêncio e, acima de tudo, com o coração aberto. Quando um casal briga, cada um defende sua ideia sem estar muito aberto para ouvir o que o outro tem a dizer. Numa terapia você olha de outra forma, de outro lugar.